Anjos mentem?

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Dean nunca iria admitir isso em voz alta, mas quanto mais ele se aproximava de Oklahoma mais o desconforto em seu estômago aumentava, ele estava decidido a não contar a verdadeira história à John, mas isso não significava que ele não estava com medo do pai perceber que estavam mentindo.

Aliás, anjos mentem?

Sua cabeça doía com o tanto de informações com as quais ele tentava lidar. Dean nunca acreditou em anjos, ele sempre se limitou a acreditar apenas no que podia ver, nas criaturas horrendas que ele caçava; vampiros, lobisomens, wendigos, fantasmas e todo tipo de monstros que assombraram sua vida desde à infância.

Mas agora? Agora ele tinha um bem ao seu lado. Mesmo assim parte de sua mente insistia em não acreditar, a parte de seu cérebro que estava sempre desconfiada, seu instinto de caçador que lhe dizia que ele precisava estar sempre com um pé atrás para nunca se deixar ser enganado.

O loiro foi tirado de seus pensamentos pelos acordes Down On Love e ele nem precisou olhar no visor para saber quem era

"Oi pai."

"Dean eu estou na entrada da cidade, em qual hotel você está?"

Dean congelou, ele não tinha pensado em qual hotel iria ficar e agora seu pai já estava na entrada da cidade e ele precisava dar o nome de algum hotel, chegar antes de John e fazer parecer que eles já estavam ali a quase uma semana.

O loiro já estava em silêncio há tempo demais, tempo o suficiente para John desconfiar que havia algo errado

"Dean?"

A irritação era nítida na voz do pai, e se Dean não o conhecesse tão bem não teria notado que John também estava preocupado.

"Oi pai. Eu estou no..."

Dean não saberia o que fazer se Celine não tivesse sussurrado o nome de um hotel para ele.

Seu pai desligou e ele se virou para a loira - Como você sabia desse hotel? Aliás onde diabos isso fica?

Ela riu e apontou para uma placa que brilhava na próxima rua - Sabia por causa disso, e fica ali. - Ela continuava a dar risada como se fosse a coisa mais engraçada do mundo

Enquanto se repreendia internamente por tal distração Dean não pode deixar de achar adorável sua risada, era meiga e delicada e não era forçada, era uma coisa espontânea

- Okay, okay Sherlock, você já sabe a história que vai contar caso ele pergunte alguma coisa sobre você?

- Sim, não se preocupe.

.....

Dean estava impressionado com a quantidade de detalhes que ela tinha colocado na história, e mais ainda com o fato de que seu pai não havia apenas acreditado, ele estava entretido enquanto ela contava sobre como saiu da Inglaterra em busca do demônio que causou a morte de seus avós, por quem havia sido criada depois de seus pais morrerem em um acidente, quando ela tinha apenas quatro anos

O loiro tencionava cada vez que seu pai perguntava alguma coisa em uma tentativa discreta de achar alguma coisa de errada na história dela, qualquer falha.

Eles estavam agora em um bar perto do hotel em que tinham se hospedado e Dean podia ver o esforço que Celine fazia para fingir que aquele não era um ambiente completamente novo para ela, vez ou outra ela olhava em volta e depois para Dean em uma busca silenciosa de como agir

Depois da quarta dose de whisky John começou a contar como ele havia entrado no mundo da caça, a história que Dean sabia de trás para frente, que ele podia contar com detalhes sem errar uma única data

- Bom, garotos eu vou voltar para o hotel, saio amanhã cedo.

Celine se levantou e estendeu a mão para ele - Adeus John, foi um prazer conhece-lo.

O mais velho lançou um olhar rápido para Dean enquanto apertava a mão dela, como se dissesse silenciosamente que havia gostado dela, aprovado. Quando seu pai se dirigiu para saída Dean foi rápido em segui-lo.

- Pai! - ele esperou que John se virasse para voltar a falar - O senhor já vai amanhã? Disse que tinha um assunto importante para falar comigo.

O homem mais velho olhou discretamente para os lados e então se aproximou

- Esqueça isso filho, eu posso resolver sozinho. E você encontrou uma bela garota hein!? - John sorriu e colocou uma das mãos em seu ombro

Instintivamente Dean olhou para mesa onde Celine estava antes de voltar sua atenção para o pai - Ela é só uma amiga.

- Eu gostei dela. Me parece uma boa garota, e além disso, ela entende nossa vida.

Quando o loiro não disse nada John deu duas batidinhas em seu ombro e saiu do bar em direção a sua caminhonete.

Dean ficou alguns minutos ali parado, aquilo era novo. John nunca sequer havia conhecido realmente alguma de suas namoradas, não mais do que visto de longe alguma delas com Dean, talvez.

Ele não se intrometia na vida amorosa do filho e Dean também não fazia comentários sobre a dele.

Balançando a cabeça para afastar esses pensamentos o garoto voltou para mesa. Celine não era sua namorada.

- Como se chama esse lugar? - Dean a olhou enquanto se sentava na mesa

- O bar? - Ele perguntou divertido enquanto ela parecia se lembrar de algo

- Bar – ela pareceu testar a palavra - Da última vez em que eu estive na terra ainda se chamavam taverna.

-X-

A porta foi aberta silenciosamente por Dean, que apoiava uma Celine risonha e "bêbada", ela não tinha ingerido álcool o suficiente para estar bêbada, mas Dean supôs que aquela era a primeira vez que ela havia bebido, o que explicaria isso. 

John estava no quarto ao lado, provavelmente checando suas coisas uma última vez para sair de manhã.

O loiro a levou até uma das camas de solteiro do quarto e a ajudou a sentar - Eu preciso resolver umas coisas... - Ele se virou e apontou para ela antes de sair - não sai do quarto. 

Assim que a porta fechou Celine se jogou de costas na cama, se arrependendo imediatamente, o álcool a havia deixado tão dispersa que por um momento ela se esqueceu de suas costas.

Mas isso durou pouco, a dor fez um ótimo trabalho em alunar o efeito da bebida;

- Κατάρα - elaresmungou, se sentando imediatamente. A loira olhou em volta, e não pode deixarde se perguntar o que seria de sua vida a partir de agora.

The rebel angels will fall - SupernaturalOnde histórias criam vida. Descubra agora