Por muita sorte, o Edgar não estava em casa quando eu cheguei aquela noite.. Tudo que eu menos precisava naquele momento, era servir de putinha pra ele. Aquela altura, eu já não tinha mais lágrimas para derramar... O que me restava? Um coração completamente destroçado e a certeza de que a felicidade era algo que não estava escrito em meu dicionário. Sozinho, tranquei a porta, sentei em frente ao meu notebook e resolvi extravasar todo aquele turbilhão de sentimentos nas palavras
Restam-me as Flores
E no fundo eu sempre soube
Que aquele amor não era meu.
Mas em meu peito havia a esperança
De um dia a felicidade encontrar
E agora, restam-me as flores!
O sol já não brilha
O céu já não tem cor
Tudo perdeu o sentindo
Desde quê, comigo você brincou
E agora, restam-me as flores.
Tantos momentos vividos
Tantos sorrisos roubados
Parecíamos tão reais
Até que tudo desmoronou
O sonho se acabou
E agora Restam-me as flores.
...
Finalizei aquele poema com a certeza do próximo passo que eu deveria tomar, a vida por aqui já não fazia mas sentindo e... talvez, ir para um lugar onde eu serei apenas um jovem desconhecido com talentos na escrita... fosse o que eu realmente precisava. Alguns minutos depois escutei batidas na porta do quarto, logo, uma voz começou a chamar por meu nome... O Edgar havia chegado.
- Nossa Gabriel, deu pra trancar a porta do quarto agora? - Edgar disse assim que abri, logo foi entrando completamente suado do futebol.
- É o meu quarto, faço o que quiser! - Respondi friamente e então voltei para frente do computador.
- Tá louco? O que deu em você? Ah... Já sei!
Terminou com o riquinho né?
- Eu não quero falar disso agora!
- Mas eu quero! Temos que comemorar cara... Agora que você é apenas meu, te garanto que vou te dar muito mais prazer que aquele trouxa.
Naquele momento, meu primo se aproximou de mim por trás iniciando beijos em minha nuca. Em seguida, ele tirou a camiseta completamente molhada de suor e voltou a me acariciar. Aquilo tudo já estava me deixando saturado, eu já não suportava mais aquele situação.
- Eu não sou seu escravo Edgar, não tô afim e não vai rolar nada entre nós dois essa noite! - Falei em tom firme, levantando dali e caminhando em direção a minha cama.
- Opa, tá perdendo a noção do perigo? Esqueceu quem das cartas aqui priminho? - Ele sorriu ironicamente voltando a se aproximar de mim - Anda, tira a roupa! Ou prefere ficar vestido para termos uma conversa com a minha tia e nossa avó?
- Se é isso que você quer... Vá em frente! Edgar, se te alegra saber... eu terminei com o Vinicius, mas não foi por sua causa e sim por ele ser um babaca. Outra coisa... Acabou a chantagem! Por mim você conta a Deus e o mundo que eu sou gay, isso não vai mudar mesmo e você estaria tirando um peso enorme das minhas costas.
- Você tá blefando, é lógico que você morre de medo de descobrirem o seu segredo.
- Você quer dizer o nosso né? Pois quem começou com tudo isso foi você, e o fato de tu pegar várias meninas, não anula o que você também curte fazer com caras.
- Eu não sou viadinho igual a você! E também... Não é só isso, já esqueceu do que rolou no baile de Páscoa?
- Eu já te disse Edgar, vou assumir as consequências do que sou e de tudo o que fiz... mas voltar a transar com você, jamais! Bom, se ainda resta um pouco de vergonha nessa tua cara... te aconselho a ir embora junto com a vovó e me deixar em paz.
Vinicius
Eram por volta de duas da manhã, e por mais que eu bebesse não conseguia tirar o Gabriel dos meus pensamentos. Lembrar do quanto eu havia o magoado me fazia sentir como a pior pessoa do mundo. Natan e Jordan estavam dormindo completamente bêbados em minha cama, já eu, passei a noite em claro sentando no sofá do meu quarto, acompanhado de uma garrafa de caipirinha... Ali, fiquei pensando sobre tudo o que eu havia feito nos últimos tempos, não só com o Gabriel mas também com a Lorena... e eu já não suportava mais, então, resolvi que havia chegado a hora de pôr um fim em tudo aquilo.
- Pai, mãe... precisamos conversar, urgente! - Falei desesperado ao abrir a porta do quarto deles.
- Filho, o que houve?.. ainda são cinco da manhã - Meu pai proferiu ao despertar, juntamente com minha minha mãe.
- Eu não aguento mais... eu não sou um assassino! - Naquele momento, senti as lágrimas tomarem os meus olhos, porém prossegui - A Lorena voltou.
- Lorena? Aquela caipira que...
- Ela mesma pai, e veio atrás de mais dinheiro.
- Não posso acreditar, aquela desgraçada quer o quê? Arruinar nossa família?
- E isso não é o pior... aconteceu uma coisa que já está tirando o meu sono há vários dias, que me faz sentir como se eu fosse o próprio vilão da história... E quer saber, talvez eu realmente seja.
- Filho, o que aconteceu de tão grave... você tá me assustando - Minha mãe disse.
Respirei fundo e engoli seco antes de continuar.
- Ela foi até o colégio no baile de Páscoa para me cobrar o dinheiro que tinha pedido. Discutimos e então... eu... eu acabei a matando acidentalmente.
Naquele momento, foi notável a expressão de espanto dos meus pais... o que não era pra menos, porém eu não consegui conter o choro.
- Vinicius, filho... você tem certeza do que tá falando? Uma coisa assim teria caído na mídia na mesma hora.
- Eu dei um fim no corpo, junto com um amigo... pois eu sabia que se aquilo viesse a público, imediatamente iriam chegar até mim. Só que eu prefiro pai, eu prefiro ir preso do quê ficar carregando essa culpa dentro de mim pro resto da vida, já basta o que eu fiz com o... deixa.
- Escuta aqui Vinicius, ninguém vai ser preso tá me entendendo? Você mesmo disse que foi um acidente, não é? - apenas assenti com a cabeça - Vou trocar de roupa, e vamos agora mesmo no local que você deixou o corpo!
Enquanto meu pai dirigia, vinham em minha mente lembranças daquela terrível noite, era como se eu estivesse revivendo tudo aquilo. Quando chegamos no local, saímos do carro e iniciamos a caminhada por dentro daquele matagal... foi então, que a surpresa maior aconteceu.
- Não tá aqui! - Falei em choque ao ver o lugar completamente vazio.
- Vinicius, você tem certeza de que foi aqui que você e seu amigo deixaram aquele corpo?
- Claro! Eu me lembro perfeitamente de cada detalhe daquela noite, deixamos o corpo bem aqui, coberto por essas palmeiras... Só que agora não tem nem rastros.
- Isso só pode significar uma coisa... ou alguém tirou o corpo daqui... Ou... ou aquela garota nunca esteve morta Vinicius!
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Restam-me as Flores (Romance Gay)
FanfictionA vida de Gabriel muda completamente quando um dos garotos mais popular do colégio aceita fazer parte de um plano para seduzi-lo. (Romance Gay) © Todos os direitos reservados.