Parte 01

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Gabriel

Mais um dia estava se iniciando, a claridade do sol batia em meu rosto pela fresta da cortina enquanto aquele maldito despertador não parava de tocar. Depois de alguns segundos, me levantei e segui em direção ao banheiro. Lá, fiz minhas necessidades, tomei um banho, me arrumei para o colégio e desci para o café.

- Bom dia mãe! - Proferi sem muita empolgação e minha mãe apenas sorriu.

- Esses jovens de hoje em dia, já acordam de cara amarrada! - Ela disse cortando uma fatia de bolo, enquanto eu preparava meu achocolatado. 

Os minutos foram se passando, enquanto eu ia tomando meu chocolate e mexia no celular. Quando dei por mim já eram sete e meia, ou seja, me atrasei sem motivo algum. Corri para o banheiro, escovei os dentes e em seguida fui pro quarto. Caminhei em passos ligeiros até a gaveta da cômoda e então a abri.

- Droga, essa é a última! - murmurei desanimado e então peguei a seringa. Assim, levantei um pouco a manga da camisa e comecei a aplicar a mesma em mim, quando de repente, porta do quarto se abriu.

- Aí bela adormecida! Tá achando que está cedo? - Era a Dora, minha melhor amiga - Ei, o que tava fazendo? - ela questionou.

- Na-nada, apenas terminando de me arrumar - Respondi completamente nervoso, aquela altura a seringa já havia caído no chão com o susto, então eu a empurrei com o pé para debaixo da cama - Como entra assim sem bater, e se eu tivesse pelado? - Falei já pegando a mochila para sairmos logo dali.

- Haha, não vejo problema algum nisso - Nós rimos e então seguimos rumo ao colégio.

Falando um pouco sobre mim, me considero um adolescente nada comum e vivo em conflito comigo mesmo por diversos motivos... um deles? A minha sexualidade! Isso pra mim era algo tão complexo que nem se quer para os meus amigos eu falava da minha orientação. Cresci em um ambiente de família religiosa, onde todos os domingos eu estava na igreja... confesso que já tentei lutar várias vezes contra o que sinto, mas óbvio, era em vão. Assim, os anos foram se passando e eu fui guardando tudo aquilo só pra mim, como era até hoje... o máximo que eu tive de contato com um outro homem, foram as brincadeiras que rolava entre mim e um primo na infância. Dora eu conheci há uns anos atrás, assim que se mudou para casa do outro lado da rua já viramos amigos e hoje, estudamos no mesmo colégio. 

- Enfim chegamos, bem a tempo do primeiro horário - Dora comentou - Não vai entrar? 

- Vai indo na frente, preciso falar com o Júnior antes de entrar - Respondi. 

- Gabriel, com o Junior?! O que tu tem pra falar com aquele garoto? Você sabe bem que ele é barra pesada! 

- Relaxa Dora, ele só me pediu ajuda com umas apostilas... confia em mim! 

- Eu confio em você, o problema é ele! Vou contigo até lá. 

- Não! - Respondi apressado - É... juro que vai ser rápido, entra logo e guarda meu lugar do teu lado como sempre. 

- Certeza? 

- Absoluta Dorinha - Sorri forçado. 

Dora havia ficado com um pé atrás porém logo adentrou no colégio. Olhei para os lados e o jardim já estava ficando vazio por conta do horário, então, caminhei em direção ao Júnior e sua gangue que estavam encostados em uma árvore isolada do jardim. 

- Olha só... O garoto certinho aqui de novo - Ele disse em tom de deboche, fazendo com que os amigos rissem. 

- Cara eu preciso de mais... a minha última usei hoje pela manhã! 

Restam-me as Flores (Romance Gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora