40- dono no morro ?

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-João Phelipe

— São — ela fala e eu passo as mãos na cabeça

— Por que você não me contou ? — eu pergunto

— Por que você quer relembrar o passado Phelipe ? Deixa isso pra lá — ela fala

— Eu não estou relembrando o passado, o passado está em mim, e eu quero saber...— eu falo 

— A psicóloga...— ela fala meio receosa — Lembra daquele dia quando você tinha uns onze anos, e eu te levei pra um lugar que você achou que fosse uma entrevista de futebol ? — ela pergunta e eu assinto — Eu tinha te levado em uma consulta com a psicóloga — ela fala

— Mas por que ? — eu pergunto

— Por causa disso Phelipe! Porque dês da morte do seu pai você não suporta falar dele — ela fala e eu cerro os punhos —  Você se tornou uma pessoa machucada... e eu não te contei porque a psicóloga tinha me dito pra não contar sobre a pessoa que matou seu pai, porque você poderia fazer escolhas erradas — ela fala 

Eu me levanto

— Phelipe! — minha mãe me chama mas eu ignoro, não consigo mas falar sobre isso.

Eu saio de casa, eu não quero pensar nisso, não agora.

Eu não encontro os meninos na rua então deduzo que eles devem ter entrado na casa da Gabriela.

Eu entro lá com a minha pior cara, pois na real eu não estou com cabeça pra nada hoje.

Eu vejo a Gabriela sentada no sofá com uma sacola na cabeça assistindo série.

— Ta com fome ? — ela pergunta zombando da minha cara

— Não enche Gabriela, cadê a cambada ? — eu pergunto

— As meninas foram buscar sorvete e os meninos estão correndo por ai — ela fala e eu assinto virando as costas — João espera! —ela fala 

Eu estou tentando o máximo não olhar pra ela mas tá difícil.

— Que é ? — eu pergunto

— Eu que te pergunto, você está mais estranho que o normal — ela fala

— Me deixa! Você não tem nada a ver com isso, vai lá com seu namoradinho Vitor — eu falo

— Tá, vai lá com a sua namoradinha Jessica! Ela é uma graça — ela fala e eu não entendo, mas continuo o barraco

— É uma graça né ? Quer ser madrinha do nosso casamento Maria sacola ? — eu pergunto sendo irônico 

— Quer saber João ? Não precisa fazer nada, esquece o desafio de ontem, esquece os momentos em que eu fui legal com você, porque de verdade eu não te suporto — ela fala cruzando os braços

— Pode pá eu já não ia fazer mesmo — eu falo saindo da casa dela. 

Não dá pra achar essa mina legal não, oh garota barraqueira eu só fui perguntar dos gamba e ela faz show.

-Gabriela

Eu bufo de raiva assim que o João sai, sério, ele já era insuportável mas agora ele está dez vezes pior.

Eu começo a lixar minhas unhas, elas estão horrorosas.

— Amiga chegamos — eu ouço a voz da Giulia

— Eai, alguém vai ter que ir fazer a comida porque eu não vou — eu falo

— Ta folgada em — a Giulia fala

— Você não pelo o amor de Deus, não que sua comida seja ruim, mas...— eu falo

— Eu faço — a Clara fala

— Já vai casar, tem que ser treinada — eu falo

— Vou ajudar ela — a Amanda fala

— Eu faço o suco — a Giulia fala e as três vão pra cozinha.

-João Phelipe

Estou a caminho do morro vermelho, eu quero saber sobre o maluco que matou meu pai, e agora que eu sei que ele é de lá eu não vou descansar.

Eu pedalo até lá com a minha bike e já chego na pequena comunidade, onde tem muitas pessoas andando pra todo lado. 

Eu nem sei por quem procurar.

Eu me aproximo de um barzinho 

— Opa! — eu falo e ele me olha — Você conhecia ou já ouviu falar de um tal de Rogério Camargo ?— eu pergunto

— O Rogérinho ? Ah esse cara era um grande amigo ajudava todo mundo aqui — ele fala

— Como assim ? Ele morava aqui ? — eu pergunto

— Sim, até que ele se casou com uma mulher lá do morro branco e ele se mudou pra lá, foi uma pena pra todos — ele fala 

— Ele era tão conhecido assim ? — eu pergunto

— Ele era o dono daqui pô, aquele cara era história, até que ele se casou com a mulher lá e deixou o cargo, foi pique namoro proibido  — ele fala

— Por que namoro proibido ? — eu pergunto

— O morro branco era inimigo pô, ninguém podia se envolver com gente de lá não, se não era morto — ele fala

Se pá foi por isso que mataram ele

— Você sabe quem fazia essas coisas ? tipo, ia matar ? — eu pergunto

— Porque você está interessado nesse assunto ? — ele pergunta

— Por nada jão eu só quero saber, é trabalho da...facul — eu falo

— Quer um conselho ? Não se mete nisso não, se não vai dar treta — ele fala

— O que você está fazendo aqui ? — eu me viro pra trás me encontrando com o Guilherme

— Fica em paz que eu já tô vazando — eu falo passando por ele que estava de braços cruzados

Eu pego minha bike e saio de lá com os pensamentos longes, tudo isso que eu descobri vão me levar ao maluco que fez isso.



Eu e você (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora