Parte 21

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George

Ao sair do colégio fui direto para a editora Miller, e como o trânsito fluía bem acabei não demorando muito para chegar. Antes de descer do meu carro, peguei minha pasta e então subi. 

- Hora, hora quem resolveu aparecer... Ainda não me conformo de um filho meu passar o dia todo trancado em uma sala cheio de malditos pirralhos - Minha mãe falou ironicamente ao me ver e logo se levantou para me dar um abraço. 

- A senhora sabe bem que a sala de aula é a minha vida, e que eu me matei de estudar para chegar onde estou... 

- Aí George, esse discurso já sei cor... Parece o traste do seu falecido pai! Mas enfim, a que devo a honra da visita meu amor? 

- Quero que leia essas poesias - Proferi, as entregando. 

- Hum... Alfred de Musset? - Minha mãe questionou enquanto ainda lia. 

- Passou longe... Esses poemas foram escritos por Gabriel Alencar, um promissor jovem bolsista que acaba de chegar na cidade - Falei empolgado, de fato eu estava fascinado por aquele menino. 

- Notasse que ele tem domínio com as palavras, se as usar da forma correta, irá longe! 

- Justamente isso que eu pensei mãe! Por esse motivo, o convidei para um jantar lá em casa hoje a noite. Quero que você conheça ele e quem sabe... 

- Lá vem! Meu filho, você não perde essa mania de querer abraçar o mundo, alguém ainda vai acabar se aproveitando de sua bondade! Mas... tudo bem, jantar confirmado, o que não quer dizer que eu irei lançar um livro desse fedelho - Sorrimos, lhe dei um forte abraço e em seguida fui embora dali. 

Gabriel 

Assim que cheguei em meu quarto no centro estudantil liguei para Dora, porém, sem sucesso. Eu precisava conversar com alguém sobre os últimos acontecimentos e de como a vida estava se abrindo pra mim. Durante a tarde estudei, saí para conhecer um pouco mais a cidade, comprei algumas coisas até que finalmente anoiteceu. As sete em ponto eu já estava na portaria do prédio, vestindo a minha melhor roupa e com a sensação de borboletas no estômago. Não demorou muito para que o professor surgisse em seu carro. 

- Boa noite professor - Falei meio tímido ao entrar no veículo. 

- Hum... podemos combinar uma coisa? - Ele perguntou, me fitando de forma serena. 

- Claro, pode falar. 

- Fora de sala de aula, somos apenas George e Gabriel... Tudo bem? 

- Pode deixar... confesso que realmente é estranho, nunca tive um professor assim, quase da mesma idade que eu - Ele sorriu. 

- Muitas pessoas já me disseram isso, mas idade é o de menos, o que importa é o conhecimento. Acreditaria se eu disse que passei a tarde inteira pensando em você? - George questionou, estranhamente fazendo o meu coração disparar. 

- E... Isso é bom ou ruim? 

- Bom, depende do seu ponto de vista... só não vá pensar que eu sou um psicopata - George disse e acabamos caindo na risada... Assim, logo fui ficando mais relaxado. 

Seguimos o resto do percurso inteiro conversando sobre diversas coisas, em certos momentos eu até me assustava com a quantidade de coisas que tínhamos em comum. Durante o jantar, contei um pouco da minha história para família do George, conversarmos sobre diversos assuntos e finalizamos aquela noite com a promessa de em breve nos reencontrarmos. Assim, em torno de onze da noite, George me deixou de volta no centro.

- Acho que você conquistou a minha mãe, sinta-se privilegiado pois isso não é pra muitos - Nós sorrimos. 

- Ela é assim, tão durona? 

 Não que seja durona, só um pouco nariz em pé. Mas... já vi que é impossível alguém não gostar de você... sua energia é muito boa - Naquele momento, um silêncio se instalou no local e pude confirmar que algo de diferente estava rolando ali pois estávamos visivelmente tensos - Bom, está entregue! 

- Muito obrigado por tudo, você foi incrível comigo sem nem ao menos me conhecer direito. 

- Não se preocupe, ainda teremos muito tempo para nos conhecermos a fundo - Sorri e então nos despedimos com um simples aperto de mão. 

George 

Cheguei em casa me sentindo estranho, porém de uma forma positiva. Era incrível como aquele garoto havia despertado sensações em mim que a tempos eu não sentia. Sentando no sofá, tirei do bolso um dos poemas escritos pelo Gabriel e mais uma vez passei a ler. 

- Amor a primeira vista? - minha irmã Micaela questiona sentando-se ao meu lado, o que me desconcertou. 

- Do que tá falando? - Respondi, deixando o poema de lado. 

- Desse garoto, o tal Gabriel! Vi a forma como você o olhava durante todo o jantar - Ela disse e então começou a fazer cócegas em minha barriga. 

- Para com isso, o que eu sinto pelo Gabriel é apenas admiração... tenho certeza de que ele será um grande autor muito em breve. 

- Não mente pra mim George, te conheço desde sempre... você tá gostando desse brasileiro! 

- Tá bom, você venceu! Eu tô sim sentindo coisas pelo Gabriel, mas eu não sei explicar... Desde que li seus poemas e olhei pela primeira vez em seus olhos... sinto um vontade imensa de estar sempre perto dele. 

- Sabia, os seus olhos chega brilham quando fala nele. Mas maninho, por favor... vai com calma! Eu não quero te ver sofrendo mais uma vez, ainda lembro bem daquele babaca que só se aproximou de você por dinheiro. 

- Isso é passado Micaela, e o Gabriel é diferente... Eu sinto isso aqui! - Proferi, posicionado a mão sobre o peito. 

Vinicius 

A minha vida andava meio sem sentido após a partida do Gabriel. Eu passava a maior parte do tempo trancado em meu quarto vendo as poucas fotos que tínhamos juntos. No final da tarde, após tomar umas doses whisky, resolvi ligar para o Gabe em mais um tentativa de conseguir o seu perdão, porém caiu direto na caixa postal onde eu resolvi deixar um recado

" Gabriel... Sou eu... Vinicius. Sei que você já falou pra eu te esquecer, que você iria seguir sua vida longe de mim e tudo mais... Só que eu tô muito mal vei! Eu preciso de você, eu estou apaixonado por você... Volta pra mim e eu prometo que jamais irei voltar a te magoar"

- Que viadagem é essa Vinicius? - Naquele momento, o celular caiu da minha mão. Logo, virei para trás e ali estavam Jordan e Natan... E eles haviam escutado a minha declaração. 






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