Capítulo 15

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Rayner


Eu vasculhei cada canto do leito marinho, arranquei algas levantei pedras, mas foi inútil. Precisei retornar ao hotel de bolsos vazios.

"Nenhuma sorte hoje, Rayner?" Perguntou o senhor Wolfgang quando me viu chegar.

Eu balancei a cabeça e fui direto para o quarto, até me esqueci de caçar um peixe como pagamento pela hospedagem, não conseguia nem pensar direito. O senhor Wolfgang já nem tentava fazer piadas para tentar me animar.

Assim que entrei no quarto eu fechei a porta e fui verificar o príncipe Rickett. Ele ainda estava do mesmo jeito em que o deixei: deitado em uma banheira improvisada de água salina, respirando raso e com dificuldade.

"Peço perdão, meu príncipe, não consegui encontrar nenhuma anêmona." Eu sentei ao lado da banheira e pressionei a mão em sua testa. Estava queimando de febre. "Precisamos trocar sua água, vou trazer alguns baldes de água gelada."

"Não... por favor, não me deixa..." Ele segurou firme o pingente de escama vermelha em seu pescoço. Eu nem conseguia dizer se estava acordado ou alucinando.

Na dúvida eu atendi seu desejo e fiquei ali com ele. Um humano já teria morrido há muito tempo, mesmo dentro daquela banheira o príncipe não resistiria, era um milagre que ainda conseguisse falar.

Eu retirei a navalha do bolso no meu casaco e observei a lâmina, tão afiada que refletia meu rosto exausto. Não queria precisar fazer isso, eu chorava só de imaginar.

Príncipe Rickett entreabriu os olhos e sorriu pra mim. Ele não precisava dizer nada, nós dois já sabíamos que o momento estava chegando.

E então alguém bateu na porta do quarto.

"Não é um bom momento, senhor Wolfgang." Eu guardei a navalha e sequei as lágrimas no meu rosto.

"Vocês têm visita, rapazes. O garoto disse que é uma emergência." Disse o senhor Wolfgang do outro lado.

Visita? Eu me levantei, abri a porta e não acreditei em quem estava do outro lado.

Cinnamon. O filho do General Cordelen realmente estava ali, de braços cruzados e o mesmo rosto azedo de sempre.

"Que surpresa é essa na sua cara, Rayner? Pensou mesmo que um incrível Amalona como eu falharia em uma missão tão simples?" Disse ele, extremamente encabulado.

Atrás dele vinha chegando uma mulher loira, aliás, uma sereia, se o meu olfato não me enganava. Ela estava empurrando uma maca com a ajuda de um tritão e do senhor Wolfgang.

"E então, onde está o paciente? Saiam do caminho, vocês dois." Ela me empurrou para o lado enquanto vestia luvas de borracha e entrou no quarto. "Taimen, vai buscar a pescoceira e o respirador na ambulância. Canadense peludo, precisamos de toalhas, um cobertor grosso e dez baldes de água salina."

O tritão e o senhor Wolfgang correram para obedecer a suas ordens.

O que estava havendo? Eu permaneci confuso e sem reação enquanto a sereia desconhecida andava para cima e para baixo com cara de quem sabia exatamente o que estava fazendo. Em poucos segundos o príncipe Rickett estava imobilizado na maca, sendo empurrado para dentro de uma ambulância.

Quem era aquela sereia? Uma inimiga, com certeza. Os olhos verdes a denunciavam como uma Makaira, talvez até mesmo uma princesa do reino inimigo. Seria correto confiar nela? Por que uma inimiga estaria nos ajudando?

O Arauto da Destruição [AMOSTRA]Onde histórias criam vida. Descubra agora