Capítulo 6

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HERO

Aos poucos ela já não era mais a mesma. Estava se tornando alguém doce e acreditando que isso tudo podia ser verdadeiro. Que ela poderia esquecer-se de todo o resto e viver algo real, com intensidade... algo bonito, que fizesse o passado ser um detalhe, um "simples" acontecimento mínimo em sua história. Ela superaria tudo isso e conseguiria seguir em frente.

Ela seca o rosto com um dos lenços da caixa que havia em cima da mesinha de centro e se levanta do sofá enquanto ri.

-Você… não quer sair algum dia desses?- pergunto

-Para quê? Já é a terceira vez que você dorme aqui na minha casa!- ela responde.

-Na primeira vez não foi exatamente aqui, você me chutou para fora desta casa, literalmente.- falei e ela riu, então parecia pensar.

-Eu não gosto muito de sair, entende? Na última festa que eu estava indo você dormiu abraçado comigo enquanto eu chorava.- ela falou, foi à pia e lavou algumas louças, parou de falar por um tempo- Mas…- pegou uma toalha de louça e secou as mãos- Posso pensar- falou, e aquilo já tinha me deixado feliz. Abri um grande sorriso e ela olhou para mim.

-Pensa com carinho.- falei e ela se aproximou de mim

-Até que você é legal...- ela disse e riu.

-Até que você é gentil…- ri

-Sempre fui- se aproximou mais, pensei por alguns segundos… ela não vai fazer isso, vai? Ela deixa sua testa colada na minha e nossos narizes levemente se encostam. Nossos lábios estão a centímetros de distância

-Você vai fazer isso?- perguntei. Ela deixou que eu sentisse sua respiração um pouco mais profunda.

– Não – sussurrou e seu lábio inferior raspou nos meus. É incrível como isso me fez ter milhares de sensações… incrível. Eu mal conheço essa garota e ela já fez com que eu me sentisse bem e mal ao mesmo tempo

Abraço ela e a levo ao sofá, lá a deito e ela me olha, parece apavorada, sei lá, amedrontada…

-O que foi?- perguntei

-Nada… é… você não acha melhor... ir embora?- ela fala, com receio. Eu nunca entendo ela. Em um momento está raspando seu lábio no meu quase em tom de provocação e no outro está querendo se afastar. Não me sinto bem com essa troca de humor constante, mas a respeito o máximo do suficiente para entender que ela tem direito ao espaço que quiser.

-Tudo bem… você quer mesmo que eu vá?- perguntei

-Me desculpa, mas sim.- ela respondeu e aquilo

Assinto com a cabeça e saio.

-Vem fechar a porta, Josephine- falei da porta

-Eu… eu já vou- ela disse, mas continuou no sofá. Eu já estava com olhar de repreensão, mas o que iria adiantar? Só quero sair daqui a partir de agora. Bato a porta atrás de mim e desço o pequeno degrau que separa a varanda da calçada.

-Ei- ela me chama e um ar de esperança surge para mim. Me viro

-Oi.- falei, com descaso ao olhar para a mão dela

-Teu celular!- ela disse e mordi os lábios, fingindo sorrir para disfarçar a aflição.

-Dá- falei estendendo o braço. Ela me entregou e entrou. Me virei balançando a cabeça em forma de negação e saí dali olhando para as notificações do celular.

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