Me Ame Se For Capaz - Camren fanfic

Nine - Jaguarzito

Muitos dizem que os opostos se atraem, mas sejamos francos. Há algo de mais insuportável no mundo do que ver no outro os seus próprios defeitos? — Me Ame Se For Capaz.

Quando criança, olhava para os pais e pensava no quão incríveis eram. Lembrava-se do cheiro da grama, do falecido pastor alemão — apelidado carinhosamente de Tommy — que quase sempre a acompanhava durante as aulas de montaria. Recordava-se também dos olhos castanhos esverdeados de Clara que sempre ralhava com trejeitos rígidos ao vê-la chegar suada e cheia de gramas após um tombo. Eram memórias antes tão vivas em seu íntimo, que pouco a pouco perdiam-se em meio a brigas e provocações, com olhares de desprezo e intolerância. 

Do outro lado da balança havia Michael Jauregui, sua personalidade passiva e levemente pacifica era o ponto de equilíbrio naquela casa, mas Lauren estava ciente de que o homem no final das contas sempre acabaria cedendo as frases manipuladoras da aposentada ex bailarina.  Prova viva disso fora o faditico dia em que o homem observou a própria filha embarcar num vôo só de ida para França, e mesmo com o olhar tristonho, ainda sim não se opôs a esposa, no final das contas era ela quem ditava as regras, e sinceramente? Lauren Jauregui estava cansada de segui-las a risca.

Perdera uma das pessoas mais importantes de sua vida ao ser sempre tão submissa e obediente.

Havia ficado sem falar com Clara pelo resto do final de semana, não encararam-se nos olhos por nenhum segundo sequer, orgulhosas e implacáveis. Igualmente opostas em suas próprias particularidades. Custava muito de si admitir ter herdado todos — ou quase —  defeitos da Jauregui mãe. Era desesperador olhar para o ser que mais a decepcionava no momento, e ironicamente enxerga-la como um reflexo.  Segundo a psicanálise, odiamos nos outros tudo aquilo que secretamente nos enjoa em nosso próprio íntimo, mas como poderia tamanha façanha? Como poderia ela ser tudo aquilo que mais desgostava?

Diferente do show de ignorância oferecido a figura materna, interagiu de forma surpreendente com Camila todos os dias através de uma rede social, onde trocaram curtidas e comentários. De fato, as coisas começavam a ficar favoráveis para que um clima de amizade começasse a florescer.

— Está esperando alguém, papa? — A garota perguntou ao Jauregui, enquanto observava o carro desconhecido buzinar.

Antes mesmo que lhe fosse dirigida uma resposta, os vidros do carro luxuoso abaixaram-se, revelando uma surpreendente Camila de óculos escuros acomodada no banco traseiro.

— Hey, Jauregui. Vai uma carona? E já aviso que não aceito um não como resposta.

Michael observou a situação com silenciosidade, levemente apreensivo em ver sua filha próxima da filha dos Estrabao's, a mesma não parecia ter um comportamento digno para uma menina de dezoito anos. — E nem para qualquer idade.

— Bom, vou indo direto para vinícola então, coincidência ou não, tenho uma reunião com Alejandro acerca de nosso novo projeto. — Michael colou os lábios na testa da filha com carinho, apesar de suas falhas, não chegava a ser um mau pai. — Peça desculpas a sua mãe quando voltar. Ela está triste . — Sussurrou, escutando Lauren bufar. 

E preocupada. — Completou o homem enquanto analisava a cubana acomodada dentro do carro, distraída com seu smartphone. Aquela aproximação entre as duas soava como uma lastima aos olhos da Jauregui mãe e ele, bom, não podia discordar.

Camila Cabello Estrabao era uma adolescente implacável.

— Sinto muito, mas isso não será possivel. — A garota de olhos verdes respondeu de forma simples, logo tratando de rumar em direção ao carro que estava a sua espera. Ainda sentia-se rancorosa acerca dos acontecimentos entre ambas as mulheres, e pedir desculpas não estava em seus planos.