65 - A melhor parte de mim

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POV – Kakashi

Desculpas? Quem imaginaria?

Aquela era a primeira vez que eu o via sem a máscara e diferente do Conselheiro Samurai ele não tinha o rosto coberto por queimaduras, era um rosto limpo com traços perfeitos, com toda certeza era um homem bonito.

- Assustado garoto? Por que eu não sou uma aberração? – achei que a pergunta era para mim, mas ele olhava para Guy, que estava com a boca aberta, surpreso – Não sou o monstro que vocês imaginam e que eu os fiz acreditar que sou. Os monstros de verdade estão lá fora destruindo tudo.

- Como pode chamar esses Samurais e essas Gueixas de monstros depois de tudo o que fez a eles? – Jiraya perguntou

- Não, eles não são, eu fui para eles. Os únicos monstros que tem aqui são os tigres da Herdeira Principal. E eu peço perdão por isso, mas não consegui suprimi-las. Eu tentei. Tentei muito e de todas as formas que consegui. Foram anos tentando, mas elas são poderosas demais para mim, principalmente juntas.

- Elas? – perguntei

- Moira e Poliana, os dois tigres que Anne não controla. Elas arquitetaram essa destruição, tudo isso são elas. Cada grito que deram foram elas.

- Não me lembro de nenhuma delas me punindo. – Anne constatou com rancor

- É claro que não lembra. Consegui suprimi-las da sua mente. Moira e Poliana eram as duas maiores gueixas que o Clã Oculto tinha, como o próximo herdeiro deveria me casar com uma e meu irmão, o Conselheiro Samurai, deveria se casar com a outra, mas elas fizeram o plano de meu pai desabar. Meu pai não sabia o que fazer, saiu do Clã Oculto, quando retornou não estava em si, havia bebido muito, pegou meu irmão pelo pescoço e colocou seu rosto em água quente, por isso as queimaduras no rosto. Sua visão foi comprometida, então substituímos seus olhos, mas seu rosto não seria mais o mesmo, ele adotou a máscara, e eu o acompanhei.

Meu pai não era uma pessoa muito boa, então, o clã acreditou que quando eu assumisse o governo as coisas ficariam melhores. Por isso, em uma das entradas dos impuros, ele foi morto, na época pensei que fosse uma revolta por essa criação imunda que ele tinha feito, mais tarde descobri que era a fé das pessoas em mim. Quando assumi, tentei melhorar e amenizar ao máximo possível todas as loucuras que meu pai havia feito, mas logo percebi que não daria certo. A cada beneficio que recebiam, mais se revoltavam, criavam conflitos entre si e não controlavam suas ações, estiveram muito tempo sendo subjugados não sabiam como se comportar com regras leves.

Poliana dizia que eu deveria ser mais severo com eles, mas queria dar a eles a liberdade que nunca tiveram. Quando Moira engravidou, ela exigiu que eu cumprisse as regras do Clã Oculto e foi comigo até sua melhor amiga para que ela marcasse seu filho, mas ela recusou e Poliana fez questão de matá-la. Achei-a doentia, mas era aceitável para o padrão de vida que tínhamos, quando engravidou exigiu as leis mais severas e eu atendi. Somente depois de minha filha nascer entendi o sacrifício que elas haviam feito ao morrer.

Colocaram dentro de Anne, todo o seu chacra. Minha pequena criança tinha três chacras. Pensei em voltar para as regras que impus antes da gravidez de Poliana, mas era arriscado, estava sozinho com um bebê. Aos 3 anos ela perdeu o controle, coloquei-a num genjustu para que ela não percebesse o que estava acontecendo, mas o poder continuava a emanar dela, como se corpo não suportasse. Fiquei trancado o dia inteiro com ela em meus braços ninando-a enquanto eu chorava de desespero.

Quando fez 6 anos, seu poder se ampliou e ela perdeu o controle de novo, mas dessa vez foi diferente da primeira, não conseguia mais conter seus gritos, meu irmão apareceu para ver o que acontecia junto de outros samurais. Se eles soubessem que Anne tinha o chacra de Moira e Poliana iriam querer matá-la, ou extorquir seu chacra, o que daria no mesmo, para protegê-la, eu a bati. Os gritos passaram a ter significados diferentes para mim, para os outros e para ela.

Anne passou a se descontrolar muitas vezes, por isso precisei intensificar as regras do Clã Oculto, caso contrario ela seria descoberta. Não foi fácil lidar com isso, mas não tinha encontrado uma forma de suprimi-las e nem de arrancá-las, e meu irmão tinha cada vez mais certeza de que havia algo de diferente em como eu tratava a minha menina, que eu escondia algo importante dele.

Mas eu nunca revelei a ele o que Anne tinha, era o meu segredo. Anne era a melhor parte de mim. Eu a amo por isso, e sinto muito por tudo o que fiz, não foi a melhor forma de comandar o Clã Oculto e nem de cuidar da minha filha, mas foi a única que consegui fazer dar certo.

- Desculpe, ainda não sei se sou capaz de ser boa para você.

- Não pediria isso a você, mas merece a verdade antes do meu fim.

- Eu não vou matar você.

- Sei disso, mas existem vários que adorariam fazer no seu lugar.

Anne segurou meu braço para manter-se firme em seu lugar, e seu chacra tornou a "vazar"

- Seu tigre é muito bem conectado a você, desistiu de destruir o meu antes mesmo que você pudesse ter certeza a esse respeito. Precisa invocá-lo de novo, ou vai continuar se sentindo mal, faça com que ele coma um dos tigres.

- Por que eu ouviria você? Quem me garante que tudo isso não é mais uma forma para me controlar e me machucar.

- É isso o que o meu tigre fará.

Ele invocou um tigre branco, feito de puro chacra, o tigre aguardou e Anne invocou o seu tigre tão grande quanto o do Grande Líder Samurai, mas era vermelho, e exalava fogo. Antes que eu pudesse analisar cada detalhe eles se foram e Anne me soltou.

Mesmo que seja proibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora