Capítulo 47

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Nos últimos dias, tenho interagido mais com a família do meu pai. 

Estou sentindo-me "vigiada" nas últimas duas semanas e Ashley se mostrou uma pessoa diferente quando veio aqui na última vez.

Hero ainda não me respondeu e cada dia que passa me dói mais.

Pensei várias vezes em ligar para meus pais e minha filha que estão na Austrália, mas não posso arriscá-los nem quero assustá-los, pois não sei se pensam que morri ou se me odiariam por já saberem o que fiz. Eles acreditariam em mim se eu explicasse meus motivos?

Bom, Claire confirmaria tudo, eu acho.

Meu pai está um pouco mais debilitado, Sunshine chora ao meu lado quase todos os dias e Lorena me acolhe bem.

Hoje Ashley completa sete meses de gestação e me relatou algumas dores abdominais não muito fortes, mas que vão aumentando um pouco com o passar do tempo.

Fiquei muito preocupada pelo fato de que não quero que aconteça com ela o que aconteceu comigo. Falei para ela que irei em sua casa daqui uns 30 minutos, porque não quero que ela esteja sozinha para seja lá o que aconteça, se acontecer.

Me arrumei, despedi-me de meu pai e Lorena. Sunshine estava indo ao supermercado e já me deu uma carona até a casa de Ashley.

– Cuidado com a cobra, loirinha!– falou Sunshine, enquanto eu tirava o cinto de segurança.

– Não tenho medo dela, e ela é uma grávida sentindo dor, nunca recusaria vir para ajudar. Aliás, ela também me ajudou.

– Inclusive, perguntou ao Hero se não tinhas abortado em uma clínica clandestina ao invés de um aborto espontâneo. Inclusive, te odiou por muito tempo e duvido que esse ódio tenha passado tão rápido. Toma cuidado, nosso pai já não tá bem e perdemos a Mia. Não posso perder minha irmã também.

– Aí é só virar melhor amiga do namorado ou namorada da Katherine.

– Achei maduro você falar assim, a última vez que o papai falou dela possivelmente ter alguém por agora, falou somente sobre namorado, eu citei "ou namorada" e ele me olhou de cara feia.

– Papai tem que sair da bolha dele. Desconstrução da parte. Mas, espera, ele nunca te tratou com falta de respeito por seres bissexual, né? 

– Sempre que ele ameaçava falar algo, mamãe fazia-o calar a boca.

– Lorena é maravilhosa mesmo. Bom, vou indo. – falei, e dei um beijo na bochecha de Sunshine.

– Venho te buscar mais tarde ou a Ashley te leva?

– Vejo isso depois.

– Tá bem, qualquer coisa me liga.

– Tá bem, obrigada.– falei e saí do carro.

Mandei mensagem para Ashley:

"Estou aqui na frente"

Rapidamente, ela me mandou um áudio, se esforçando para falar:

"Eu não tô conseguindo andar, Langford. Não vou conseguir abrir o portão." 

"Tudo bem, vou dar um jeito."

E foi esse o dia em que eu procurei milhares de formas de entrar no terreno de alguém, e as únicas acessíveis eram pular o muro ou a cerca. O muro era alto demais e haviam cacos de vidro em cima, justamente para que ninguém o pulasse.

Minha única opção: pular a cerca.
Depois de longos 23 minutos, eu estava dentro do terreno de Ashley. Entrei em sua casa e a vi sentada numa cadeira, fazendo a dita "respiração cachorrinho".

– Tá muito forte? – pergunto.

– Demais!

– Quer ir pra cama e tentar se distrair um pouco?

– Não vou transar contigo.

– Nossa, que pena, já ia investir na ex do meu ex que sempre me odiou e tá esperando um filho do Hero.

– Eu te abracei e te livrei dos donuts assassinos, vai que tu se apaixonou por mim.

– Donuts assassinos! – repeti e gargalhei. – Vem cá – falei, e auxiliei Ashley a andar.

– Onde é teu quarto?

– Fica meio que pra lá. – apontou pro topo da escada.

– Não queres ficar no sofá mesmo? – perguntei, rindo.

– Tem quarto de hóspedes aqui embaixo.– falou

– Então vamos.

– Segue no corredor à esquerda. – ela falou. Eu estava nervosa pelos grunhidos de dor dela.

– Langford…

– Oi.

– Tais indo pra direita.

– Ai, desculpa. – falei, e virei para a esquerda.

Abri a primeira porta e a levei até a cama.

– Eu posso fazer algo pra ti comer?

– Por favor! Não comi nada hoje.

– Mas são 16h da tarde, como assim tu não comesse ainda?

– Não consegui chegar no fogão.

– O que queres comer?

– Ovo com maionese e ketchup.

– Gosto peculiar.

– Isso é ótimo, guria! E não julga, senão teu enteado vai nascer com cara de ovo com maionese e ketchup.

– Ele não vai ser meu enteado, não estou com o Hero.

– Ai, Josephine! – exclamou – Para de se fazer, tu sabes que não é assim que a banda toca com vocês dois. Hero já foi muito humilhado por ti, mas isso não mudou o que ele sentia. Vocês sempre vão terminar juntos, Langford.

– Deus te ouça.

– Eu que ouvi ele. Ele acabou de me mandar essa revelação bombástica: vocês só vão acabar definitivamente quando algum dos dois morrer, e ainda vão se encontrar na vida pós-morte.

– Para, sua boba! – falei, e ri.

– Faz meu ovo, por favorzinho. – pediu, e juntou as mãos.

Fui até a cozinha e o fiz. Depois de mais ou menos uma ou duas horas, a chuva caiu forte.
Assistimos filmes e preparei uma compressa de água quente para tentar amenizar suas dores.

Eram 22h e Sunshine me mandara uma mensagem:

"Está tudo bem? Quer que eu te busque?"

Ashley leu a mensagem junto comigo e segurou em meu braço.

– As dores não estão passando. – falou ela, e sequei o suor de seu rosto com um lenço que estava ao lado. – Eu estou com medo, fica aqui, por favor. – suplicou Ashley, e pude ver algumas lágrimas escorrendo por seu rosto.

– Tudo bem, eu fico. – afirmei, e trouxe sua cabeça para meu ombro. Ela chorou, tomada pela dor que sentia. Eu não tinha muito a oferecer, mas o apoio de alguém é valioso quando não temos nada e precisamos de ajuda.

Avisei à Sunshine que iria dormir ali e ela me respondeu com "tá bem".

*******

Oi, pessoal!

Chegamos a 9 mil leituras e vocês não têm noção do quanto isso me deixa feliz!
Escrever esse livro me faz um bem danado e nunca imaginei que tomaria essa proporção.
Sou muito grata a todos que o lêem!
Estamos nos últimos capítulos, se preparem!

E Quando o Verão Acabar? - Livro 1 "O Fim das Estações" [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora