68 - Liberdade

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Preparem os lencinhos!
Informação:
As partes em itálico não me pertencem, são da música do Jaymes Young - I'll Be Good (link nas notas finais) Uma sugestão é ouvir a música durante o capítulo e ler a tradução


POV – Kakashi

- Eu disse não! – Jiraya gritou contra Anne que se pôs de joelhos no chão e não parava de chorar – Não consigo.

- Por favor! – ela implorava

Jiraya sentou ao lado dela com os olhos marejados, juntei-me a eles, sentando de frente para Anne que na mesma hora direcionou seus olhos para os meus me afogando em suas emoções conflitantes e profundas demais, era incrível que mesmo com todas elas vazando de dentro de si eu não fosse capaz de diferir nenhuma.

- Por favor, faça isso parar! – eu entendia agora – Por favor, não quero mais chorar, não quero sentir dor, não quero machucar mais ninguém, não quero essa vida.

Queria ter a coragem de mestre Jiraya de dizer não para ela, porque esse era o meu desejo, não queria atendê-la, mas não tinha forças para dizer o não que minha mente, meu corpo e meu coração gritavam.

- Você não vai me matar, vai me libertar, eu não precisarei mais ser perfeita, não terei mais uma vida falsa e confusa, não serão mais atrelados a mim, nada disso – gesticulou para o Clã Oculto – será capaz de nos machucar. Serei verdadeiramente livre para amá-los, e vocês para viverem. Serei grata a vocês por tudo o que existiu de bom em minha vida, por eu ter sido alguém normal e amada, mesmo que nada disso seja eu, e tão pouco seja real, porque como uma gueixa nada disso faz sentido.

Eu nunca quis começar um incêndio, ou coisa do tipo que pudesse destruir o Clã Oculto, também não quis fazer vocês sagrarem, de todas as formas que eu consegui fazer, por isso que eu preciso ser uma mulher melhor hoje, mas não consigo isso sozinha, preciso, mais uma vez, que vocês se sacrifiquem por mim, que me deixem ser boa.

Por todas as vezes que eu precisei estar fria, vazia e cruel, por toda luz que eu tenha apagado, por todas as coisas inocentes que eu tenho dúvida, por todos os hematomas que eu causei nas lágrimas, por todas as coisas que eu tenha feito todos esses anos, para todas as coisas perfeitas que eu tenho dúvida.

Eu serei boa, por todas as vezes que eu nunca poderia ser. Mas eu preciso de você para isso, preciso que faça toda essa dor parar.

Era o discurso mais real e verdadeiro que eu ouvira na vida, ainda assim me recusava a aceitá-lo, me mantive firme e inabalável por todas as palavras e lágrimas que Anne gastara nele. Mas, Jiraya assentiu para mim em meio as suas lágrimas, beijou o rosto de Anne, sussurrou algo em seu ouvido e segurou-lhe os braços, ela fechou os olhos, sorriu e abriu-os para mim.

Foi nessa hora que meu mundo parou, não haviam mais opções, aquela era a única que existia, eu iria matá-la, ou ela encontraria outra forma de fazê-lo. Baixei minha máscara e beijei-lhe os lábios suavemente, deixei minhas lágrimas caírem enquanto ela acariciava meu rosto com uma das mãos. Olhei para baixo e a vi segurando a mão de Jiraya, suspendi minha máscara e preparei o chidori.

Anne não era um alvo em movimento, tão pouco um que iria revidar, nem mesmo um alvo ela era. Afastei minha mão um pouco e penetrei-a em seu coração.

Fechei meus olhos para me iludir que ela ainda estava viva, e ainda era minha.

Jiraya a puxou para si, sujando seu corpo com mais do sangue dela. Minha mão estava suja mais uma vez com o sangue de alguém que eu amava. Jiraya chorava como uma criança com sua pequena sem vida em seu colo, ele a ninava e dizia coisas sem sentido para ele muito mais do que para ela, afinal ela morrera.

Mas eu ainda não tinha emoção alguma para alguém que acabara de matar a mulher que ama. Eu só não estava pronto para ver que esse adeus era o último.

Epílogo

POV – Kakashi

Havia chegado no último minuto para impedir que Naruto e Sasuke se matassem. Como Jiraya estava na aldeia e treinava Naruto, deixei que ele cuidasse de seu afilhado. Era um tanto quanto nostálgico estarmos juntos, me traziam lembranças boas cercadas de outras mais, sendo que essas ruins.

Sasuke se parecia comigo, não a melhor parte devo admitir. Ele lembrava a mim depois de perder a meu pai, Obito e Rin, não foi o meu momento mais sensato, mas foi o que eu achei ser o correto. Infelizmente estava vendo meu aluno ir pelo mesmo caminho mais de uma forma mais intensa, afinal ele perdera toda a família de uma vez pelas mãos do próprio irmão.

Precisei amarrá-lo a uma árvore para conseguir fazê-lo falar comigo, mas é claro que isso não me garantia que ele iria aceitar o que eu iria dizer, nem mesmo que ele iria prestar atenção, só me garantiria que ele seria obrigado a ouvir.

Mas é claro que nada do que eu falava fazia com que o desejo de vingança dele fosse sanado, nem sua raiva diminuir.

- Que tal então eu matar a pessoa mais importante para você agora? – a pergunta não me pegara de surpresa, na verdade a esperava até antes – Você sentirá o quanto suas palavras estão erradas.

- Bem, você até pode fazer isso, mas... – me lembrei do rosto de meu pai, Obito, Rin, Minato e Anne, todos de alguma forma foram mortos por mim – Infelizmente não há nenhuma pessoa assim...- vi o seu rosto se suavizar um pouco – Todos já foram mortos.

Seu rosto me mostrou o espanto que aquelas palavras tiveram sobre ele. Ao que parece ele se sentia único em sua dor, tal como eu um dia já me senti. Se ele conseguisse perceber o erro que está prestes a cometer sua vida será diferente, mas o sangue em minhas mãos me assustará até a minha morte.


Como foi para vocês lidar com esse fim? Emocionadas? Revoltadas? Esperavam esse fim? Contem-me tudo! Episódio retratado - Naruto clássico 108

Mesmo que seja proibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora