Capítulo 4

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— Qual seu diagnóstico? Bipolaridade? Depressão? Crise de ansiedade? Já li sobre tudo. — Falei intimidada pelo olhar do psicólogo.

Achei que seria mais fácil enfrentar aquilo, mas na verdade não consegui ser tão sincera quanto achei que seria. Minha vontade era resolver tudo numa sessão, ser capaz de voltar a ser a Hana sorridente e confiante, mas até meu lado mais doido sabia que não seria assim. É um conjunto de ajuda externa e ajuda interna, as coisas precisam casar para começarem a funcionar. Por isso sempre dizem aos alcoólatras que eles precisam se ajudar e querer sair dessa.

Tocar no assunto era suficiente para fazer tudo dentro de mim latejar dolorosamente. Acabei sendo apenas tímida na primeira sessão ao psicólogo e fiz de tudo para desviar do assunto.

— Vamos beber até esquecer os problemas. — Theodore disse enquanto dirigia.

— Que houve, Theo? — Perguntei observando o semblante chateado do garoto.

Ethan estava trabalhando naquela tarde, então meu grande amigo Theodore se ofereceu para me buscar no consultório. Eu não tinha muitos segredos com meus amigos, porém apenas o meu namorado conseguia me acalmar nos meus momentos de tristeza extrema. Quando conheci Theo percebi rapidamente que nos daríamos bem, que tínhamos um senso de humor semelhante, e que ele gostava de mim.

— Todo mundo está namorado e a menina que eu tava ficando resolveu terminar comigo. — Suspirou. — Estou na bad.

— Ela é doida? — Falei alto. — Como é que se larga um homem desses? — Theo começou a rir e olhou para mim rapidamente me fazendo sorrir. — Não é possível. — Continuei indignada.

Theo era muito bonito. Eu ainda via um garoto nele, mesmo que poucos anos me fizessem mais velha que ele. Theo tinha uma aura travessa e corajosa, mas seu corpo era como um imã para as pessoas, ele chamava atenção com um sorriso e até com seu andar. Sua pele era como o brilho do sol no clima sem cor de Surrey, era como se tivesse um eterno bronzeado perfeito, fosse inverno ou verão.

— Tudo bem que ela queria relacionamento sério e eu disse não. — Theo continuou lamentando, e meneei com a cabeça. — Mas a gente podia se divertir mais um pouquinho.

— É... Mas só funciona se as duas pessoas quiserem. Você levou um pé na bunda, amigo, aceite. — Abri a janela do carro deixando o vento bagunçar nossos cabelos. — Vamos beber, Theo!

— Sou gostoso demais para estar na bad. — Ele suspirou negando com a cabeça. — Você também é gostosa demais para estar triste.

— É verdade. — Coloquei a cabeça para fora da janela. — Somos sexys! — Gritei e ele caiu na risada.

A senhora do carro ao lado fez uma cara feia, mas eu dei língua para ela e fechei a janela.

A moça que trabalhava no bar ficou de olho no Theodore. Ela não parava de olhar para nós enquanto passeava entre as mesas. Aquilo não me surpreendia. Quando o vi pela primeira vez quando fui encontrar a Mary, eu me senti atraída pelo garoto bonitão.

— Se você quiser encontrar outra ficante é só piscar para aquela garota. — Falei pegando uma batata frita. — Talvez até role um sexo casual.

Ele olhou para ela, mas pareceu desinteressado. A moça ficou vermelha quando percebeu que nós dois estávamos olhando e falando coisas. Ficou ainda mais sem graça quando a chamei. Theo umedeceu os lábios, era um hábito que ele tinha, já que seus lábios eram largos e cheios.

— Vamos querer mais uma garrafa. — Falei e ela anotou o pedido.

— Estamos com uma promoção hoje, então se pedirem outra porção de batatas, ganha uma de graça. — Ela disse alternando o olhar entre mim e ele. — Vocês formam um casal bonito.

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