Capítulo 46

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"Tudo na minha vida está dando tão errado, é até normal para mim. Mas perdemos Sophie, tu me deixaste, Pia Mia morreu, meu pai está no hospital e nem sei o que ele tem."

Josephine's P.O.V.

"Oi, não ouvisse nenhum dos meus recados, mas eu vou continuar mandando mesmo assim. Eu gosto tanto de ti, e, que merda! Tudo na minha vida está dando tão errado, é até normal para mim. Mas perdemos Sophie, tu me deixaste, Pia Mia morreu, meu pai está no hospital e nem sei o que ele tem, pois não me permitiram ir por conta de um ataque que tive. Eu não sei nem se tu estás bem, mas eu espero que algum dia tu ainda me respondas.
Eu estou ao lado do balcão da cozinha com 72 donuts que fiz por nervosismo, terminei 34 e não sei o que vou fazer com eles, estou fritando mais 8 e não tem mais lugar no balcão, mesa e mesinha de centro da sala.
Eu não aguento mais, é muita coisa pra mim."

Mandei o recado e bateram na porta. Quando abri, avistei Ashley: parecia estar com o rosto um pouco mais inchado do que as últimas vezes que a vi e me olhava moldando um sorriso vitorioso.

– Então, estou grávida do Hero. – Ashley falou, tirando o casaco.

– Deus! – exclamei – Ashley, Hero está na Austrália.

– Eu sei. Só vim te dizer isso mesmo.

– Olha, diante de tudo que vem acontecendo, isso é uma ótima notícia! 

– E o meu pelo menos vai nascer. – falou, com toda a intenção de acabar comigo. Respirei fundo e sorri.

– Fico feliz por isso! – exclamei e ela entrou.

– Meu Deus, que bagunça!

– Quer um donut?

– Faz algum café ou chá para mim e eu acabo com esses cinquenta.

– São 80…

– Não me importo, como do mesmo jeito.

– Beleza, chá ou café?

– Café, só falei chá pra ficar opção, mas não ia querer se tu fizesse, é apenas um mero substituto.

– Eu não tenho chá pra fazer mesmo, não gosto muito. 

– E o que tu irias fazer se eu preferisse chá?

– Simples: não faria.

– Uau! – falou, e comecei a passar o café. – Então, meu filho é do teu namorado.

– Primeiro: ex-namorado. Segundo: para de tentar me estressar, causar uma rivalidade entre nós duas é chato. 

– Vocês terminaram? Por quê?

– Porque eu sou uma idiota! – falei, já meio que lacrimejando.

– Vai começar o chororô? Porque se for, não quero saber não 

– Para, quero falar com alguém.

– Uau, conversar com a ex do teu ex sobre o teu ex, ótima escolha!

– Não me julgue, não tenho outra opção.

– Manda bala e faz meu café logo. – falou, mordeu um donut e continuei passando o café.

– Bom, eu nasci em Perth, na Austrália. Minha mãe morreu, meu pai me abandonou, fui adotada e passei por uma relação abusiva que me fez ter várias consequências.

– Vai dizer que ficou grávida?

– É.

– Abortou ou teve a criança?

– Tive.

– Adoção ou criou?

– Criei em grande parte do tempo, mas vim para o Canadá e a deixei com meus pais adotivos.

– Puta merda, Josephine! Teu pai te deixou, tu já sabia o que era sentir isso, e aí tu faz o mesmo com a tua filha!

– Eram circunstâncias diferentes.

– Tá, sei. Continua.

– O meu namoro foi horrível e eu acabei fazendo algumas merdas na Austrália, e o Hero queria ir fazer intercâmbio lá, aí eu disse que se ele fosse, terminaríamos… Ele foi.

– Idiota.

– É, sei que fui. O que eu devo fazer?

– Vai atrás dele, conta tudo e tenta reatar.

– Não posso.

– Então se fode e esquece ele.

– Acontece que ele entrou na minha casa sem permissão e não saiu mais da minha vida, não saiu mais da minha mente.

– Legal. Então tá nas tuas mãos: ou tu perde ele, ou não. Cadê meu café?

– Aqui. – falei, entreguei a caneca à ela e peguei a minha. – Eu não sei mais o que fazer da minha vida. – falei. – eu sinto tanto a falta dele, da minha filha, meus pais, Pia Mia… eu não sei o que fazer! – falei, e caí no choro.

– Se contar isso pra alguém, eu te mato! – exclamou, levantando da cadeira com dificuldade e vindo até mim.

– O que vais fazer?

– Cala a boca e vem aqui. – falou e me abraçou.

* * *

Ashley foi embora e meus amigos chegaram. Meu pai estava bem, mas tinha passado por um ataque forte no sofá da minha sala. 

Khadijha havia me mandado uma carta:

"Oi, Josephine.

Sinto muito por preocupar-te, mas não poderia deixar que continuassem a investigação. Iriam chegar até ti e sabes o que aconteceria. Alguém citou teu nome e estavam intrigados com o porquê de não teres ido. 

Não tive outra alternativa senão confessar, mesmo não o tendo feito.

Não se preocupe comigo, estarei bem.

Me desculpe mesmo, eu te amo.

Khadijha"

E Quando o Verão Acabar? - Livro 1 "O Fim das Estações" [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora