"Ela estava confiando nele o bastante, e isso poderia libertá-los."
Hero's P.O.V.
Ela pediu-me para que eu fosse criativo ao chamá-la para sair, então escolhi um evento formal de exposição de obras de arte. Obras que eu provavelmente não saberia como apreciar, mas Mercy gosta desta exposição, então decidi trazer Josephine também.
Estamos saindo há uns dois meses e ela já tem meu coração.
Ah, a quem quero enganar? Ela já o tem há muito mais tempo.
Fui buscá-la em sua casa por volta das 17h30, vestindo meu smoking preto normalzinho, mas o qual eu tinha um apreço.
Bati à sua porta e ela a abriu minutos depois, me deixando embasbacado com sua beleza estonteante.
Estava com um vestido branco decotado até um pouco abaixo de seus seios, com poucas lantejoulas no contorno do bojo e uma fenda até um pouco acima da metade de suas coxas. Suas sandálias eram pretas de salto alto 12 grosso e vestia um casaco que não me parecia muito quente por cima do vestido.
Seus cabelos caiam em chachos sobre seus ombros e pouca parcela dos mesmos estavam bem em frente ao seu peito.
- Você está - engoli em seco, de boca aberta.
- Estou..- disse ela, rindo.
- Deslumbrante! - falei, admirando-a.
- Tá, agora a gente pode ir?- Mercy falou do carro, impacientemente.
Fomos até a galeria onde seria a exposição.
Dentro, as luzes e paredes compactuavam com o tema do evento: Preto e Branco.
Começamos a observar as obras e eu simplesmente não via sentido algum nelas.
Josephine observava atentamente cada quadro, e eu nem sabia mais onde estava Mercy.
Após minutos intermináveis observando as obras, decidi comunicar-me com Langford sobre.
- Então, o que estás achando?- perguntei.
- Sinceramente?
- Por favor.
- Não faço ideia do que estou vendo.
- Bom, pelo menos não sou só eu. - falo e rimos.
- Quer sair daqui?- perguntou - não se preocupe com Mercy, ela está admirando obras que não faz ideia do que são.
- Vamos.
Saímos de lá, deixando a elegância para trás ao chegarmos na calçada, onde tentamos andar um pouco mais rápido e Josephine engalhou a sandália na barra do vestido, rasgando o mesmo, quebrando o salto e tropeçando numa subida.
Olhei para ela: estava sentada no chão, parada e pensativa, enquanto eu segurava meu riso. Após alguns segundos, ela gargalhou e soltei o riso prendido.
- Vais trocar de sapato comigo. - ela falou
- Beleza, vou usar seus saltos então.
Fomos andando pela cidade, ela com meus sapatos sociais, tropeçando em seus próprios pés à medida que caminhava, enquanto eu segurava seus saltos s minhas meias.
Naquela noite, seu maior desejo foi cantar e dançar pelas ruas.
E quem seria eu se não compactuasse com seu desejo?
***
Chegamos em sua casa, ela ligou o som e começou a tocar Madonna: Like a Virgin.
Ela cantava alto e em bom tom, como se fosse ela a garota a qual o toque de um homem fez ela se sentir como uma virgem, sendo tocada pela primeira vez.
Após horas observando a empolgação na cantoria de Langford e muitas vezes a acompanhando, ela se jogou na cama, enquanto eu mandava uma mensagem à Mercy, informando que o carro havia ficado lá. Logo depois, me juntei à Josephine na cama e a abracei, aninhando-a em meu peito.
- Fico feliz em finalmente te ver alegre desta forma. - falei, e ela sorriu.
- Eu também. É raro. - falou, e quis me pronunciar.
- Sabes o que eu vejo em ti desde quando eu te conheci? O quanto tu és sobrecarregada. Tem algo aí dentro que não te faz bem. Tu não queres conversar sobre isso?- perguntei e ela assentiu.
- Há alguns anos atrás, eu namorei um cara. Ryan. Éramos felizes, muito felizes. Mas depois de um tempo, ele foi problematizando tudo. Um dia, ele achou que eu tinha olhado "diferente" pra um cara na rua. Ao chegar em casa, ele começou a gritar comigo, procurou objetos e os jogou contra o chão. Ele arremessava-os e cacos de vidro chegavam até o lugar em que eu estava. Eu segurava o choro e ele gritava cada vez mais. Eu corri para o quarto e vi a raiva em seus olhos. Ele veio atrás com o pulso cerrado. Cheguei a tempo de trancar a porta e ele deu um soco na parede. Ele dizia "abra a porta, você sabe que eu nunca te machucaria, amor". Mas eu sabia que os socos que ele dava nas paredes e mesas eram para tirar a vontade de bater em mim. Isso era terrível. Ele bateu freneticamente na porta. "Abra essa porta ou tudo se complicará, querida." Ele falava, tentando conter a voz e transformá-la em um tom suave. Eu não abri a porta, mas ele a derrubou. Ele ficava gritando que eu deveria obedecê-lo, e então me puxou pelos cabelos e bateu minha cabeça contra o vidro de uma mesa. Ao perceber o que fez, ele me soltou e eu corri para um canto, me esquivando dele. "Josephine, me peça desculpa" e eu continuei calada e trêmula. "Você sabe que não fiz isso de propósito. Você não devia ter olhado para ele! Como acha que eu me senti?" Ele falava, e eu continuava no canto sem abrir a boca. Ele acalmou sua voz, deu um soco na parede atrás de mim e me tomou num abraço. "Está tudo bem, ok? Você não vai mais olhar para aquele cara e tudo ficará bem. Não conte a ninguém, ou eu usarei Claire contra você. Eu te amo, minha Sweet child. Eu nunca mais irei te machucar, tá?" ele falava, arrumando meus cabelos bagunçados e beijando minha testa freneticamente. Eu continuei com ele, eu o amava e ele via uma forma de me culpar. Depois desse dia, aconteceu a segunda agressão. E a terceira, e a quarta, e até chegar a um número incontável de agressões. Mas nunca me pronunciei de fato. Eu colocava a culpa no amor que eu sentia e ele colocava a culpa em mim. - ela terminou de contar, e já estava com os olhos em lágrimas.
- Eu sinto muito. Mas quero que saibas que eu nunca o faria contigo. Ryan morreu, né? Perguntei.
- Morreu.
- Que bom. - falei, e a abracei mais forte. - Mas, quem é Claire? - perguntei-lhe.
- Não vem ao caso.
- Ok.
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Olá, pessoal! Fico muito feliz em ver que este livro chegou a 7 mil leituras! Agradeço muito a todos que lêem e acompanham. ❤️❤️
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E Quando o Verão Acabar? - Livro 1 "O Fim das Estações" [EM REVISÃO]
Fanfiction"Ele entrou na minha casa sem permissão, e não saiu mais da minha vida." Hero é um cara que nasceu em Londres, Reino Unido e mora na "Rua de Pari", no subúrbio de Saint-Constant. Jo é uma garota que vem de Perth, na Austrália para "Rua de Lucerne"...