— Quando vai comprar o vestido de noiva? — Perguntei enfiando minha colher no pote de sorvete. — Não ouse se esquecer de me chamar.
— Estamos com problemas para escolher a data. — Mary disse parecendo estar com a língua presa, o que me fez rir. – Mas assim que resolvermos isso vou comprar o vestido.
— O Robert se arrependeu e agora ta colocando dificuldade? — Falei com uma ponta de sorriso no rosto. Uma das coisas que eu mais gostava era de perturbar a Mary. Ela era uma das pessoas mais fofas que eu conhecia.
— Estamos decidindo as coisas devagar, porque ele disse que quer algo especial. — Ela colocou as mãos no rosto. — Eu tinha medo de morar com ele, mas agora penso que foi a melhor escolha que fiz.
— Claro que foi! — Falei olhando em volta. — A casa está sempre limpa, porque seu noivo é um maníaco por limpeza. — Ela riu e deixou sua colher cair no chão.
Eu gostava muito de ir à casa da Mary, principalmente quando ela estava sozinha. Robert e Mary finalmente resolveram morar juntos, já havia sido uma novela para ela aceitar casar com ele, mas as coisas passaram a funcionar quando deixaram seus problemas de lado.
Quando o Robert me implorou para entregar um bilhete para uma garota dois anos atrás, eu não imaginei que iria gostar tanto dela e que aquela garotinha insegura se tornaria minha melhor amiga. Eu soube que Mary era tímida desde a primeira vez que a vi na biblioteca. Eu era a bibliotecária carismática e acabava perdendo tempo avaliando as pessoas. O romance caiu em seu colo quando um rapaz, o Robert Parker, encontrou um desabafo triste da garota em um livro da biblioteca. Depois que pensei sobre isso, parecia tudo muito planejado, porque tinha tudo para dar errado e aqueles dois nunca se encontrarem. Eu fiz a ponte entre o casal, e me sentia satisfeita por isso.
— Ele está trabalhando? — Perguntei enquanto ela estava na pia lavando a colher. — No sábado?
Brinquei com seu cabelo, que estava preso num rabo de cavalo alto. Talvez Mary pudesse achar que tudo nela era meio termo, sendo que seu único problema era não saber usar de seu charme. De qualquer forma o Sr. Parker foi atraído a primeira vista, mesmo que ele dissesse que não, eu vi o momento em que ele viu a garota pela primeira vez, até porque eu mostrei a ele. Até podia ser curiosidade, mas quando apontei para a garota tímida de cabelos castanhos e ondulados andando em direção a saída da biblioteca, ele piscou seus olhos talvez surpreso, talvez admirado, e não hesitou em correr atrás dela.
— Está dando aulas de dança no estúdio aos sábados. — Ela respondeu voltando para a mesa com a colher. —Robert é mais feliz desse jeito. E é só de manhã, então mais tarde ele todo meu.
— Ui. — Falei rindo. — Se quiser pode me contar os detalhes, até os momentos sórdidos. — E gargalhei quando ela empurrou meu ombro, envergonhada.
Quando olhei para o pote de sorvete percebi que já tínhamos acabado com ele. O tempo passava rápido quando eu estava com determinadas pessoas.
— Só com você que eu tomo sorvete quando está frio lá fora, Hana. — Mary disse levando as coisas para a pia. — O Ethan já voltou da casa dos pais?
— Já. — Falei me encostando no balcão enquanto ela lavava as colheres. — Ele até me levou para a aula ontem.
— Eu me sinto tão feliz que vocês dão tão certo. — Mary enxugou as mãos e foi me empurrando para a sala.
A casa deles era apenas a cara deles, com direito a fotos em porta retratos e almofadas coloridas.
— Meu presente de casamento vai ser um preservativo. – Falei e a Mary jogou uma almofada em mim. Comecei a rir fazendo-a rir também. – Robert vai me agradecer.
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Temperamental
RomanceEu percebi que a luz que entrava pela janela do meu quarto era muito bonita e deixava o ambiente iluminado de uma forma bem especial. Percebi também que era ótimo ler no ônibus em vez de ficar olhando pela janela e fingindo estar gravando um vídeo c...