52 - Inevitável

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POV – Kakashi

- É um lugar bonito afinal, achei que o Raikage iria querer me punir de alguma certa forma. – Anne disse de costas para mim tentando mascarar o que estava sentindo de verdade e me fazer esquecer o que havia acontecido, mas não iria adiantar

- O que foi tudo aquilo que aconteceu?

- Não quero falar sobre isso. – disse sem emoção

- Eu sei. Mas isso não quer dizer que não precise falar. O que foi aquilo?

- Exatamente o que você quer saber? – disse se dando por vencida, mais com um que de raiva por trás do tom perfeito, mas é claro, isso não seria percebido por ninguém mais

- Há muitas coisas que não posso deixar de perguntar. Mas, vou começar com Victor...

- Ele é um amigo muito fiel – ela respondeu antes que eu precisasse formatar a perguntar por completo. – Desde a última vez em que os vimos, Victor foi responsável pela minha segurança junto com Hi... Nora. Quando uma gueixa tem seu cabelo cortado ela se torna invalida, como um alimento podre, então é jogada aos abutres. Acho que se lembra dos impuros, certo?

- Sim.

- Foi no que nos tornamos, sujas, invalidas, mas sempre há a chance de voltar ao que chamamos de vida, é claro, essa não é uma tarefa simples. – Senti sua respiração começar a ficar um pouco irregular, ela estava segurando o choro, repelindo suas emoções- É preciso voltar como se nunca tivesse saído, por isso existem aqueles "ataques" para que se possa ter a oportunidade de se reerguer, mas isso não ocorre muitas vezes. Esperamos lutando contra todos ao nosso redor, caímos por cansasso várias vezes, e fora Victor quem nos ajudou. É um grande amigo apesar do jeito dele.
Ainda não sei como pude me surpreender com essa história, estou lidando com o Clã Oculto e ainda assim espero uma história melhor. Eu desejava trazê-la para mim, poder afagar seus cabelos e tentar amenizar as lembranças que a fiz reviver, que com certeza eram ainda piores do que eu podia imaginar.

Mas...

Eu não fiz isso.

Precisava ser egoísta. Precisava completar as informações que ela ainda escondia de mim, todas as que conseguisse arrancar. E trazê-la para mim me faria perder o foco, como sempre acontecia.

- O acordo com o Raikage? – perguntei ainda olhando para suas costas, ela não se virara em nenhum momento

- Não é algo para seu o nível. – eu entendi o que ela disse, mesmo estando no nível kage, não sou um, então, não devo saber

Permaneci em silêncio junto a ela, aguardando que ela voltasse a ter controle sobre suas emoções, mas muito além das necessidades de Anne, eu estava protelando por mim mesmo. Embora eu saiba que a pergunta precisa ser feita.

- Pergunte logo. – ele ordenou, já sabendo o que eu protelava

- Por que aquelas memórias? Eu sei que não era um genjutsu comum.

- Queria dar a chance de você desistir, ir embora...

- Não vou fazer isso! – a interrompi, e mais alguns minutos caíram sobre nós, até que eu tivesse coragem de perguntar novamente- Apenas responda, por que aquelas memórias?

- Eu já havia contado sobre o que fiz a seu pai, que ele morreu para me proteger; também sobre o que a minha vida fez a sua mãe, que morreu simplesmente porque eu era uma gueixa. – eu já conhecia essa parte, mas era parte do genjutsu, e embora eu não quisesse as ouvi de novo – Mas eu quis deixar o restante de fora, mas isso é cruel com você, porque eu tenho as respostas que podem ser capazes de curar as suas dores, e não quero dá-las. – ela parou de falar e deixou as lágrimas caírem finalmente, seria melhor para ela eu tinha certeza, já havia muita coisa reprimida dentro dela– Quer mesmo que eu continue?

Mesmo que seja proibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora