Capítulo 2

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Desço as escadas enquanto desbloqueio o celular e mando uma mensagem para Jeno. Depois de ir até sua casa semana passada e descobrir o motivo do sumiço — estava em uma viagem com o pai e não levou carregador, como se não existissem lojas de eletrônicos — perguntei se ele conseguia me dar carona até o curso hoje, nosso carro está no conserto e como a previsão era chuva não queria correr o risco de ir apé. Mas como isso foi a uma semana atrás achei melhor mandar uma mensagem relembrando.

— Filha, tem um cara buzinando aí fora— minha mãe grita ao olhar pela janela da sala.

— É o Jeno — aviso guardando o celular e seguindo pra a porta — ele vai me dar carona já que está chuviscando.

— Que bom. Venha direto pra casa depois do curso, está bem? — ela diz antes de depositar um beijo em minha testa e me entregar um casaco — Vai esfriar.

— Tá bem, até mais! — fecho a porta e sigo até o carro estacionado do outro lado da rua.

— Trouxe tudo pra apresentação? — ele pergunta antes mesmo de eu entrar no carro.

— Sim, o Mark vai levar o violão dele. Como foram os ensaios com a Kelly? Ainda não sei como você saiu vivo dessa.

— Bom, digamos que fizemos um acordo, eu saía vivo e ela não ficava sem nota.

Tentei não rir de seu comentário mas foi impossível, Kelly é simplesmente insuportável, mas foi a única dupla que sobrou pra Jeno.

Fomos até o prédio do curso conversando sobre como seriam as outras apresentações, mas pude perceber que Jeno não parecia muito animado com nada disso, acho que algo aconteceu, e quando ele disse que queria conversar comigo depois do curso tive a certeza disso.

Tentei arrancar o assunto no caminho, mas não tive muito sucesso.

As apresentações já eram em nossa primeira aula, então eu me voluntariei para ser a primeira a apresentar, recebendo o olhar mortal de Mark em minha direção assim que eu fiz isso, mas se tem algo que aprendi sendo a primeira é que não preciso ficar comparando o trabalho dos outros ao meu pois ainda não teve nenhum.

Eu e Mark fomos até a frente da sala e começamos, ele tocando o violão e eu cantando, pude perceber o olhar atento da professora sobre nós, o que tendia a me deixar nervosa nos primeiros dias, mas acabei me acostumando agora.

Mas se a encarar por muito tempo, erro a letra com certeza.

Assim que terminamos alguns alunos nos parabenizam com aplausos, e então a professora começa o que parece um interrogatório.

— Vocês que compuseram a música?

—Ahn... Sim, eu fiz a letra e o Mark a melodia — digo ainda com o microfone em mãos, nessas apresentações eles tendem a juntar todas as turmas da mesma área, o que gera uma boa quantidade de pessoas então precisávamos utilizar o auditório, o que também requere um microfone para todos ouvirem.

— Prepararam tudo nessa semana?— ela pergunta enquanto anota algo numa prancheta.

— A letra eu fiz alguns anos atrás, e a melodia fizemos semana passada.

— Já escreveram outras músicas?

Não tenho uma resposta imediata, não sabia ao certo se deveria dizer, havia feito outras duas mas não estavam tão boas, uma nem estava acabada.

— Eu não, já toquei muitas mas nunca fiz uma — Mark responde ao ver que eu não iria me prontificar.

A professora assentiu e esperou minha resposta, na qual eu ainda estava pensando. Tenho medo de dizer que sim e ela me pedir para mostrar, e medo de dizer não e ela acreditar que essa foi só uma "sorte de principiante" e achar que não tenho potencial.

A day in July - CHAELISAOnde histórias criam vida. Descubra agora