44- Morro Vermelho

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-João Phelipe

Eu chego no morro vermelho tomando cuidado pra não ser barrado.

— Opa! — eu me aproximo de uma mulher —Você sabe quem é o dono daqui ? Tipo, quem é o líder desse morro ? — eu pergunto

— Não posso te informar, não tenho permissão para dizer —ela fala

— É que é algo muito importante, não tem ninguém aqui com que eu possa conversar ?— eu pergunto

— Faz o seguinte — ela fala se aproximando — Vem amanhã nesse mesmo horário, eu vou falar com o chefe — ela fala

— Pode pá, valeu — eu falo e ela pisca

Eu viro as costas e vou embora de lá.

Eu subo o morro e vou logo pra casa do Cadu.

— Fala ai menó —  o Cadu fala depois de ter aberto o portão

— Acabei de voltar do morro vermelho  — eu falo entrando 

— Como assim ? — ele pergunta

Nós entramos na casa dele e nos sentamos no sofá

— Explica isso — o Cadu fala

— Lembra daquele dia que o Guilherme brotou aqui fazendo show por causa do pipa dele ? — eu pergunto

— Lembro — ele fala

— Ele tinha dito que eu iria acabar igual o meu pai, só que o Guilherme não sabia de nada sobre o meu pai, pelo menos era o que eu achava, e eu conversei com a dona Regina e ela confessou que aqueles caras mascarados vieram do morro vermelho — eu falo

— Então você foi lá no morro vermelho procurar o cara ? — o Cadu pergunta

— Exato — eu falo

— Talvez seja por isso mesmo que sua mãe não te contou — ele fala

— Eu tô ligado — eu falo

— E o que você vai fazer quando encontrar o cara ? — ele pergunta

— Bater nele até ele morrer — eu falo

— Mano você acha que vai ser isso que vai acontecer ? O cara vai apontar uma arma pra você e se pá te deixa escapar — ele fala

— Então eu preciso de uma arma — eu falo

— Para de loucura Phelipe! Não tem como enfrentar alguém com a mesma força que você, os dois acabariam levando tiro — ele fala negando com a cabeça —Você é cheio dessas de agir por impulso, para com isso cara, esquece isso —ele fala

— Pra você é fácil né, não foi seu pai que morreu — eu falo 

— Não tô falando isso cara, só estou querendo dizer que não vale a pena — ele fala

— Eu vou voltar lá amanhã, vou falar com o tal "Chefe", eu descobrir quem foi e vou resolver isso — eu falo

— Cara não vai, o cara que fez isso deve ser das linhagens de bandido mano, sai dessa pô — o Cadu fala 

— Olha Cadu eu vou fazer, e só vou sair dessa quando eu ver de perto — eu falo

— Beleza faz o que você quiser — ele fala erguendo as mãos — Agora mudando de assunto, me fala ai quais são seus planos pro futuro com a Gaby ? comparado ao que você me contou eu pensei que vocês já estariam namorando —ele fala

— Cê tá ligado que eu não penso muito no futuro, eu gosto da Gaby na real, mas é que com ela as coisas são diferentes sabe ? Você sabe que eu só namorei uma vez e foi na adolescência, então eu não sei muito sobre... e quando eu pedi a Cauanne em namoro foi algo muito ridículo e inocente, eu tinha só quinze anos eu nem sabia o que era ter algo sério, mas hoje as coisas são diferentes tá ligado ? —eu falo

— Você cresceu e amadureceu pô, e de verdade eu não vejo impedimentos pra vocês ficarem juntos, na real você devia ir falar com ela, tipo agora — o Cadu fala

— Falar o que zé ? — eu pergunto 

— O que você sente por ela né — ele fala

— Eu não, e nem é pra tanto né, nós só ficamos uma vez eu não vou chegar me declarando pra mina né, e eu nem sou disso — eu falo

— Ah mas o "ficar" de vocês foi bem mais complexo do que o "ficar" normal — o Cadu fala

— Cala boca — eu falo jogando uma almofada nele e ele ri 

— Mas falando sério cara, não há o que temer — ele fala

— É que eu tenho medo de machucar ela tá ligado ? Eu sou muito idiota as vezes, e se a gente já briga sendo amigos imagina namorando, Deus me livre — eu falo e ele ri

— Isso é verdade, mas não custa tentar né, o amor muda — ele fala

— Vamos parar de falar disso porque eu já estou virando doce de algodão — eu falo

— É algodão doce mané — ele fala

— Doce de algodão — eu falo

— Temos que concertar isso, não tem como você conseguir uma namorada falando tudo errado — ele fala

— Se eu quiser chamar de doce de algodão eu vou chamar de doce de algodão — eu falo

— Oi meninos — tia Rosa fala chegando com várias sacolas

— Eai tia, trouxe o que pra gente ? — eu pergunto

— Sai mané — o Cadu fala

— Trouxe ingredientes pro almoço — ela fala 

— Vai fazer o que ? — o Cadu pergunta

— Vou fazer uma lasanha — ela fala

— Deixa pra fazer no jantar, eu tenho que trabalhar daqui a pouco — eu falo

— Folgado em — o Cadu fala e a dona Rosa ri

— Pode deixar que eu vou guardar um pedaço pra você — a dona Rosa fala

— Caramba tia Rosa você é uma Rosa mesmo em — eu falo

— Mas cuidado que rosas tem espinhos — o Cadu fala e sua mãe olha feio pra ele —Tô só zoando —o Cadu fala

— Bom, é melhor eu começar logo — a dona Rosa fala indo pra cozinha

— Vou vazar, tenho que trampar daqui a pouco — eu falo batendo na mão do Cadu

— Falô, boa sorte no trabalho com a Gabriela — ele fala 

— Cala a boca — eu falo e ele ri

O Cadu me leva até o portão e eu atravesso pra minha casa.



Eu e você (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora