Capítulo 12

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— Hana, meus pais virão em breve para Surrey. — Ethan disse.

Eu me sentia um pouco sonolenta. A luz já estava apagada e nós estávamos deitados.

— Qual problema? — Me virei para ele tentando despertar do meu sono.

— Eles podem tentar te machucar. — Cocei os olhos enquanto ele falava. — E não sei se vou suportar isso.

— Eu sou bem forte. — Ouvi sua risada e seus braços me puxando para mais perto. — Bato neles se você quiser.

— Promete que vai ficar bem?

— Prometo. — O abracei. — Afinal de contas, é sua formatura.

Acabei dormindo enquanto ele afagava meu cabelo.

Os pais coreanos de Ethan ainda viviam com costumes do seu país mesmo tendo imigrado há tantos anos. Ele me contava que principalmente a sua mãe ainda sonhava que ele se relacionasse com alguém de lá. Eu apenas sentia pena da pobre senhora que vivia num passado e não abria seus olhos.

Ethan ia formar-se finalmente. Eu admirava como sua vida parecia tranquila no geral, ele pouco se estressava com as aulas ou até com o trabalho. Ele apenas avisou que iria formar como se não fosse grande coisa. Ethan era assim, vivia de um jeito grandioso, mas não se gabava por isso.

— Ethan vai se formar. — Falei ajeitando as fotos. Ainda doía olhar para aquela foto no columbário. Eu troquei as flores do Jason e respirei fundo olhando todas as coisas dele que estavam naquele pequeno espaço. — Eu estou um pouco ansiosa por ele. Aposto que se você estivesse aqui estaria fazendo uma festinha para comprar um terninho, não é?

Às vezes eu só queria que ele aparecesse nos meus sonhos para conversar comigo. Quando perdi meus amigos e meu namorado, Jason era uma das únicas pessoas que eu conversava.

— Tem horas que bate um cansaço. — Falei mexendo numa mecha do meu cabelo. — Tem dias que não dá vontade de sair da cama. Mas então eu lembro de você. Se você tivesse uma segunda chance não estaria hesitando. Lembrar de você tem me dado força ultimamente. — Suspirei. — Estou lutando contra a vontade de chorar, Jason. Lembra quando eu te disse para não desistir, que a gente ganha o que é nosso mesmo que demore? Às vezes parece que você só veio para me fazer feliz.

Passei a mão no nariz, porque a vontade de chorar era muita.

— Obrigada, irmãozinho. — Coloquei o cabelo atrás da orelha. — Eu prometo que vou levantar da cama mesmo que os problemas estejam me esperando do lado de fora. Eu vou sempre procurar o lado bom das coisas e tentar ajudar o máximo de pessoas que eu puder. Ah, e sempre virei trocar suas flores.

Eu queria muito ouvir sua voz, mas alguma coisa me dizia que ele estava me escutando de onde estivesse. E eu rezava para que sua alma ainda existisse, e que fosse num lugar bom.

Caminhei pela calçada ainda sentindo a presença do meu falecido irmão em meus pensamentos. Tinha combinado de encontrar o Theo e o James num café na tarde de sexta-feira, quando estávamos todos de folga. Havia aceitado passar mais tempo com as pessoas, como instruiu o doutor Carter, e os amigos de Ethan tornaram-se amigos ainda mais próximos juntamente com a Mary.

— Talvez Natan só precise dos amigos e do seu próprio tempo. — Falei de observar a preocupação dos meninos com o caso de Natan. — Talvez ele deva aprender a ficar consigo mesmo outra vez.

— É um saco estar solteiro. — Theo suspirou mexendo no canudo do seu milk shake.

— Você não quer namorar. — James comentou mexendo no canudo do seu café americano. — Está sozinho porque quer.

TemperamentalOnde histórias criam vida. Descubra agora