-João Phelipe
Eu chego no morro vermelho tomando cuidado pra não ser barrado.
— Opa! — eu me aproximo de uma mulher —Você sabe quem é o dono daqui ? Tipo, quem é o líder desse morro ? — eu pergunto
— Não posso te informar, não tenho permissão para dizer —ela fala
— É que é algo muito importante, não tem ninguém aqui com que eu possa conversar ?— eu pergunto
— Faz o seguinte — ela fala se aproximando — Vem amanhã nesse mesmo horário, eu vou falar com o chefe — ela fala
— Pode pá, valeu — eu falo e ela pisca
Eu viro as costas e vou embora de lá.
Eu subo o morro e vou logo pra casa do Cadu.
— Fala ai menó — o Cadu fala depois de ter aberto o portão
— Acabei de voltar do morro vermelho — eu falo entrando
— Como assim ? — ele pergunta
Nós entramos na casa dele e nos sentamos no sofá
— Explica isso — o Cadu fala
— Lembra daquele dia que o Guilherme brotou aqui fazendo show por causa do pipa dele ? — eu pergunto
— Lembro — ele fala
— Ele tinha dito que eu iria acabar igual o meu pai, só que o Guilherme não sabia de nada sobre o meu pai, pelo menos era o que eu achava, e eu conversei com a dona Regina e ela confessou que aqueles caras mascarados vieram do morro vermelho — eu falo
— Então você foi lá no morro vermelho procurar o cara ? — o Cadu pergunta
— Exato — eu falo
— Talvez seja por isso mesmo que sua mãe não te contou — ele fala
— Eu tô ligado — eu falo
— E o que você vai fazer quando encontrar o cara ? — ele pergunta
— Bater nele até ele morrer — eu falo
— Mano você acha que vai ser isso que vai acontecer ? O cara vai apontar uma arma pra você e se pá te deixa escapar — ele fala
— Então eu preciso de uma arma — eu falo
— Para de loucura Phelipe! Não tem como enfrentar alguém com a mesma força que você, os dois acabariam levando tiro — ele fala negando com a cabeça —Você é cheio dessas de agir por impulso, para com isso cara, esquece isso —ele fala
— Pra você é fácil né, não foi seu pai que morreu — eu falo
— Não tô falando isso cara, só estou querendo dizer que não vale a pena — ele fala
— Eu vou voltar lá amanhã, vou falar com o tal "Chefe", eu descobrir quem foi e vou resolver isso — eu falo
— Cara não vai, o cara que fez isso deve ser das linhagens de bandido mano, sai dessa pô — o Cadu fala
— Olha Cadu eu vou fazer, e só vou sair dessa quando eu ver de perto — eu falo
— Beleza faz o que você quiser — ele fala erguendo as mãos — Agora mudando de assunto, me fala ai quais são seus planos pro futuro com a Gaby ? comparado ao que você me contou eu pensei que vocês já estariam namorando —ele fala
— Cê tá ligado que eu não penso muito no futuro, eu gosto da Gaby na real, mas é que com ela as coisas são diferentes sabe ? Você sabe que eu só namorei uma vez e foi na adolescência, então eu não sei muito sobre... e quando eu pedi a Cauanne em namoro foi algo muito ridículo e inocente, eu tinha só quinze anos eu nem sabia o que era ter algo sério, mas hoje as coisas são diferentes tá ligado ? —eu falo
— Você cresceu e amadureceu pô, e de verdade eu não vejo impedimentos pra vocês ficarem juntos, na real você devia ir falar com ela, tipo agora — o Cadu fala
— Falar o que zé ? — eu pergunto
— O que você sente por ela né — ele fala
— Eu não, e nem é pra tanto né, nós só ficamos uma vez eu não vou chegar me declarando pra mina né, e eu nem sou disso — eu falo
— Ah mas o "ficar" de vocês foi bem mais complexo do que o "ficar" normal — o Cadu fala
— Cala boca — eu falo jogando uma almofada nele e ele ri
— Mas falando sério cara, não há o que temer — ele fala
— É que eu tenho medo de machucar ela tá ligado ? Eu sou muito idiota as vezes, e se a gente já briga sendo amigos imagina namorando, Deus me livre — eu falo e ele ri
— Isso é verdade, mas não custa tentar né, o amor muda — ele fala
— Vamos parar de falar disso porque eu já estou virando doce de algodão — eu falo
— É algodão doce mané — ele fala
— Doce de algodão — eu falo
— Temos que concertar isso, não tem como você conseguir uma namorada falando tudo errado — ele fala
— Se eu quiser chamar de doce de algodão eu vou chamar de doce de algodão — eu falo
— Oi meninos — tia Rosa fala chegando com várias sacolas
— Eai tia, trouxe o que pra gente ? — eu pergunto
— Sai mané — o Cadu fala
— Trouxe ingredientes pro almoço — ela fala
— Vai fazer o que ? — o Cadu pergunta
— Vou fazer uma lasanha — ela fala
— Deixa pra fazer no jantar, eu tenho que trabalhar daqui a pouco — eu falo
— Folgado em — o Cadu fala e a dona Rosa ri
— Pode deixar que eu vou guardar um pedaço pra você — a dona Rosa fala
— Caramba tia Rosa você é uma Rosa mesmo em — eu falo
— Mas cuidado que rosas tem espinhos — o Cadu fala e sua mãe olha feio pra ele —Tô só zoando —o Cadu fala
— Bom, é melhor eu começar logo — a dona Rosa fala indo pra cozinha
— Vou vazar, tenho que trampar daqui a pouco — eu falo batendo na mão do Cadu
— Falô, boa sorte no trabalho com a Gabriela — ele fala
— Cala a boca — eu falo e ele ri
O Cadu me leva até o portão e eu atravesso pra minha casa.
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Eu e você (Concluído)
RomanceGabriela Santos de Oliveira uma garota carioca e birrenta que sempre faz de tudo pra se proteger e ganhar. Ela vai estudar em São Paulo e acaba trombando com um garoto Paulista totalmente igual a ela, e ao mesmo tempo oposto e por causa disso eles a...