Capítulo 9

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Ethan não parava de rir enquanto eu cantava no carro. Eu era desafinada, e não era pouco.

A estrada estava vazia, as janelas abertas, meu cabelo voando e o céu azul.

— Eu tinha chamado os outros, mas parece que todo mundo tem compromisso. — Ethan disse olhando para frente. Ele estava de óculos escuros.

— A casa é toda nossa. Espera, minha música!

— Deus do céu! Segundo você todas são suas músicas.

— Me deixa cantar. — Fiz uma careta e um sorriso se formou em seu rosto.

— Deixo. Deixo você fazer o que quiser.

E eu cantei. Meu psicólogo disse para eu colocar para fora, qualquer coisa, mesmo que doesse, porque seria mais doloroso se eu guardasse. Também prometi que iria doar as coisas do Jason. Ele era um bom garoto e tinha certeza que iria concordar comigo.

Às vezes quando eu pensava nele na hora de dormir, eu não conseguia pegar no sono. Eu ainda chorava um pouco, na verdade chorava muito. Mas embora dolorosas, eram boas memórias, e muitas vezes me permitia sorrir enquanto as lágrimas escorriam.

Quando chegamos à casa de praia em Brighton, eu larguei tudo lá dentro para ver o mar. Haviam poucas pessoas e nós dois brincamos na água por muito tempo. Theo havia concedido a chave da casa para seu amigo, e fortes memórias da nossa primeira viagem vieram em minha mente, porque foi lá que talvez eu tenha notado Ethan.

— Você não está fazendo isso certo. — Reclamei fazendo o Ethan dar risada. Ele inventou de cozinhar e estávamos discutindo sobre como cortar o frango. — O Peter corta diferente.

— Meu jeito de cozinhar. — Ele me empurrou para longe da pia. — Respeita.

— Querido diário, embora meu namorado seja um gostoso, ele não sabe cozinhar. — Falei alto e ele espremeu os olhos para mim. — Meu psicólogo disse que posso tentar escrever um diário.

— Você não está escrevendo.

— Querido diário, meu namorado devolve todas as minhas patadas. — Ele acabou rindo e voltou sua atenção para o frango, o qual ele enfiou a faca. — Coitado do franguito.

O celular do Ethan começou a tocar em cima da mesa, e pelo no visor estava escrito "Mãe". Eu mostrei a tela para ele, o qual suspirou.

— Atende e diz que estou ocupado. Se não atender ela vai ligar o tempo inteiro.

Eu ainda não conhecia a família do Ethan. Não sabia nem se eles sabiam da minha existência.

— Ih No? — Uma voz feminina disse quando atendi. — A senhora Taylor me disse que você estava com uma garota na rua e segurando a mão dela. Ainda é aquela menina?

Eu fiquei em silêncio. O que deveria responder naquele momento? "Oi, sou a Hana, a gostosa de quem você está falando." Ou talvez "É, ainda é aquela menina, e ela é muito linda."

— Senhora Kang? — Falei e fiz uma careta, senti que estava pisando em ovos. Ethan parou para me observar. — Ele está ocupado no momento.

— Quem é você? — A mulher disse num tom de susto. — Onde está o Ih No? Quer dizer, o Ethan.

— Meu nome é Hana. Hana Collins. Sou a namorada dele.

— Ahhh, então agora ele deixa a namorada atender o celular. — Ela riu, e de alguma forma me senti desconfortável.

— Algum problema? — Insisti querendo entender porque soou como se alguém estivesse brincando com a minha cara.

— Então, Hana, o meu filho tem o péssimo hábito de não apresentar suas namoradas a família, porque ele sabe que é passageiro. Não aprovo isso, já peço desculpas por ele.

TemperamentalOnde histórias criam vida. Descubra agora