"A surpresa que a aguardava a faria chorar, pensar, repensar, se compadecer e, finalmente, tomar sua decisão."
Narrator's P.O.V.
Naquela manhã de domingo Josephine esperava passar um dia tranquilo e calmo… queria estar sozinha pensando nas decisões que teria de tomar para sua vida… mas Sunshine tinha outros planos.
Sunshine's P.O.V.
Vesti uma calça preta, camiseta cinza e um moletom rosa clarinho, quase num tom de salmão, fiz um coque alto e calcei meus coturnos. Logo entrei em meu carro e fui para o hospital.
Eu irei mostrar à Josephine a realidade das coisas, ela precisa saber.
Entrei e fui direto para o quarto de Langford.
-Oi.- Falei
-Oi.. Sunshine, certo?
-Na mosca!
-O que estás fazendo aqui?
-Vim te ajudar.
-Me desculpe, mas não preciso de ajuda.
-Precisas sim, senão vais fazer uma merda na tua vida!
-Hã?
-Vamos, eu te explico.
A tirei da cama e coloquei-a sentada na cadeira de rodas ao lado da maca.
Saímos do quarto e fui tentando esconder meu rosto para andar pelos corredores.
-Onde vamos?- perguntou Josephine.
-Cala a boca e espera, garota afobada!
-Ok, ok…
Segui me escondendo com a cadeira e entrei no elevador.
-Fecha os olhos.- falei, e ela assim o fez.
Subimos alguns andares e então chegamos no local desejado.
-Pode olhar- Falei, e a revelei o lugar que teríamos vindo: Neonatal.
-Por que me trouxe aqui?- perguntou
-Porque eu, realmente, acho que estás a cometer um grande erro. Vim te mostrar a realidade. Milhões de famílias sofrem a perda de um bebê, e você, que pode tê-lo, não o quer.- falei
Haviam alguns bebês na incubadora e pais aflitos saiam do local. Vi os olhos de Josephine lacrimejarem.
-Não vai me ajudar a ficar com isso!- ela falou
-Por favor, olhe só para eles!
-Não vai mudar o fato de que eu não quero isso!
-Para de chamá-lo de "isso", inferno! Tenha respeito pelo menos por esse ser! O que acharias se soubesse que tua própria mãe te chamou de "isso"? Você não merece essa gente que se preocupou contigo por meses! Você não merece estar gerando este bebê!
-Não fizeram muito mais que suas obrigações
-Você está ainda pior do que antes!
-Ok, eu serei eternamente grata por eles.
-Não está agindo como a tal. E ainda, por que renegar um bebê? Um bebê que tem o teu sangue correndo pelas veias dele!
-Você tem que me entender, um bebê é muita coisa! E tu não podes dar palpites em merda nenhuma! Nunca passou por isso!- ela falou, o que foi me irritando.
-Cale a sua boca, pois você não sabe de nada! Entendeu? Nada!- Falei, e senti meu olho marejar- Eu tive um bebê…- respirei fundo- era um menino lindo, e em cada segundo que eu o tive em meus braços, imaginei como aquele lindo bebê seria no futuro. Ele seria um cardiologista- ri, e já desceu a primeira lágrima de meus olhos- Ele salvaria vidas, e se salvaria da confusão que era a minha família. Se tornaria um dos melhores médicos do estado de Sunshine, ou ainda, um dos melhores médicos da Flórida. Ele teria aquele sorriso Colgate, covinhas profundas como as minhas. Ele faria palestras defendendo a raça e a cultura negra… ficaria horas e horas com um livro na mão sempre que houvesse um tempo livre, pois seria um intelectual charmoso. Ele honraria minha família, honraria seu nome: Richard Thompson, e ainda me visitaria sempre que possível. Eu não teria que dividi-lo com ninguém, pois o pai dele foi um covarde e me abandonou assim que soube da gravidez. Richard seria um garoto de ouro… se não tivesse morrido em meus braços, 53 segundos após o parto. Ele teve 53 segundos de vida! Por favor, deixe que teu bebê viva mais tempo que ele. Só depois de tê-lo ou perdê-lo tu verás o quanto tu realmente precisavas dele! Você merece tê-lo, e ele merece viver! Não tira ele, por favor!- supliquei, chorando.
-Eu quero voltar para o meu quarto… por favor.
-Ok.
Fomos para o quarto dela e a deixei na cama. Como sempre, me senti o fracasso que sou. Eu tento fazer algo pelos outros, mas pioro tudo.
-Me desculpe. Eu tento ajudar os outros, mas acabo magoando-os e piorando a situação.- falei, e fui em direção à porta
-Ei… não. Você não piorou nada. E te agradeço muito por ter me ajudado, eu… eu quero o bebê.- Josephine disse e minha boca ficou entreaberta.
-Mas…
-'Mas' nada, você me ajudou, e muito!- Langford terminou e estendeu os braços para me abraçar.- sinto muito pelo Richard, ele seria um garoto maravilhoso como a mãe!
-Já que me chamas de Vaca, chamarias ele de terneirinho?- pergunto e caímos na gargalhada.
Narrator's P.O.V.
Hero esperou mais um dia se passar para voltar ao hospital. Ele estava atordoado com o que Josephine falara a ele. Não conseguia aceitar a ideia de que seu bebê, provavelmente, não iria nascer, por conta da garota que ele gostava e com quem tivera relação uma única vez. Mas naquela segunda-feira, mais especificamente, às três horas e trinta e sete minutos da tarde, tudo mudaria.
Hero's P.O.V.
Me arrumei e segui para o hospital. Pus um sorriso falso em meu rosto, que eu havia ensaiado 78 vezes antes de sair de casa. Mas eu tive uma ideia, só precisava saber a opinião dela em relação a isso, o que tirava minhas esperanças.
Estacionei o carro e fui para dentro do hospital.
-Olá, vim visitar a…- comecei, mas a recepcionista me interrompeu
-Josephine. Eu sei, você já é da família aqui.- rimos e fui para o quarto de Langford.
-Oi…- Falei, escorando- me na porta.
-Oi - ela sorriu
-Então… vou ser bem direto…- respirei fundo- bom… é… é que… eu queria saber, se você não quer que eu cuide do bebê depois que ele nascer, mesmo que seja sozinho… mesmo que seja só eu e ele.
-Ela.
-Hã?
-É uma menina… fiz o ultrassom ontem.
-Mas… mas você não queria tê-la
-Mas eu quero. Eu realmente quero ter essa garotinha.
Sem pensar, vou com pressa até a maca e a abraço.
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E Quando o Verão Acabar? - Livro 1 "O Fim das Estações" [EM REVISÃO]
Fanfiction"Ele entrou na minha casa sem permissão, e não saiu mais da minha vida." Hero é um cara que nasceu em Londres, Reino Unido e mora na "Rua de Pari", no subúrbio de Saint-Constant. Jo é uma garota que vem de Perth, na Austrália para "Rua de Lucerne"...