Memórias do colegial

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Pov. Aranza

Eu sabia que não podia falar assim, mas eu sabia que se ela descobrisse que deixei com que saísse acabaria com nosso acordo e teria que deixá-lo. Pepe era a pessoa com que eu mais me importava no mundo, mas não podia deixar que as coisas saissem do meu controle. Meu pai agora deveria ser minha primeria preocupação.

Me aproximei de seu quarto e encostando minha orelha na porta confirmei o que já desconfiava. Ela não estava dormindo. Seus soluços eram baixinhos, mas audíveis. Talvez pense que esqueci, mas sei que faltam menos que duas semanas... 

Abri a porta levemente e a vi deitada na cama com os olhos fechados, o rosto vermelho e segurando entre os dedos aquela pétala. Se tornara rotina, e com essa imagem diversos momentos vieram a minha cabeça.

No primeiro ano que ele desapareceu cenas como essa se repetiam diariamente, só faltavam os gritos e a bebedeira. Se esconder em lugares que ela não me alcançava e passar as noites no quarto de Pepe.

-Mãe. - Vi que abriu os olhos um pouquinho e levou as mãos ao rosto enxugando as lágrimas

-O que você quer Aranza? 

-O Pepe acabou de sair.Não sei para onde foi, mas provavelmente está na casa de Sabina. - Se sentou na cama bruscamente, guardando a pétala em uma caixinha semelhante a de uma aliança.

-Por que não o impediu? - Caminhou rapidamnete para o banheiro e a segui

-Ele tem o dobro do tamanho e da força que eu tenho, mãe. Além disso, ele não se importa com as consequências, se puder ver a Sabina.

-Ótimo Aranza. Agora você vai vir comigo, para achar ele. Não tenho ideia de onde estaria. - Revirou os olhos passando uma água no rosto

-Mãe. Vão voltar para o México em 3 dias. Por que não deixa ele ficar com os amigos, por pelo menos esse tempo?

-Esse "amigos" são a principal razão de estarmos voltando. Não gosto de quem o seu irmão é quando está com eles. 

-Vai me dizer que prefere as companhias antigas?

-Aranza isso não está em pauta. Vamos, agora! - Saiu apressadamnete pegando sua bolsa na bancada

Pov. Sabina

-Eu não acredito nisso. - Abri um enorme sorriso desligando o telefone

-Deu certo? - Pepe segurou uma de minhas mãos enquanto gotas furiosas caiam sobre sua cabeça

-O telefone que o colégio nos deu era do filho do professor da minha mãe, ele que trabalha lá agora. No ano seguinte que nossos pais se formaram o pai dele foi internado em uma clínica aqui em LA. Ele me disse que sua saúde mental estava muito prejudicada e não conseguia mais coordenar as aulas.

-Te disse onde é essa clínica? - Pepe me olhou confuso

-Sim. Mas falou que há muito tempo ele não está assimilando os fatos corretamente. Não acha que vai conseguir se lembrara de algo de época do colégio. Mas é a nossa única chance. - Ele assentiu

-Então devemos ir. Isso tudo já passou de loucura e se tivermos alguma chance de resolver, temos que fazer isso. - Assenti

Peguei meu celular novamente e chamei um Uber. Encostei minhas costas em seu peito e continuamos parados em frente a uma lanchonete deixando as gotas de chuva molharem nossos corpos.

Se tudo desse certo hoje finalmente saberíamos como nossos pais se conheceram e com sorte o que os fez brigar.

Pov. Pepe

Pebina - My heart will go onOnde histórias criam vida. Descubra agora