Parte 23

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"Vinicius, acabo de me casar com um homem milionário e... agora sim terei a vida que sempre sonhei. Esse pirralho seria um grande problema em meu relacionamento e... Com a morte da minha mãe, o certo é que Pietro fique contigo... o pai. Bom, toda a documentação está na mochila e sinta-se a vontade para realizar o exame de DNA. Adeus! "

Terminei de ler aquela carta com os olhos cheios de lágrimas. Meus pais estavam ali diante de mim a espera de uma explicação... 

- Pai... mãe - Proferi com a voz um pouco trêmula - Esse menino é meu filho! 

Após minha revelação, de imediato o meu pai me fitou com um olhar de reprovação, em seguida passou a andar de um lado a outro da sala como se estivesse pensando em algo. Já a minha mãe, começou a olhar de forma penetrante aquele pequeno garoto enquanto o mesmo comia.

- Bom, o melhor a se fazer é mandar esse garoto para um bom centro de adoção, eu conheço uns amigos que podem providenciar uma ótima família pra ele! - Meu pai disse em tom firme, em seguida já foi tirando o celular do bolso.

- Calma pai, também não é assim... estamos falando do meu filho, seu neto! - Falei também em tom firme.

- Vinicius, você não percebe que algo assim afetaria a nossa vida comercial? Temos um Império a zelar, somos o exemplo para diversas famílias da alta sociedade... Se a imprensa souber que você com essa idade já é pai de um garoto desse tamanho... vão cair matando em cima de nós e acabar descobrindo toda a história.

- Não pai, dessa vez eu não vou concordar contigo! Dar um fim no meu filho para você manter a pose de bom samaritano diante da mídia? Eu não vou fazer!

- Tá me desafiando moleque? - Meu pai esbravejou ao se aproximar de mim - Então você decide... ou entregamos o garoto pra adoção, ou você tá expulso da mansão!

- Meu amor, isso já é de mais! - Minha mãe disse na tentativa de apaziguar as coisas.

- Deixa ele mãe, vou arrumar minhas coisas!

- Nem pensar, acha que a vida é tão fácil assim? Se vai sair dessa casa, irá sair apenas com a roupa do corpo... tudo que você tem é fruto do meu esforço como bom samaritano!

- Ótimo... Aproveita e já vai pensando na desculpa que você vai dar pra mídia! 

Eu já estava saturado de tudo aquilo, o meu pai é um homem extremamente controlador, que tem como seu principal objetivo o mundo dos negócios... e para alcançar seus objetivos, é capaz de passar por cima de qualquer um. Naquele instante, dei um forte abraço em minha mãe, peguei o Pietro no colo e então saí dali. Enquanto eu caminhava, as lágrimas escorriam pelo meu rosto... será que eu havia tomado a decisão correta? O que eu iria fazer com uma criança, sem dinheiro ou se quer um lugar para morar?.. Foi então, que me surgiu uma ideia. 

- Vi- Vinicius?! - Dora disse surpresa ao abrir a porta de sua casa e me ver ali. 

- Sim Dora, sou eu - Respondi cabisbaixo - Esse aqui é... é o Pietro, não temos pra onde ir. 

- Calma, você tá me deixando confusa... entra aí e vamos conversar! - Ela proferiu e assim eu fiz. 

Já na sala, expliquei toda situação para Dora que ficou em choque com tudo. Em seguida ela conversou com sua mãe e a convenceu a me deixar ficar ali por um tempo enquanto eu procurava um emprego para me estabilizar. 

- Eu não sei como agradecer a vocês, eu nunca vou esquecer do que fez por mim Dora, mesmo eu tendo sido um babaca com o seu melhor amigo. 

- Isso é passado, e também você não tá sozinho... tem essa criança e vocês não podem ficar na rua. 

- Posso te pedir só mais uma coisa? - Dora assentiu com a cabeça - Não conta nada disso pro Gabe, nem que eu tô morando aqui e muito menos do meu filho, pode ser? 

- Claro, é um direito seu. Mas... eu posso te fazer uma pergunta agora? - De imediato respondi que sim - Você já sentiu alguma coisa pelo Gabriel? 

- Claro, pra ser sincero eu comecei a me apaixonar por ele desde o nosso primeiro beijo e com o tempo eu fui percebendo isso. Eu ainda o amo com todas as minhas forças Dora, o que vivemos foi muito intenso... Passou longe de ser uma mentira! 

... 

Gabriel 

Pela manhã, acabei despertando ao ouvir a voz do George falando ao celular. Assim que ele percebeu que eu havia acordado, finalizou a ligação e logo veio até minha direção. 

- Bom dia príncipe encantado! - Ele proferiu empolgado, logo me roubando um beijo de tirar o fôlego - Eu tava agora mesmo finalizando os últimos detalhes para turnê, seu livro estará em todas as prateleiras do Brasil já na semana que vem. 

- Oi? Como assim Brasil? - Questionei, naquele momento senti um aperto no coração. 

- Não gostou? Achei que fosse ficar feliz de começar a sua turnê por lá, reencontrar sua mãe, a sua amiga que eu tô louco pra conhecer... enfim, sua terra! 

- Não é isso, é que... não sei se tou pronto para voltar pra lá. 

- Eu fiz mal né, eu devia ter te perguntado antes... Mas podemos mudar e... 

- Relaxa meu amor, não precisa mudar nada! Você é meu empresário e sabe o que é melhor para minha carreira! 

- Olha, seja lá o que te fez mal por lá... saiba que você já deu a volta por cima Gabriel. Saiu de lá um simples estudante e na semana que vem irá voltar um escritor muito bem sucedido, já não resta mas nada daquele Gabriel que foi meu aluno. 

- Você tem razão, talvez de fato tenha chegado a hora de voltar ao Brasil!! 

Dias depois..:

Assim que o avião posou no Brasil, me veio um turbilhão de emoções, de imediato o meu coração acelerou. Como eu pretendia fazer uma surpresa para minha mãe e também para Dora, resolvi ir primeiro até a floricultura onde eu já havia trabalhado para comprar flores e também, matar a saudade daquele lugar que havia sido por um tempo, a minha segunda casa. Quando chegamos lá, pedi ao George que me aguardasse no carro e logo sai do mesmo. Eu sentia uma sensação tão boa em novamente entrar naquele lugar, o perfume das flores logo passaram a inundar o meu nariz, o que me trouxe uma grande nostalgia. Quando voltei a real, me aproximei lentamente do funcionário que de costas, regava algumas plantas. 

- Olá, será que você poderia me ajudar rapidinho? - Falei em tom suave e logo aquele menino se virou em minha direção. Aquilo só podia ser um sonho ou talvez... pesadelo, aquele funcionário que estava  diante de mim... era ninguém mais ninguém menos que Vinicius. 

Restam-me as Flores (Romance Gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora