Capítulo 06

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Boas notícias, eu escapei de ser soterrado vivo; Péssimas notícias, eu saí do castelo e fui parar em um filme de apocalipse.

Sério, como raios a minha vidinha de estudante se transformou naquela desgraça? Demorou pra cair a ficha, mas os homens de farda verde eram tritões e eles estavam atacando os selkies com tridentes, o que era uma ideia bastante imbecil. Um único selkie com um fuzil conseguia exterminar os tritões às dúzias, mas então um dos tritões arremessava uma mochila com explosivos e arrebentava dez selkies de uma vez. A neve do chão estava mais vermelha do que branca.

Apesar de ser noite o fogo do incêndio mantinha iluminado o entorno do castelo. A luz me deixava muito exposto, mesmo assim eu precisava me manter perto do fogo para não congelar. O frio noturno do Polo Norte seria fatal e isso que eu ainda tinha meu velho casaco de pele, o cara nas minhas costas perdeu o único trapo que vestia quando mudou de forma.

Eu me escorei ao longo da parede e precisei desviar de um selkie em chamas que se jogou de uma janela do castelo. Nossa, se eu contasse metade dessas histórias para o Papai Hian ele me colocaria na terapia pelo resto da vida.

"A sereia negra, onde foi parar? Tenho certeza que vi fugir!" Disse Ripple, enquanto recarregava a munição do rifle.

"Tenente Ripple, acho que vi uma coisa." Disse um soldado próximo.

"Apenas uma coisa, soldado Roscoe? Então além de imbecil você é cego!" Disse Ripple. Sua voz arrepiava até meus ossos.

"É sério, Tenente. Um menino de cabelos pretos carregando um selkie ferido, não pareciam ser soldados."

Ai, merda.

Eu já não tinha força nas pernas, mas continuei correndo para longe da batalha e, consequentemente, para longe do fogo. Ficar despido no calabouço de gelo não era nada perto daquele frio, pelo menos no calabouço não havia vento.

Batendo os dentes e os joelhos eu abri caminho pela neve, cada vez mais preocupado com o cara inconsciente. Por algum motivo eu me aterrorizava com a ideia de não conseguir salvá-lo.

Enquanto eu avançava descalço pela neve cada vez mais funda uma lembrança retornou à minha mente. O último dia em que vi o Rayner, quando aqueles tritões me capturaram. O tritão mais velho também havia mencionado um irmão... seria coincidência?

Não importava. Ou eu salvaria a nós dois, ou a nenhum de nós.

Eu tentei dar mais um passo e acabei caindo. Minhas pernas haviam congelado e eu ainda nem podia ver uma cidade, ou o mar, nada. Havia apenas neve, montanhas de gelo e o castelo em chamas ruindo atrás de nós.

"Foi aqui que os viu?" Perguntou Ripple, muito próximo.

"Sim, Tenente. Este deve ser o rastro de pegadas."

Droga! E agora? A neve era tão alta que nos ocultava totalmente, exceto pelas malditas pegadas! Por que eu não fui mais esperto? Pelo menos próximo ao fogo não havia pegadas para nos denunciar.

Eu retirei meu casaco e cobri o cara misterioso. Ele estava tão frio, mas não era como se ele estivesse morto, não ainda.

O facho de uma lanterna passou sobre nós. A qualquer momento terminaria tudo.

"Ei, vovô Ripple!" Alguém gritou, correndo até ele. "Vovô Ripple, meu quarto está pegando fogo!"

"Doppler? Por que você... pff... claro que você precisou fugir, ah estes malditos rabos de escama... Pelo menos conseguiu escapar bem agasalhado."

"Sim, vovô, o oráculo bonitinho me ajudou a fugir."

"Ah, é? E onde está este oráculo? Eu preciso... agradecê-lo."

O Arauto da Destruição [AMOSTRA]Onde histórias criam vida. Descubra agora