Capítulo 11 ─ Cássio

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Oiiie meus amores, vocês estão bem? Espero que sim. Vejo vocês agora só na sexta-feira. Beijinhos amores.
Boa leitura <3

[...]

Estou jogado no sofá, cheguei da escola e simplesmente fiquei aqui, preciso pensar, ter um tempo para mim senão eu vou pirar. Hoje faz dois dias que estou neste apartamento perto da minha escola, com o meu pai. Isabel ficou naquela mansão sozinha, cortou meu coração. Eu sei que minha mãe não vai ter tempo de fazer companhia para ela. Vou tentar falar com meu pai, para Isabel poder ficar aqui conosco. Acredito que ele não vai se impor, ele gosta dela também.

Acredita que ele botou a porta abaixo naquela tarde, por que gritei que não iria a lugar nenhum com ele. É está no sangue dos Albuquerques, serem tão explosivos, a explicação por que sou assim está aí.

Tiro o celular do bolso da calça, desbloqueou o celular, procuro o contato de vovó e ligo para ela, dona Helena me atendeu no segundo toque.

─ Oi vovó

─ Oi neto ingrato.

Dou uma risada, e passo as mãos no cabelo despreocupado.

─ Deixe disso dona Helena. Quero saber como vocês estão. Está tudo bem por aí?

─ Acho que você puxou isso de sua mãe Cássio. Desde que vocês se mudaram sua mãe não ligou pra cá. Não tive notícias de vocês.

Bufo. Ela está brava, e com razão. Penso.

─ Meus pais se separaram, vó. Estou em Minas agora.

─ Como é Cássio? Celina não falou para mim e nem para seu avô. E o que vocês têm, que não param em um lugar?

Como suspeitava, minha mãe não contou sobre o divórcio.

─ Estou ligando justamente por isso vó, para avisar. Não sei os motivos por que mamãe não contou. E eles se separaram por que meu pai a atraiu.

Do outro da ligação fica mudo, e temo que vovó passe mal. Eu e minha boca grande. Resmungo bravo comigo mesmo.

─ Heitor jamais faria isso, Cássio. ─ Vovó fala com tanta convicção, que fico desconfiado.

─ Ele fez vó, e pare de defendê-lo.

─ Preciso desligar Cássio, obrigada por me avisar. Se cuida.

E simplesmente desliga. Vovó é atenciosa, sempre nos finais das nossas ligações falava que me amava e me chamava de docinho da vovó. É eu sei, é brega, mas são coisas de vó sabe como é. Ela já atendeu azeda, mas depois do que falei ficou mais ainda. E ainda defendeu meu pai. Reviro os olhos. E coloco meu celular, na mesinha de centro.

Passo as mãos no cabelo frustrado, pensando em Heitor. Meu pai é um homem bastante conhecido entre o mundo da advocacia, principalmente no Rio de Janeiro, ele atualmente está morando lá, mas está aqui por ser teimoso. Está passando uma temporada, para ficar com seu filho, ou seja, eu. Ridículo né? Eu sei, que às vezes passo do limite, mas ele sim passou da zona do meu limite.

Caracas, quando aquele coroa vai colocar na cabeça dele, que não quero vê-lo e muito menos quero ele presente em minha vida? Acho que é uma missão impossível, pra ele. Será que ele não entendeu o quanto me magoou? Sei que ele errou com minha mãe, mas isso me afetou também. Eu não confio nele mais. Primeiro minha mãe, depois a Isabel, agora dona Helena vem defender ele. É muito pra minha cabeça. Deixo esse pensamento de lado. E penso em Irís.

Hoje na escola foi bem interessante, aliás tudo fica mais interessante quando ela está no meio. Hoje Irís não parava de me encarar, no que achei bobo da nossa parte. Eu encarei de volta com intensidade, é como se nos dois tivermos uma ligação, uma atração. Calma aí, o que deu em mim?

Não posso me apaixonar novamente, se é que esse sentimento bobo ainda existe para mim, não sei se vou sentir algo assim algum dia.

