Celine

5.6K 437 14
                                    


- Hum - Dean levantou os olhos de onde ele estava costurando as costas dela

- Hey, hey, calma, você não pode se mexer. - Ela se ergueu sobre os cotovelos e virou o rosto para ele, o analisando por alguns segundos

- Quem é você? O-onde eu estou? - sua voz estava fraca e falha e Dean pode ver seus braços tremerem pela força que ela estava fazendo para se manter erguida

- Burkittsville, Indiana. Eu sou Dean, Dean Winchester. - Ela pareceu pensar por um momento antes de voltar a falar

- Winchester...de qual batalhão você é? o que aconteceu? - batalhão? O loiro não estava entendendo nada. Ela havia batido a cabeça?

Ela olhou para as mãos de Dean, que estavam sujas de sangue, depois olhou para suas costas por cima do próprio ombro, Dean viu seus olhos se encherem de lagrimas no mesmo momento

- Minhas... minhas asas - asas? como assim asas? ela só podia ter batido a cabeça

Dean foi rápido para segura-la quando seus braços cederam, ela chorava desesperadamente, ele se sentou na beirada da cama e apoiou sua cabeça em seu peito, o loiro não sabia o que fazer para tentar acalmar a menina, não é surpresa que ele nunca foi bom em lidar com sentimentos, nem mesmo com os seus tão pouco os alheios

Então, ainda com as mãos sujas de sangue Dean a abraçou e deixou que ela chorasse em seu ombro, ele podia sentir sua dor, seu desespero e desolação através de seu choro e isso despertou algo dentro do loiro, como um instinto de proteção

Ele nem mesmo a conhecia, mas sentia como se precisasse a proteger.

-X-

Ela acabou adormecendo em seus braços depois do que pareceram horas chorando e quando Dean constatou que ela estava, pelo menos minimamente bem, dentro do possível, a única coisa que se passava em sua cabeça era qual seria a reação de John quando ele a visse.

Delicadamente, ele a colocou completamente deitada na cama, quase não resistindo ao impulso de passar as mãos sobre o rosto em preocupação quando levantou

Foi aí que ele se lembrou que suas mãos estavam banhadas em sangue, o que aconteceria se John chegasse mais cedo da caçada e encontrasse a menina naquele estado?

Com pontos enormes que iam quase até a lombar, roupas encharcadas de sangue e provavelmente sem memória?

Dean ainda não sabia se ela estava alucinando devido ao trauma que sofreu ou se realmente tinha batido a cabeça com tanta força a ponto de se confundir de tal maneira.

Asas? Ah claro e eu sou o papai Noel.

Qualquer hipótese era válida menos a que insistia em dominar seus pensamentos desde o momento em que viu os enormes cortes em suas costas

Olhando no relógio em seu pulso Dean constatou que de nada adiantaria sair para procurar por roupas limpas para a menina as 04:00 da madrugada, então checando se seu revólver estava com munição ele rumou em direção a porta, caçaria aquele lobisomem e traria algo para ela comer quando voltasse, as roupas teriam que ficar para depois, ela poderia usar algo dele até lá.

Abrindo a porta com cuidado Dean deixou as sacolas com comida na pequena mesa ao lado da porta

Havia sido uma longa caçada, Dean teve que se desdobrar para achar o lobisomem antes que a lua sumisse do céu ou então ele teria que esperar até a próxima lua cheia

Toda sua exaustão pareceu se exaurir de seu corpo quando ele levantou a cabeça e a única coisa que viu foi a grande mancha de sangue nos lençóis, entrando em alerta rapidamente Dean sacou a arma da parte de trás da calça e começou a andar com cautela pelo quarto, procurando qualquer sinal do que poderia ter entrado ali e levado a garota

O loiro não pode conter a sensação de alívio quando manchas de sangue meio apagadas levaram até o banheiro, onde ela observava com cuidado a própria coluna, com a mão a centímetros de distância dos pontos do lado esquerdo de sua coluna. Ela parecia ter medo de tocar o corte, como se ainda não acreditasse que fosse real.

O loiro guardou a arma rapidamente, não querendo que ela ficasse ainda mais assustada e então raspou a garganta para chamar sua atenção para si

Ao contrário do que ele esperava ela não pareceu assustada, apenas virou a cabeça lentamente em sua direção com algo que Dean identificaria como conformismo transbordando em seus olhos

Antes que ele pudesse falar qualquer coisa, ela tomou a iniciativa

- Obrigada. Eu não sei o que aconteceu ontem, mas eu não estaria aqui se não fosse por você. - Ele apenas assentiu com a cabeça, agora podendo olhar melhor a garota à sua frente, o vestido branco até os pés coberto de sangue e os machucados por todo o seu corpo fazia com que quase parecesse uma cena de filme, ele reparou também em seus longos cabelos loiros e olhos tão claros quanto um amanhecer sem nuvens, a cintura fina e bem marcada no vestido, ela era magra, muito magra, até mais do que o saudável, e estava muito pálida.

Foi isso o que fez Dean sair de seu transe e se lembrar que ela havia perdido uma quantidade enorme de sangue e precisava comer algo urgentemente ou logo desmaiaria

- Ah, bem, eu trouxe comida. E você vai ter que usar uma das minhas roupas até eu conseguir algumas para você.

Ela apenas assentiu com a cabeça, então o loiro copiou o movimento antes de ir buscar roupas para ela

- Eu peguei as menores que encontrei, mas acho que mesmo assim vão ficar um pouco grandes.

- Obrigada. - ela pegou as roupas de suas mãos com cautela, sem sair do banheiro e Dean sem entrar.

Ele voltou para a mesa perto da porta de entrada para dar mais privacidade a ela e logo que se sentou ouviu o chuveiro ser ligado.

...

Dean foi tirado de seus devaneios sobre como contaria sobre isso à John quando a porta do banheiro foi aberta

Ele começou a tirar os hambúrgueres, os dois milk-shakes e os dois copos de café das sacolas

- Eu não sabia o que você gosta então trouxe um pouco de t... - O loiro se interrompeu quando finalmente olhou para garota parada em pé de frente para si

Ela parecia quase completamente curada, a maioria dos seus hematomas dos braços e pernas haviam sumido e ela já não tinha mais a aparência abatida de antes

E ela usava apenas a camisa de Dean, que ia até seus joelhos.

Também parecia não ver problema em usar apenas a camisa, então Dean decidiu que isso não era grande coisa, já que a calça provavelmente tinha ficado enorme para ela, mesmo que fosse a mais apertada que ele tinha

- Hum, então, eu comprei um pouco de tudo - ela continuou parada de frente para ele por um momento, até que pareceu perceber que deveria se sentar

Essa atitude preocupou Dean já que poderia ser um sinal de que ela realmente havia sido afetada, ele só não sabia ainda se era pelo trauma ou pela pancada na cabeça. Quando ele estava prestes a começar a fazer perguntas estratégicas para tentar descobrir o que realmente tinha acontecido com ela os acordes de Metallica começaram a tocar, Dean engoliu em seco quando viu "pai" no visor de seu telefone.

- Eu já volto. É melhor você comer logo, nós vamos ter que sair mais cedo. - Antes que ela pudesse responder ele se afastou para atender o telefone, sabia como o pai não gostava de esperar.

Nos quinze minutos que ela havia demorado no banho Dean tomou sua decisão, ele sabia que poderia apenas deixar ela em uma delegacia para contar o que aconteceu e lá eles resolveriam o que fazer com ela, provavelmente a mandando para uma espécie de asilo especializado caso ela não se lembrasse de nada.

Mas algo nessa garota intrigava Dean, e o fato dela estar machucada, perdida e muito provavelmente sem memória despertava a empatia nele.

Então ele tomou sua decisão, não contaria nada a John por enquanto, pelo menos não até saber melhor sobre o que havia acontecido com ela.

The rebel angels will fall - SupernaturalOnde histórias criam vida. Descubra agora