Já tinha contado algumas coisas para meu irmão, mesmo ele sendo um ano mais novo que eu, as vezes me dava conselhos melhor do que eu podia pensar, minha mãe mexia no meu cabelo com muito calma esperando eu enfim dizer alguma coisa.
- Quando eu tinha quatorze anos conheço um rapaz que me chamou a atenção, no começo até achei que não era uma coisa importante mas com o tempo ele se aproximou de mim e gostei dele, era feliz e sorri. - Olhei para os dois. - Mas não deu muito certo e acabei conhecendo outro, já sabia que era atraído pelos meninos mas sabe que cresci ouvindo o papai abominando relação homoafetiva. Mas ele era diferente, gentil, animado o que foi amor à primeira vista, achava isso uma frescura até sentir. Com 15 anos conheci alguém que valesse apena lutar, até tinha pensado em me assumir mas o medo não deixava, todavia com ele ao meu lado sentia imbatível e pronto para tudo.
- Mas aí... - era como se ela soubesse que eu não teria coragem de dizer.
- Bem, por algumas razões ele teve que me deixar. - Olhei para os dois. - Entreguei o meu coração a ele e sem ao mesmos se despedir ele me deixou, jurei que nunca mais iria me envolver com nenhum outro cara.
- Mas falhou. - Vitor sorriu.
- Deu mais uma chance a alguém? - Minha mãe parecia feliz.
- Sim e não. - ele me olhou confusa. - ele gosta de mim e eu sinto que o amo mas...
- Tem medo dele te abandonar também? - Minha mãe disse.
- Sinto no meu coração uma coisa muito especial por ele, não sei explicar... Ele mexe comigo de uma maneira diferente m.
- Isso na minha época era chamado de amor. - Minha mãe comenta.
- Amor machuca. - Falei.
- Sim, mas se você não correr atrás da sua felicidade quem vai? - ela falou e meu irmão concordou já que ele também disse isso. - É irracional pedir apenas amor. - ele me faz ficar confuso. - Se não conhecer a dor... nunca saberá o que é amor de verdade, e se não conhecer o amor não saberá sobre a dor de verdade. - ela olha para meu irmão. - Uma coisa sempre da sentido a outra, uma boa e outra ruim... Mas sabemos a importância da vida por causa da morte, sabemos a importância da felicidade por que não gostamos da tristeza.
Minha mãe sempre me surpreendia.
- Quer um conselho. - Ela disse por fim - Não deixe esse rapaz ir embora pois um dia ele pode estar aqui e no outro não.
Ela nem imagina como eu sei disso, literalmente.
- Obrigado. - Mãe. - Abracei os dois.
Amanhã vou falar com ele, não posso deixar aqueles olhos fugir de mim, e pensar nisso me incomoda.
P.O.V NOAH BÉRGMAN
Minha noite foi maravilhosa, Rafael sabia como mexer comigo. Depois de deixar ele em casa alguns amigos me chamaram para beber em um bar aqui perto, pela primeira vez eu não estava nem aí com as pessoas a minha volta. Meus amigos estavam até perguntando se eu estava me sentindo bem pois não estava pegando ninguém.
- Acho que estou gostando de alguém. - Falei para meu amigo.
- Iiiiiiii... quem foi o sortudo ou sortuda que fisgou seu coração? - ele diz rindo.
- Rafael. - ele me olhou.
- O novato dos olhos diferentes?
- Sim. - Falei.
- Se não fosse hetero até eu pegava. - ele comenta.
- Qual é mano?!?!
- Se não fosse hetero. - ele riu. - calma aí. - ele levantou as mãos.
- O problema é que estou desconfiado de umas paradas aí. - ele me olhou como se quisesse saber. - as vezes pego ele é o Sebastian trocando alguns olhares estranhos.
- Sebastian.... tipo o capitão do time de vôlei? - ele estava perplexo. - O cara mais galinha depois de você? - ele riu. - tá brincando que ele joga nos dois times.
- Você não sabe 1% do que eu sei. - Falei. - Mas se ele for o problema darei um jeito.
- Vocês não estão cansados de competir? - ele disse em referência à nossa disputa de pegação.
- O Rafael vai ser meu.
- Não creio que aquele cara curte um par possessivo.
- Quem decide isso é ele. - ele desiste de tentar dar conselho. - até por que algo me diz que Sebastian não vai querer competir por ele.
- O que você vai fazer?
- Usar minhas armas. - sorri bebendo a cerveja.
- Isso não vai terminar bem de novo.
- Sabe que eu não perco.
E ele sabe muito bem disso, já era uma da manhã e finalmente peguei meu carro para ir embora, andando distraído pela avenida principal vejo Rafael andado pela calçada, parecia bem cansado mas... o deixei em casa.
Ele parecia tão perdido que nem viu eu me aproximar com o carro.
- Rafa!!! - chamei ele, o mesmo se assustou mas me reconheceu. - O que está fazendo sozinho tarde na rua?
- Não sei. - ele estava com os olhos vermelhos, parecia ter chorado. - Nem sei o que vou fazer.
- Entra aqui, vomos conversar melhor. - ele ficou me olhando e acabou aceitando. - Vomos para um lugar mais calmo.
Estava indo de volta para minha casa mas pelo caminho ele não disse nada, comecei a me preocupar com isso. Notei que ele voltou a chorar de novo, pelo jeito é grave o que aconteceu.
Assim que cheguei em casa coloco o carro na garagem e peço para ele entrar.
- Seus pais não vão se importar? - Ele disse baixo.
- Sou maior, meus pais viajaram me deixando aqui. - Falei.
- Mas como você está? - pedi para ele sentar no sofá e fui buscar uma água com açúcar. - já volto.
Na volta ele me contou de sua mãe que não era mãe e sobre seus verdadeiros pais e que estava confuso pois amava a Lúcia mas se apegou ao Bruno e Leandra e que não estava conseguindo processar tudo junto. Até para mim era uma onda de informação para uma madrugada de terça. Já eram 3 da manhã e eu estava aqui com ele.
- Quer dormir aqui? - Perguntei e ele me olhou. - Sem maldade nenhuma, se quiser pode dormir no quarto que quiser ou na sala tanto faz. - ele respirou fundo. - Só quero te ver bem.
Ele me agradeceu e disse que ia dormir na sala. Busquei alguns lençóis para ele, travesseiros e cobertores.
Arrumei o sofá cama e fui para meu quarto, tomei banho para me livrar do cheiro de bebida e tudo mais. Deitei na cama de cueca e estava pegando no sono quando senti a cama afundar de uma lado, notei que Rafael entrou debaixo do cobertor e colocou a cabeça no meu peito.
Fiquei imóvel sem saber o que fazer ou dizer, pelo primeira vez dormi com alguém que queria pegar mas não fiz nada.》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》》
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Olhos da Alma (Romance Gay)
RomancePedro Abril é um jovem muito dono de si, acha que é intocável e nada acontecerá a ele. Rafael Cruz é um garoto que sofreu e tem motivos para se manter sozinho. Sebastian Azevedo é um moleque que passou por momentos difíceis e pensa que o mundo lhe o...