Capítulo 05

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Levi


Eu corri de volta para o mestre. Ele estava caído, segurando o ferimento no pescoço.

"Mestre, aguenta firme!" Eu puxei o mestre até a poça no canto da cela e forcei toda a minha energia, mas não conseguia fazer brilhar. Eu me esforcei muito, muito mesmo, até o meu nariz sangrar de novo, mas era impossível. Magia de cura não funcionava nas terras de gelo.

O mestre Daoshin segurou minha mão.

"Esqueça, Levi, é tarde demais para este velho..." Ele tossiu com fraqueza.

"Não é tarde demais! Eu sei curar, consegui tão fácil da primeira vez, só preciso..."

"Levi... escute... proteja a Safira do Oráculo... ela é uma parte de você... apenas juntos você e ela... mudarão o oceano..."

Minhas lágrimas pingaram no rosto do mestre. Eu solucei e tremi, me odiando por ser tão fraco.

"Eu vou protegê-la, mestre. Mas primeiro vou usá-la para te curar." Eu engatinhei até o tijolo frouxo, peguei a joia e a coloquei no pescoço. "Não se preocupe, eu vou..."

Quando voltei a olhar para o mestre ele já estava morto.

"Mestre Daoshin..." Eu me encolhi ao seu lado e chorei, chorei... até sentir um terremoto vibrando o chão e também o teto.

Alarmado, eu me levantei num salto e me segurei na parede. A sirene ainda tocava ao longe e agora eu também ouvia sons distantes de explosões. A cada estouro o chão tremia mais, pedaços do teto começavam a esfarelar.

Aquele calabouço ficava no subsolo, se tudo desabasse eu iria morrer! Mas o que eu podia fazer?? Ah, a porta da cela estava aberta.

"Eu prometo que vou mudar o oceano, mestre. Seja lá o que isso signifique." Eu fechei as pálpebras do mestre, beijei-lhe o rosto e corri para fora.

O corredor já estava coberto de escombros, pedaços cada vez maiores do teto continuavam a despencar. Meu primeiro instinto foi correr para as escadas, mas então eu olhei para o lado oposto. A porta de ferro sem janela no final do corredor...

Era loucura, mas eu não podia abandonar aquele cara. Eu levantei um dos pedregulhos e golpeei o cadeado daquela porta com toda a força. Depois golpeei de novo, estourei a pedra na corrente até os estalos metálicos doerem nos meus ouvidos. Eu ainda estava esgotado pelo experimento de antes, mas não podia desistir.

Outra explosão distante. O eco reverberou por todo o teto e derrubou pedras enormes, uma delas bem ao meu lado. A escada já estava quase bloqueada e era tarde demais para eu buscar o molho de chaves.

Eu gritei com o esforço e bati a pedra com tudo o que havia em mim. O cadeado finalmente estourou, destrancando a porta.

Ofegante, eu entrei e logo me assustei com o quanto era escuro. A iluminação das celas vinha do corredor e naquele lugar não havia nenhuma abertura. Gotas geladas pingavam constantemente no chão de pedra e o ar era estagnado, meio fétido, era difícil respirar.

Eu escancarei a porta para conseguir enxergar. Havia alguém dormindo de bruços no chão, vestido apenas com trapos na cintura. Chegando mais perto notei que não estava dormindo e sim quase inconsciente, com ferimentos por todo o corpo.

"Quem faria uma coisa dessas?" Eu me agachei diante dele e o sacudi. Ele estava congelando. "Ei, ei, cara da última cela! Consegue levantar?"

Ele estava fraco demais para responder, e a parte mais triste era que ele devia ser tão bonito sem tantos machucados. As costas eram largas e o cabelo enorme e branco, tão comprido que devia chegar aos joelhos.

O Arauto da Destruição [AMOSTRA]Onde histórias criam vida. Descubra agora