Minha ex-namorada, levou tudo que era de mais precioso para mim, meu coração. E logo sinto às lágrimas se formarem em meus olhos, odeio me sentir assim, imponte e frágil. Me sinto assim, sempre que me lembro dela. Mas, sou salvo de me afogar em um dos meus medos mais profundos, pela campainha.

Levantou-me todo desajeitado, e abro a porta. E me deparo com meu pai sorrindo de orelha a orelha, com meu amigo. Gregory. O que ele está fazendo aqui?

─ E aí bebê da mamãe. ─ O babaca do meu amigo me cumprimenta usando meu apelido, perto da pessoa que menos quero que faça parte da minha vida. Faço uma careta, em desaprovação.

─ Ah mano, não vai dar nem um abraço no seu parça? ─ Gregory faz uma careta em puro sacarmos para mim, não aguento e caio na gargalhada. Até que estava morrendo de saudade desse idiota. E lhe dou um abraço de irmão.

Meu pai me olha com o olhar esperançoso e sei bem que ele planejou tudo para meu melhor amigo, vir para cá. Depois que terminamos de nos abraçar, pergunto: ─ Gregory o que faz aqui?

O bastardo do meu amigo, sorrir de minha pergunta. A propósito é tudo que ele faz de melhor, sorrir. Idiota.

─ Seu paizão não lhe contou Cássio? ─ Me pergunta como eu soubesse de alguma coisa.

─ Não Gregory, e pare de me enrolar. ─ Digo sem um pingo de paciência.

Meu pai olha meu amigo com aqueles olhos castanhos claros como se precisasse de apoio, e eu sei que bomba vêm por aí.

─ Eu irei passar uma temporada aqui com vocês, foi o acordo que seus pais fizeram para seu pai ficar com você, por enquanto. ─ Diz Gregory em um só fôlego, e eu estou fervendo de raiva.

─ Como é? ─ Dou um grito em pavor. Como eles ousaram usar meu melhor amigo, para que eu e meu pai ficarmos bem? Que ódio. E o que minha mãe está pensando? Ela disse que íamos ficar juntos, mas isso não incluía meu pai. Por que ela não me disse nada?

─ Calma filho, foi a condição de sua mãe. Ela está preocupada com você, e eu também estou. ─ Diz Heitor como um bom advogado que é, mas comigo isso não cola.

─ Preocupado? Não brinca? Agora sou seu filho, e quando você nos traiu com aquela mulher não era né? ─ Digo com raiva, com ódio e angústia. Tudo que estava travado na garganta falei.

Seus olhos se arregalaram com espanto. Não dou a mínima, ele pra mim não é mais meu pai. Sinto minha respiração rápida.

─ Quando minha mãe e eu nos mudamos foi por sua causa Heitor. O que minha mãe tem na cabeça? Ela não me contou que eu ia ficar com você. E que iriam usar meu melhor amigo para você e eu ficarmos de "bem".

Olho meu amigo, que foi como uma isca para meus país. Estou tão feliz de vê-lo novamente, e ao mesmo tempo triste com meus pais, principalmente com dona Celina. Qual mulher que é traída se a sujeita a isso? Babacas.

Sem qualquer anúncio saio dali explodindo de raiva, deixo eles ali plantados na porta do apartamento. Corro o corredor inteiro, chego até o elevador. Aperto o botão repetida vezes, e o elevador abre e entro. Me escoro perto do espelho, fecho os olhos exausto e frustrado.

Literalmente acho que nasce para sofrer, minha família está destruída e pior de tudo eu estou me sentindo devastado. O que fazer? Não quero ficar me lamentando pelo resto da vida por algo que meu pai fez, e não eu. E minha mãe ainda aceita tudo que ele faz. Sinto vontade de chorar, mas me mantenho firme, respiro fundo.

Você precisa ser forte, Cássio. Penso comigo mesmo. Respiro fundo. E fito os botões do elevador. Vou dar uma caminhada, espairecer a mente. Em seguida o elevador abre, e saio apressado, e vou em passos firmes e largos até as portas duplas do prédio.

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