Pov. Pepe
-Como você pode saber isso? - Me encarou confusa e segurei sua mão
-Há cinco anos no início de janeiro, duas semanas após o Natal, meu pai saiu de casa e nunca mais voltou. - Arregalou os olhos
-Não sei como não pensei nisso.
-Como sabemos que eram amigos, com certeza quando sua mãe soube que ele estava desaparecido, ela surtou assim. - Assentiu deixando com que uma lágrima caisse em sua bochecha
-Isso faz todo o sentido.
-Tem mais uma coisa. - Levantou o olhar - 28 dias depois do desaparecimento dele, a polícia apareceu na nossa casa de manhã. Minha mãe havia passado a noite no bar e mal conseguia dizer seu nome pela manhã. Atendi a porta encarando o policial com olheiras e logo Aranza veio correndo até a porta. Ele não se importou em passar informações da investigação para duas crianças, uma vez que eramos diretamente relacionados com o desaparecido.
-Isso não te pareceu estranho? - Assenti
-Provavelmente só queria acabar com o trabalho. Ele nos informou que a polícia não continuaria com as buscas pelo meu pai. Lembro de Aranza fazer diversas perguntas dos motivos, mas ele se recusou a nos dizer o porquê.
-Foi a época que a minha mãe surtou de novo. Agora eu me lembro. Ela repetia que precisava ir na delegacia. Repetia que eles não podiam parar. Não podiam parar. - Passei meu dedo sobre sua bochecha enxugando a outra lágrima que tinha caído
-Eu entendo como possa ter sido para você. Acredite, minha mãe não passou por nada diferente.
-Olhando agora, eu me sentir mal pelo que eu passei é tanto egoísmo comparado com tudo que você teve que lidar em casa, Chirris. - Colocou sua mão sobre minha bochecha
-Não é egoísmo. Além do mais, isso não tem que ser uma competição para ver de quem o meu pai conseguiu estragar mais a vida.
-Pepe...
-Não estou mentindo. Se teve alguém egoísta nessa história, foi ele. Eu só dormia toda a noite me recusando a dá-lo essa vitória. Elouquecer por não saber o que o fez partir. Passar cada segundo do meu dia me questionando se fiz algo errado que o fez partir. Mas sei que minha mãe fazia isso por nós três.
-Você sabe que você não teve culpa nisso, não sabe? - Puxou meu rosto me obrigando a encará-la nos olhos
-Sinceramente, eu nao me importo mais com isso. Se ter filhos foi um peso muito grande e ele precisou fugir para acabar com essa responsabilidade, eu não me sinto culpado de ter sido o motivo. Isso só mostra o quão sem caráter ele é.
-Amor, eu sei que não é isso que quer pensar do seu pai.
-Saby.
-Não. Nós já deixamos para lá muitas vezes esse assunto. Se continuar adiando, um dia isso vai acabar com você.
-O que quer que eu faça? - Desviei meu olhar de seu rosto, mas com suas mãos me obrigou a encará-la novamente
-Quero que me diga como realmente se sente por ele ter partido. De verdade. - Respirei fundo, e fiquei encarando seu rosto apenas ouvindo o barulho do mar por longos minutos
-Eu... - Mordeu o lábio continuando a me encarar - Às vezes eu penso que poderia ter discutido menos, que poderia ter brigado menos com Aranza, ter feito com que se estressasse menos. Talvez olhar um pouco mais para algo além do futebol. Ou só tê-lo deixado em paz, por passar 90% do seu dia em ligações do trabalho.
-Chirris...
-Mas tem esse outro lado meu, que viu Aranza chorando até dormir, minha mãe bebendo até não conseguir segurar mais o copo. Meus quatro avós colocando a culpa nela, por ter infernizado o marido até que ele decidiu sumir. Vê-la evitando as reuniões de pais da escola, para não ouvir as mães cochichando sobre o seu marido.
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Pebina - My heart will go on
RomanceHISTÓRIA DESCONTINUADA... (mas vale a pena ler até onde foi escrito hehe) Sabina Hidalgo tem 16 anos e mora em Los Angeles, junto com suas duas melhores amigas Joalin e Sofya. Pepe González acabou de se mudar para a cidade, e coincidentemente para a...