N/a: Já estão com paninhos preparados para passar para a Senhorita Cabello hoje?
_________________Sentada na borda da piscina, observava a paisagem cheia de pinheiros a sua frente, o vento gélido daquele final de tarde bagunçava seus cabelos, enquanto permanecia de olhos fechados. Ora ou outra escrevia — e desenhava — no pequeno papel descartavel de forma alheia, era bom rabiscar tudo aquilo que não podia falar. O desenho abstrado da paisagem a frente estava esboçado de forma rápida e com traços imprecisos. De fato, não era uma desenhista nata e de dons absurdos — ao menos ela achava que não, embora Normani sempre a elogiasse com discursos contrários a sua própria percepção — gostava de descontar o stress em palavras e imagens, no final de contas, a arte entorpecia cada átomo de seu corpo de forma inegável.
Falava pouco, pensava bastante, e no fim das contas vomitava tudo em forma de palavras e frases que logo em seguida eram rasgadas e jogadas no lixo.
Me soa engraçado estar a beira de desistir desse titulo de filha perfeita. Eu mal lutava por ele de forma consciente.
Era automático.
Depois da morte de Christopher — ou ate mesmo antes, por que não? — me vi imersa numa piscina de pressões que reprimiam-me até o jeito de andar. Lembro-me vagamente de estar em uma aula de etiqueta, havia acabado de completar oito anos, meu irmão era vivo nessa época. Meu eu infantil andava pela sala com um livro na cabeça, enquanto escutava ao fundo Clara dizer que aquilo me ajudaria a manter a postura e o ar confiante, andar sempre de queixo erguido.
Eu estava concorrendo para Miss Paris, me recordo até hoje do brilho orgulhoso nos olhos de Clara em ter uma filha linda, acredito que, na mente dela as aparências de uma mulher valiam mais do que seu intelecto.
Deploravelmente cresci em meio a tais filosofias, deploravelmnete me alimentei de todas elas e, deploravelmente já me sinto anestesiada demais para que possa de fato vomita-las de meu estômago.
Já estão hoje tão cravadas em minhas entranhas que o simples ato de errar me torna ansiosa.
"Ombros caídos são para perdedores, Lauren. Você é uma lady, tem o sangue de seu tataravô que ajudou a construir a França correndo pelas veias. Honre-o".
Riu irônica diante das lembranças, enquanto os dedos ágeis escreviam pela folha com delicadeza, naquela caligrafia bem feita com requintes aristocráticos. Até mesmo nisso os Jauregui-Morgado's se atentavam, eram afinal tão próximos da realeza de Mônaco e também Espanhola. De si, não esperavam menos do que um requinte cheio de pompas.
Enfiados garganta abaixo a todos os pequenos Jauregui's ainda com poucos anos de vida, mantidos em cárcere privado e prisioneiros da própria essência herdada de uma família secular.
Com sentimentos gélidos e entalados na garganta dos quais ela nunca se permetia sentir com afinco, tratou de rasgar o papel em míseros pedaços e joga-los no lixo, como se de alguma forma junto deles fossem também seus problemas e suas responsabilidades. As vezes pensava na carta que Christopher havia deixado em suas mãos três meses antes de sua morte, temorosa de que sua mãe tomasse consciencia de tal envelope, escondeu o mesmo dentro de uma das caixas de seus sapatos, mas a verdade é que sentia medo. Medo de descobrir algo do qual não estava preparada.
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Me Ame Se For Capaz - Camren fanfic
FanfictionMuitos dizem que os opostos se atraem, mas sejamos francos. Há algo de mais insuportável do que ver no outro os seus próprios defeitos? - Me Ame Se For Capaz. Seguindo algumas vertentes da Teoria do Caos - criada para fins matematicos, fisicos e e...