- Sabe, as vezes ele não teve a mesma coragem que você para assumir para os pais e... - Bruno olha para sua esposa. - talvez não saiba o que fazer.
- Mas então o que eu faço?
- De um tempo para ele. - Leandra diz. - assim que ele estiver pronto vai vir falar com você.
- Mas o que faço até lá?
- Viva sua vida normalmente. - Bruno sorri. - Agora vomos te deixar dormir, amanhã é segunda e tem aula.
****
Depois da minha conversa ontem com eles fiquei um pouco mais animado, talvez ele realmente não tenha assumido e logo vomos ficar juntos. Havia chegado bem cedo na escola, Mila ainda não tinha chegado e para minha sorte vejo Sebastian vir na minha direção enquanto estava no meu armário.
- Posso falar com você. - ele disse indiferente.
- Pode. - noto um desconforto com ela já que tem alguns alunos nos olhando.
- Queria te pedir para não contar sobre o que aconteceu no domindo de madrugada. - ele disse em um tom suficiente apenas para mim ouvir. - Foi um erro e...
- Ok. - ele se assustou com minha resposta. - Se não quer que ninguém saiba sobre aquilo não vou falar, mesmo que já tenha falado para o casal que me acolhe em sua casa.
- Você o que? - ele disse assustado.
- Eles não vão contar a ninguém pois esse problema é meu. - ele ficou com a boca entre aberta. - não vou negar que foi bom ou que não gostei, mas de uma coisa concordamos... - ele esperava eu falar. - foi um erro que nunca mais vai se repetir.
- Calma...
- Durante todo esse tempo busquei respostas para algumas perguntas e uma delas era sobre o amor. - ele dava total atenção a mim se esquecendo dos olhares a nossa volta, claro que não estava gritando, a conversa era nossa. - Não sabia que machucava tanto. - ele ia dizer algo. - Mas a mágoa é um sentimento tão ruim, acho que odeio isso. - Fechei a porta do armário e ele arregalou os olhos, parecia surpreso, assustado, medo, tristeza. - Nunca mais fale comigo. - ele olhou para seu relógio. - Quer mesmo isso?
- Como? - ele me olhou confuso.
- É só me dizer que não quer nada comigo que te esquecerei, vou ignorar sua existência.
- Quem sabe um dia podemos ser amigos. - ele disse. - Não quero...
- Sim ou não? - ele ficou sem completar sua fala. - Te esqueço? - seu amigos chegaram ai seu lado e começaram a questionar o motivo dele estar falando comigo.
- Sim. - notei ser da boca para fora.
Sorri de canto de boca e passei por ele, seu perfume me lembrou de momentos felizes que pareciam ser real, mas que eu nunca vivi. Caminhei em direção a minha sala, estava tão confuso, está certo ser tão radical assim? E por que essa lembranças que eu não vivi, uma sensação de familiaridade que nunca havia sentido. Um frio percorre minha espinha ao ser segurado do nada por alguém, uma sensação ruim.
- Eai gatinho, tudo bem? - Noah me mostrou seus dentes brancos.
- Estou atrasado para aula. - falei para ele.
- Você não parece bem, o que aconteceu? - ele parecia preocupado comigo.
Vacilei em olhar para Sebastian no andar de baixo, subindo as escadas, ele também me olhou.
- Aquele cara está pegando no seu pé?
- Me deixa.
Fui para sala e pedi desculpas para o professor pelo atraso, ele permitiu minha entrada e me sento ao lado de Mila. Ela nota minha expressão e por leitura labial ela diz que queria saber o que foi.
A aula parecia uma eternidade, no intervalo ainda não estava lá essas coisas para conversar e ela respeitou, a aula de bases sociais seria junto com ele, me sentei na frente já que sabia muito bem que ele sentaria no fundo, sabe aquela sensação de estar sendo vigiado? Então isso me atormentou a aula inteira.
Na hora do almoço Mila e eu fomos para um restaurante perto da escola.
- Agora pode falar? - ela me olhou.
- Primeiro como você saiu da festa? - Falei. - me deixou sozinho sua piranha.
- Bem. - ela fez cara de boba. - assim que você disse que ia ao banheiro fiquei lá com o Vitor, mas aí fui te procurar para irmos embora, todos já tinham ido, tirando os que estavam dormindo no chão. - Ela riu. - Não te encontrei e imaginei que já tinha ido para casa. - ele me olhou séria. - pois você surtou depois de encontrar o idiota do Sebastian e disse querer ir embora.
- Bem, é verdade.
- Fui para casa e liguei várias vezes para tu, mas chapado do jeito que teca nem me liguei em ir te ver na sua casa já que dormi o domingo inteiro e a tarde não lembrava de muita coisa.
- Hum.
- Mas pensando bem se dormiu onde?
- Como assim? - falei. - em casa uai. - tomei um gole do suco, os pratos já tinha chegado e começamos a comer.
- Foi embora de que? - ela não parecia tão convencida.
- Pé. - Falei. - Mas vem cá Mila...
- Mila. - ele deu um sorriso que tinha uma mistura de alegria com um fundo de tristeza.
- Não gosta? - Olhei para ela.
- Gosto, mas é que só o meu irmão me chamava assim. - ela disse.
- Você tem irmão? - Falei animado.
- Tinha. - ela afastou o prato. - Nesta quarta faz um ano que ele morreu.
- Nossa!! - segurei sua mão. - Foi mal, eu não sabia. - Falei.
- Tudo bem. - ele enxugou uma lágrima. - prometo que um dia te conto tudo mas ainda não consigo.
- Todos nós temos uma história e ela muda nosso caráter. - ela sorriu. - melhor, transforma... as vezes para o bem e as vezes...
- Sei disso.
- Sabia que tenho pais adotivos fora da lei. - ele me olhou confusa.
- Verdade, vou te contar como aconteceu....
Pela primeira vez na minha vida depois de um uma ano contei para alguém abertamente sobre alguns assuntos. Eu era bem fechado e não era de falar nada com qualquer um mais gostava tanto de Mila. Faltando uns 10 minutos para as aulas começar terminei.
- Que doideira. - ele riu e voltamos para escola. - Como você se sente ao ver eles te chamando de filho mesmo não sendo seus pai?
- É estranho mas fofo. - sorri.
- Você é estranho Rafa. - ele riu.
Rafa... tudo bem se for você, mas minha insegurança insiste em me lembrar que logo poderei me mudar quando minha mãe voltar, pela primeira vez desejei a demora de sua chaga. Desculpa mãe mas encontrei pessoas maravilhosas... Vi Sebastian, claro que há exceção.
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Olhos da Alma (Romance Gay)
RomancePedro Abril é um jovem muito dono de si, acha que é intocável e nada acontecerá a ele. Rafael Cruz é um garoto que sofreu e tem motivos para se manter sozinho. Sebastian Azevedo é um moleque que passou por momentos difíceis e pensa que o mundo lhe o...