87. - Cochilinho

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- Gabriela

Eu ajudei a dona Regina com o almoço, enquanto o João Phelipe limpava a casa na força do ódio pois ele foi obrigado por sua mãe.

— Você está bem ? Depois de ontem ? — ela pergunta

— Sim estou, só fiquei preocupada com o João, foi até difícil pegar no sono — eu falo

— Eu nunca tinha o visto daquele jeito, o Phelipe é bravo mas ontem ele estava o próprio satanás! — ela fala e eu dou risada

— Ele realmente estava diferente — eu falo enquanto tempero a carne

— Acho que as coisas se misturaram — ela fala negando com a cabeça

— Como assim ? — eu pergunto

— Você sabe que o João Phelipe passou por muitas coisas quando era criança, ele fazia acompanhamento com uma psicóloga, e ela sempre dizia que tudo aquilo que ele estava passando era demais pra uma criança... — ela fala

— Eu imagino, ver seu próprio pai sendo baleado na sua frente é demais até pra um adulto — eu falo

— Mas não foi só por isso que ele passou, também teve o processo da adoção dele, mas graças a Deus o João não liga muito pra isso, ele nunca ligou pelo o fato dele ser adotado — ela fala

— Que bom né — eu falo

— Mas ele foi muito prejudicado, eu tinha medo dele crescer com algum trauma, mas como a psicóloga tinha dito, ele cresceu com um trauma um pouco diferente, ele guarda tudo pra ele — ela fala

— É complicado — eu falo

— Ele ainda está em acompanhamento com a psicóloga — ela sussurra

— Como assim ? — eu pergunto

— Phelipe não gosta disso, mas eu quero muito que ele converse com ela, ele tem mania de guardar tudo pra ele, por isso ele é assim — ela fala

— Então a senhora está fazendo isso sem ele saber ? — eu pergunto

— É o jeito, ele é orgulhoso, acha que não precisa de ajuda pra nada, por favor, não conta pra ele — ela fala

— Sogra, eu não quero esconder nada dele — eu falo

— Por favor, você sabe como o Phelipe é, ele nunca aceitaria isso, eu sei que eu não deveria ter te contado mas as vezes as coisas escapam — ela fala

Eu suspiro.

— Tudo bem, eu não vou contar — eu falo

— Contar o que ? — o João entra na cozinha

Eu olho pra dona Regina que disfarça na hora.

— Contar o segredo da comida maravilhosa da sua mãe, pros meus pais — eu minto.

Eu odeio ter que mentir, eu queria voltar no tempo e tampar meus ouvidos.

— Ata, pensei que dona Regina já estava te contando segredos contra mim — ele fala vindo por trás de mim dando selinhos no meu pescoço.

Eu e você (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora