Capítulo 11

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Há meia hora eu tento ao máximo fechar os olhos e ser consumida pelo sono que tanto desejo.

Mas é impossível quando há quatro garotas tagarelando ao seu lado.

— Vamos jogar alguma coisa — Jennie diz como se tivesse acabado de ter a ideia mais brilhante do mundo, e foi aí que percebi que a noite estava perdida.

— Não temos nenhum jogo de tabuleiro aqui — Jisoo a lembra, e por um momento tive esperança de que a ideia seria refutada com sucesso.

— Não precisamos de tabuleiro, há vários jogos que não precisam de um.

Bufo contra o travesseiro.

— Eu espero que você não esteja pensando em verdade ou desafio — Lisa diz em tom ameaçador — não estamos no nono ano.

— Nem venha bancar a adulta, só diz isso pelo o que ocorreu com Minnie da última vez — ela responde no mesmo tom, mas parece se arrepender logo em seguida pelo silêncio que se instala. Levanto a cabeça do travesseiro para me deparar com as três se encarando.

— Quem é Minnie? — Miyeon pergunta, me poupando do ato.

Lisa atravessa o quarto, se sentando no meio do chão em frente a Jennie.

— Uma ex amiga — ela diz tentando soar casual, mas o silêncio anterior já deixou claro que é um assunto delicado.

— Certo, vamos logo.

Miyeon desce de sua cama e se junta a elas no chão, seguida por Jisoo e — após muita insistência — por mim.

— Certo, que tal nos conhecermos melhor já que temos algumas integrantes novas? — Jennie propõe se referindo à mim e Miyeon, e as garotas concordam — então essa é minha ideia para começar, cada uma pega um objeto que representa algo importante para nós, e explicamos o porquê.

Jisoo a olha com uma cara de "qual o motivo disso?"

— É só para passar o tempo! — ela responde à pergunta não feita.

— Poderíamos passar o tempo dormindo... — digo já querendo me arrastar para a cama novamente.

— Peguem logo.

Concordo contra vontade e me levanto para pegar o tal objeto. E é quando percebo que não sei o que pegar.

Não sou tão apegada a coisas. Digo, sou sim, mas não que elas representem algo importante para mim.

Talvez o microfone que minha irmã me deu? Com certeza é um presente e tanto, e eu o adorei, representa algo para mim.

Vou até a estante ao lado de minha cama para pegá-lo e assim que o tiro da embalagem vejo a pequena caixa retangular ao lado, que abriga nada mais que um pedaço de papel.

O pedaço de papel.

Decido pegá-la também.

Ao voltar para meu lugar, percebo que havia pegado dois objetos, mas havia três em minhas mãos.

Eu nem precisava ter levantado, ele estava ali o tempo todo. Ele sempre está ali.

— Quem começa? — Jennie pergunta ao que todas as garotas já voltaram.

Miyeon levanta a mão, e a atenção das garotas é direcionada a ela.

— Não sei bem se era isso que Jennie quis dizer, mas trouxe isso — ela levanta a mão que segura uma corrente tão fina e prateada que chega a brilhar. Um pequeno pingente de cereja também prateado está pendurado — Quando criança havia algumas cerejeiras na rua da minha avó, e eu era simplesmemte viciada, tanto que ela me apelidou de cereijinha, e sempre que ia em sua casa ela fazia todo tipo de sobremesa de cereja que podia inventar — O sorriso em seu rosto enfraquece um pouco, de acordo com as lembranças em sua mente — esse foi o último presente que ela me deu. Também de cereja, para variar.

A day in July - CHAELISAOnde histórias criam vida. Descubra agora