Capítulo 11

393 61 10
                                    

Eu ficaria de castigo. Ah, pelo amor dos oceanos, eu nunca fui castigado na minha vida, mas também nunca decepcionei as expectativas dos meus pais. Com alguma sorte eles não perceberiam a minha ausência, mas a possibilidade era inferior a 2%. No que eu estava pensando quando roubei o snowmobile?

Dirigir o snowmobile até o pesqueiro foi bastante simples. Eu o estacionei próximo a um depósito de cargas e fechei bem o cachecol por cima do rosto. O frio matinal de Laguna Byrr era cruel, especialmente próximo à laguna em si.

Novamente eu precisei sair desarmado, não havia escolha já que deixei minhas espadas em Roori. Os pescadores recém começavam a equipar seus barcos com redes e arpões de pesca, todos eles me encarando estranho e cochichando entre si. As muitas garças e gaivotas grasnavam sem parar, competindo pelas tripas dos primeiros peixes.

Eu segui pela beira da água até o canto mais sombrio e abandonado do pesqueiro. Dentro de um galpão velho havia uma única pessoa com capuz e um longo casaco preto. Qualquer tritão sensato já teria fugido correndo, mas a postura do encapuzado denunciava sua identidade.

Eu me escondi com ele nas sombras.

"Qual o motivo de sua mensagem, Rhomim Solveig?" Eu perguntei.

"Você é um filhote bem direto." Rhomim tirou o capuz. "Estou surpreso que tenha sido você a aparecer, não o julguei como um garoto rebelde."

"Uma carta enviada por um cachorro, que decisão mais estúpida. Faz ideia de tudo o que poderia sair errado com o seu plano? Porque posso elaborar uma lista com centenas de desfechos dramáticos. O senhor é um perigo para si mesmo."

"O que importa é que funcionou. Você não era a ajuda que eu tinha em mente, mas vou considerá-la uma agradável surpresa."

"Não tenho intenção de te ajudar."

Rhomim sorriu e me jogou uma coisinha metálica, que eu peguei no ar. Era uma chave com o chaveiro de uma famosa marca de iates dos humanos. Havia um código atrás do chaveiro.

"Este código é o número de identificação do meu iate, e também a senha para acessar o computador de bordo. O iate é um modelo novo que foi comprado digamos que... no mercado alternativo. Não tem registro no exército do império e, portanto, é indetectável pelos radares de ambos os reinos."

"O senhor está me dando um barco contrabandeado?"

"É um empréstimo, ou pode ser um presente se recompensas lhe servem de incentivo. O iate será necessário para mantê-lo seguro em sua busca pelo príncipe Rickett."

Eu olhei pra chave, embasbacado. Aquele cara era louco? Ele sabia com o que estava brincando? Eu poderia ser um espião, ou simplesmente alguém leal ao Arquiduque. Rhomim era uma criança brincando com dinamite, mas seria ele imprudente ou corajoso? Um Amalona decente seria rápido em classifica-lo como um completo idiota.

"Se o príncipe Rickett realmente sobreviveu então ele sabe que está sendo caçado. Encontrar um selkie perdido no oceano já seria difícil o suficiente, mas um selkie que não quer ser encontrado? É impossível." Eu disse.

"Entendo... talvez eu esteja pedindo demais." Rhomim suspirou, vestindo novamente seu capuz. "Meu barco será abastecido com todos os suprimentos necessários para sua jornada e transferido para o porto de Roori no prazo de três dias."

"Eu acabei de dizer que é impossível! Senhor Rhomim, faça um favor a si mesmo e esqueça o Rickett, está lidando com algo muito maior do que aparenta ser."

"E não estamos todos? Fique com o barco, de qualquer forma. Poderá fazer turismo com ele no futuro, para tentar se esquecer daquela vez que podia ter feito algo e não fez."

O Arauto da Destruição [AMOSTRA]Onde histórias criam vida. Descubra agora