Consequências com juros

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Pov. Sabina

-Você acredita em destino? - Encarei seus olhos - Como se tudo que fossemos viver já fora pré determinado? - Pepe quebrou o silêncio

-Não. - Sorriu - Se acreditarmos que não importa o que fassamos o fim será o mesmo, não nos esforçaríamos para nada. 

-É assustador pensar nisso, não acha? Que talvez possa ter alguém que planejou tudo que vamos fazer, anos antes da nossa existência, e só estamos como bonecos vivendo uma vida ensaiada. - Ri

-Quando você ficou tão filósofo? - Acho que sorriu, logo se levantando e me dando a mão para fazer o mesmo

-Já está tarde. Vamos chegar perto das 9:30 se saírmos agora. Vamos voltar? - Mordi meus lábios

-Queria que pudessemos ficar aqui para sempre. Trabalhar em alguma coisa durante o dia, e todos os fins de tarde nos encontrarmos para assistir o pôr do Sol. Como soa para você?

-Quando conseguir resolver as coisas em casa, ou assim que completar 18 anos, podemos com certeza viver isso. O que vier primeiro. - Assenti e seguimos em silêncio para o carro 

Não falamos nada por longos minutos, apenas com uma trilha sonora quase inaudível, tocando no carro. A estrada de noite por alguma razão me deu motivo para acreditar que tudo ficaria bem. O céu estrelado. O balançar das árvores na encosta. Ao longe quase impossível de enxergar, o movimento das ondas, quebrando na beira da praia.

-Estava pensando. - Pepe me encarou - Sobre o que disse. Talvez eu acredite em destino. Mas é tão assustador saber que nada que eu fizer pode mudar o final de tudo isso.

-Pelo menos podemos mudar como trilhamos o caminho. Vale de alguma coisa, não? - Dei de ombros 

Sei que estava pensando o mesmo que eu. Sobre nós. Sobre como isso iria terminar. Quanto tempo aguentaríamos a distância, ou a birra dos nossos pais. Mas se fosse para ser, apenas seria.

-O que vai fazer amanhã? - Ele me encarou

-Tenho que chegar antes para o jogo. Vamos treinar quase a tarde toda. Mas se quiser posso tentar passar na sua casa pela manhã.

-Não. Você está se arriscando demais desse jeito. Vou chegar um tempo antes do jogo começar e nos encontramos lá, tudo bem? - Assentiu com um meio sorriso

Novamente silêncio. Quase podia ouvir o meu coração bater, e comecei a ficar levemente sonolenta, com os olhos pesados:

-Sabina? - Pepe falou e o encarei bocejando, vi que tinha lágrimas nos olhos - Você vai me ligar não vai? Jura que vai ligar?

A única coisa que consegui pensar, foi apoiar minha cabeça em seu ombro e deslizar meus dedos sobre sua perna:

-Vou até que se irrite e me mande parar. Sempre que acontecer alguma coisa, ou mesmo quando nada estiver ocorrendo. Quando eu sentir que preciso e que não preciso. Eu vou te ligar. - Senti que suspirou mais leve, deixando os ombros menos tensos

Era tão difícil vê-lo assim. Era tão difícil tudo. Acho que adormeci.

Apenas acho.

Pov. Alexandra

Meu rosto estava inteiro molhado, e não conseguia encarar o seu a minha frente:

-Por que não me disse antes? - Não levantei minha cabeça. Silêncio - Eu te dei todas as oportunidades do mundo, há muitos anos. E depois de tudo que aconteceu você decide me contar agora?

-Eu sinto muito. Sinto de verdade.

-Se você realmente se arrependesse, no segundo que contou para o Pepe teria vindo me procurar. Eu também merecia saber disso. Eu faço parte dessa vida também, ao contrário dele.

Pebina - My heart will go onOnde histórias criam vida. Descubra agora