Capítulo 1

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Anos depois...

Rodrigo

― Por que tanta pressão para esse casamento?

― Por que enrolar mais? Você já tem vinte e cinco anos, idade o suficiente para estar casado.

― Ayla não quer se casar ― argumento.

― A vontade de vocês não está em jogo, lembre-se.

― Somos seres humanos, não objetos pertencentes a vocês.

― Esse seu drama não me fará mudar de ideia. Sou um homem de palavra, cumprirei o acordo que fizemos com os Pinheiro.

Ayla e eu nos conhecemos desde a infância, lembro-me perfeitamente da menina de cabelos negros que tinha uma energia invejável, que adorava vir até a minha casa me chamar para irmos até o grande lago ficar jogando pedras no mesmo. Quando sua família estava à beira da falência pediram ajuda a minha, que não se negaram a ajudar, mas em troca os fizeram prometer que eu iria me casar com Ayla, a filha mais nova da família. Há alguns meses isso não me preocupava, até porque nunca achei que meus pais iriam insistir nessa coisa idiota, mas agora, sentado de frente para o meu pai, vejo que a ideia maluca não abandonou seus pensamentos, está mais viva do que nunca.

Os Pinheiros são donos de inúmeras fazendas espalhadas por todo território nacional, consequentemente nossas famílias iriam lucrar com a minha união com Ayla.

Passo a mão pela barba por fazer, não sabendo o que responder.

― Tudo bem, irei conversar com Ayla ainda hoje.

― Ótimo! Sempre soube que não me decepcionaria.

Mantenho-me em silêncio, sentindo um nó se formar em minha garganta por conta de sua última frase.

Meu pai se levanta, colocando o chapéu sobre a cabeça, se retirando do escritório, me deixando a sós com meus pensamentos.

Estralo os dedos ao ouvir o barulho da caminhonete de Ayla, escutando logo em seguida o som produzido por suas botas em contato com a grama. Viro o pescoço, vendo-a caminhar até mim com um semblante furioso. Ayla é dona de um corpo escultural, mesmo tendo apenas dezenove anos, uma pena que nunca consegui a ver como mulher.

― Não precisa dizer muita coisa, sei exatamente o porquê pediu que eu viesse te encontrar aqui ― murmura se sentando ao meu lado, retirando o chapéu marrom, colocando-o sobre o gramado.

― Seus pais conversaram com você?

― Infelizmente. Juro que a minha maior vontade é pegar um voo para longe do Brasil ― abraça os joelhos, fixando o olhar na lua cheia, com os olhos levemente marejados ― não tinha planos de me casar agora, tenho tanto o que viver. Esse casamento é por pura conveniência, quais a chances de sermos felizes?

― Podemos tentar, Ayla. Sempre nos demos bem.

― Como amigos ― corrige.

― Posso ser um bom marido ― toco sua mão.

― Eu não quero me casar, Rodrigo ― sussurra deixando uma lágrima escorrer pelo seu rosto.

― Acredite, também não desejo isso ― puxo Ayla para os meus braços, tentando a consolar, se é que é possível.

Sei exatamente qual é a sensação de impotência que está sentindo. Estamos sendo privados de escrevermos a nossa própria história.

― Tenho medo de me tornar uma pessoa infeliz, mudar completamente a minha personalidade. Não me vejo casada, tendo que assumir responsabilidades as quais jamais quis ― passa a mão sobre o rosto, enxugando o mesmo, sorrindo amargamente ― com pais como os nossos não precisamos de inimigos.

Um cowboy para amar Onde histórias criam vida. Descubra agora