- João Phelipe
Já é tarde da noite e eu permaneço no mesmo lugar.
Tenho certeza que tudo teria sido diferente se eu tivesse quebrado o orgulho e ido conversar com a Gabriela.Essa garota me quebra e só de pensar em viver sem ela tudo em mim se desconcerta.
Já faz horas que o Pedro saiu daqui, o sol nem está brilhando mais e as estrelas tomaram seu lugar.
As drogas que o Mark havia me dado joguei tudo no mar depois do Pedro ter saído, meu pai com certeza estaria decepcionado comigo em me ver nessa situação.
Aliás, o motivo de eu não querer ir embora é por ele, depois da Daniela ter me falado aquelas coisas isso mexeu muito comigo e o que já estava bagunçado ficou pior.
Mas eu sinto que aqui, bem em frente a esse mar, nesse lugar, eu estou perto dele.
— Como eu gostaria que o senhor estivesse aqui pai, sua ausência me trouxe de volta a orfandade... — digo a mim mesmo e pela a primeira vez depois de muitos anos, eu começo a chorar...
Me levanto chorando e entro na água, só pra me sentir seguro de alguma forma.
As lágrimas se misturam com a água salgada do mar e assim eu fico.Além da vez que eu fui separado do meu irmão no orfanato, não me lembro de ter chorado durante a minha vida inteira até aqui, mas hoje, meu corpo escolheu desabar!
Eu sempre achei que eu deveria ser homem o suficiente pra não chorar, mas na verdade eu vim carregando esse fardo mentiroso até aqui.
— João! — ouço alguém me gritar
Eu não me movo, só finjo que não vejo pois não quero que ninguém me veja chorando, pra mim ainda é algo difícil.
— João! — ouço novamente, mas dessa vez mais próximo
Me viro pra trás e vejo... A Gabriela, ela está tirando seu tênis pra entrar no mar, mas antes que ela entre eu vou até ela.
Saio com a roupa toda molhada
— O que você quer ? — pergunto
Ela corre até mim e me abraça. Mesmo com as roupas molhadas ela me abraça forte, como se soubesse exatamente o que eu sinto , e eu retribuo.
— Nunca mais faça isso, por favor — ela me solta chorando
— Pra que se preocupar se você tem o Igor — falo
— Eu nunca gostei dele — ela continua chorando — Meu coração sempre foi seu
— Então porque levou ele aquele dia ? Você não sabe o quanto eu fiquei louco — falo me irritando
— João eu só vim porque me preocupo com você, mas se for pra gente começar a brigar, eu vou embora — ela vira as costas e vai andando
— Por favor, não vai — eu falo e ela volta — Eu não aguento mais ver as pessoas irem embora, eu não posso deixar você ir também. Quando meu pai se foi, eu senti um vácuo dentro de mim e aceitei conviver com a dor, mas com você é demais pra mim...
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Eu e você (Concluído)
DragosteGabriela Santos de Oliveira uma garota carioca e birrenta que sempre faz de tudo pra se proteger e ganhar. Ela vai estudar em São Paulo e acaba trombando com um garoto Paulista totalmente igual a ela, e ao mesmo tempo oposto e por causa disso eles a...