Capítulo 29

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A triste dor da esperança perdida vem, e o desespero do garoto aumenta 

Hero's P.O.V.

– Ashley, Josephine perdeu o bebê. Irei dormir em sua casa hoje– falei, pegando a malinha

– Na casa dela?

– Sim

– Não

– O quê?

– Você não vai

– Vou sim

– Não, você vai apenas para ficar perto dela!

– Ela perdeu a minha filha, não tens noção ainda?

– Mas você vai estar com ela

– Vou, sim. Minha filha morreu… dentro dela. Não posso deixá-la sozinha.

– Ela perdeu ou abortou?

– Ela perdeu, Ashley! Aborto espontâneo.

– Essa garota nunca quis a filha, pode ter ido à una clínica clandestina e deu

– Para de falar merda!

– Ok, Hero. Então me diga: você ainda gosta dela?

– Isso não vem ao caso.

– Vem ao caso sim. Diga, Hero, você ainda sente algo pela loira 2?

– Ela nunca será a número 2! E não sei porquê insistes em perguntar algo que sabes a resposta.

– Então vá! Mas se fores, saibas que eu não esperarei

– Não precisa me esperar.

– Isso é sério? Eu acabei de dizer que te deixarei, e tu simplesmente concordas?

– Sim. Nunca alimentei falsos sentimentos teus. Sempre deixei claro pra ti o que sinto por Josephine, a minha loira número 1. Não vivemos algo real e tu sabes disso. Passamos um tempo mentindo para nós mesmos, mas eu caí na real e espero que você também caia.

– É isso que tu queres? Eu irei embora e hoje, quando tu voltares, não estarei mais aqui.

– Pode ficar hoje. Eu não voltarei por alguns dias.

– Ah – respondeu apenas e eu saí, levando minha malinha até o carro e seguindo para sua casa.

A noite estava chegando, então eu irei cuidar dela.

Fiquei ao lado dela a noite inteira, a abraçando. Ela chorou por tempo demais e me recusei a dormir até que a visse dormindo. Ela não dormiu. 

Levantei da cama e ela continuou lá, deitada. 

Fiz uma comida para ela, esperando que ela a comesse. Mas isso não aconteceu. Ela recusou e recusaria qualquer partícula de alimento que eu oferecesse à ela naquele momento. Ou naquele dia. Ou naquela semana.

Oito dias. Oito dias desde o aborto. Apatia intensa, nem tomar banho ela tomou. Falta de apetite só aumentou e o choro não para. A insônia domina ela. Portanto, domina a mim também.

Quatorze dias se passaram desde o ocorrido e a comida irá faltar.

Ligo para Pia Mia para perguntar se pode cuidar de Josephine por um tempo. Ela virá.

Saio de casa apenas quando Pia chega e compro os essenciais para nosso cotidiano.

Ligo para Pia atrás de informações.

– Alô?

– Oi – inicio – como ela está?

– Tomando banho.

– Sério? – pergunto, sem disfarçar meu espanto

– Uhum

– Meu Deus, que bom! Já estou voltando.

– Ok.

Alguns minutos de carro e já estava em frente a casa pegando os sacos de papelão com compras e travando as portas.

Abri a porta com um pouco de dificuldade por conta das compras e cumprimentei Pia rapidamente. Logo então pus as compras sobre a mesa.

– Jo, comprei várias coisas para ti!– gritei da cozinha.

Nenhuma resposta.

– Josephine?

Nenhuma resposta ainda.

Fui até a porta do banheiro e vejo água escorrendo para a sala.

– Que porra é essa?– pergunto e Pia dá de ombros.

Neste momento, Khadijha e Inanna chegam.

Abro a porta do banheiro e me deparo com Josephine de roupa na banheira, o chuveiro ligado e a água escorrendo por todo o banheiro. Ela estava desacordada. Entro em desespero. Corro até a banheira e a puxo, com dificuldade pelo peso da água. 

– Como ela se afogou? – Pergunta Pia

– Tentativa de suicídio. – Khadijha responde

– Como você sabe?– indagou Pia

– Josephine nada bem e perdeu um bebê há 14 dias. Seria inronia ela se afogar numa banheira sem estar tentando cometer suicídio. – Inanna respondeu.

Levo ela correndo ao carro e as garotas ficam na casa.

Começo a dirigir com dificuldade, sinto um frio na espinha. Minhas mãos tremem e não aguento minhas estruturas, choro pelo medo. Ela desacordada do meu lado e mais uma vez eu não posso fazer nada. Mais uma vez o medo apavorador de perdê- la. Não posso deixar isso acontecer de novo. Não posso. Não aguentaria vê-la por meses em uma cama de hospital. Muito menos aguentaria vê-la num caixão. 

Sinto sua pulsação e ela não reage por um mínimo segundo.

– Só peço que não vá embora, por favor. Eu preciso de ti. Não aguentaria perder a ti, Sophie e Dennis. Eu não consigo lidar com isso. Tenho que continuar com um motivo pra mim. Um único motivo. Se você morrer também, eu não tenho o direito de continuar vivo. Não tenho. Eu não posso. Não é justo! – falo chorando, como se ela pudesse me ouvir. – por favor, fica comigo. Fica aqui. Não vai embora, por favor! Eu não suportaria – suplico à garota desacordada ao meu lado. 

O caminho até o hospital parece cada vez mais distante. Posso sentir um choque em meus ossos. Não consigo. Eu preciso que ela fique. Eu preciso que pelo menos ela fique. Pelo menos ela, por favor.

E Quando o Verão Acabar? - Livro 1 "O Fim das Estações" [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora