Capítulo 23

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Yun


Apesar do sol intenso lá fora Egarikena amanheceu sombria.

Os soldados desertaram, nossa muralha desapareceu, nenhum sinal do líder de inteligência Édrilan... Eu esperava que ao menos o General Fran retornasse ao lar, seria uma pena desperdiçar a forca que eu montei especialmente para ele.

Papillon já não estava na cama quando acordei, eu não sabia dizer se ele madrugou de novo ou se nem chegou a dormir, ele trabalhava sem parar na esperança de solucionar os dramas do reino e era devastador vê-lo tão cansado.

Em outros tempos eu o ajudaria de todas as formas possíveis, mas o volume na minha barriga era nossa maior prioridade. Papillon não queria que eu me arriscasse de nenhuma forma, eu era um bonequinho de porcelana a ser mimado e protegido.

Mesmo assim eu precisava auxiliá-lo, não porque o reino era mais importante que nosso pequeno Hudien, mas porque o cansaço do Papillon me preocupava. O talento dele como governante era inexistente e ainda assim ele se esforçava mais do que nossos súditos idiotas mereciam.

Eu desci as escadarias e fui até a sala do trono, mas apenas o faxineiro estava ali, polindo o piso de cristal.

"Kelpin, onde está meu alfa?" Eu perguntei.

"Shane e Byron compareceram mais cedo, suponho que o Rei Papillon esteja com eles na sala de reuniões."

Eu arqueei a testa, curioso. Shane desconhecia o significado de acordar cedo, e geralmente suas visitas ao palácio eram dirigidas a mim.

"Agradeço, Kelpin."

"Já tiveram notícias do Oráculo?" Perguntou ele.

"Você ouviu algum pronunciamento nosso sobre ele?" Eu afinei meus olhos.

"Ahm... não... mas tantos tritões sentiram sua presença. Pessoalmente eu não estava no mar naquele momento, mas não pode ter sido uma ilusão coletiva."

"Quando nós tivermos um posicionamento oficial você ficará sabendo junto ao resto do povo. Um rei não deve perder tempo com especulações infundadas."

Kelpin torceu a boca com desgosto mal disfarçado e continuou esfregando o chão. Foda-se que ele me odiasse, por culpa do maldito reino dos tritões o meu predestinado estava sempre estressado quando deveria estar feliz, planejando a chegada do nosso filho.

Flamulando meu longo quimono vermelho a cada passo, eu atravessei os salões reais e entrei na sala de reuniões. Papillon realmente estava lá com Shane e Byron, os três sorriram quando cheguei, especialmente o Shane.

"Yun! Nossa, cara, sua barriga tá ainda maior!" Ele levantou de sua cadeira na mesa oval e veio me abraçar.

"Você diz isso sempre que nos vemos, Shane." Eu o abracei e cumprimentei Byron com um breve aceno antes de me sentar à mesa com eles. "Vocês caíram da cama ou o quê? Vou mandar o Kelpin trazer uns biscoitos."

"O Byron precisa abrir a peixaria daqui a pouco, não podemos demorar." Disse Shane.

"Shane queria visita-los ao final da tarde justamente para não perder seus biscoitos, mas receio que este seja um assunto urgente." Disse Byron.

"Mais urgente do que o sumiço das nossas defesas e a traição suicida do nosso próprio exército?" Eu ri, sarcástico.

"Sim." Respondeu Byron.

Eu olhei para Papillon. A gravidade em seus olhos fez um calafrio de medo percorrer meus ossos.

"Que desgraça aconteceu, desta vez?" Eu perguntei.

O Arauto da Destruição [AMOSTRA]Onde histórias criam vida. Descubra agora