Lá está ele, sentado tomando um café, como, como ele só aparece agora? Passei anos sem ver esse rosto e agora o mesmo me encara com um sorriso nos lábios.
--- filha você está bem? - a voz da minha mãe me tira do meu transe.
--- es... estou - gaguejo.
--- amiga? O que ouve? - lembro-me da chamada. Levo o celular até o rosto.
--- nada, depois a gente conversa - não tiro os meus olhos dele. Desligo o celular, sem dar tempo para a Collins responder.
--- oi filha, tudo bem? - sua voz entra na minha cabeça, fico tonta.
--- Manuela, você está bem? - minha rainha anda até mim. A mesma segura a minha mão - filha, fica calma, ele só quer conversar. Diz ele que está arrependido. - diz tudo em um cochicho.
--- ok - minha voz falha.
--- filha podemos conversar? - meu pai fala enquanto levanta da cadeira.
--- podemos - respiro fundo.
--- tem algum lugar para conversamos a sós?
--- tem - respondo ríspida.
Fomos até um cômodo.
*************
--- espera! - falo incrédula- você... você, foi embora, falando que a culpa era minha!! - grito.
Flashback on...
--- papai! Não vai! - gritei já chorando. Afinal eu tinha apenas 5 anos, não entendia o porque dele estar indo embora.
--- eu vou embora, e sabe de quem é a culpa? - o mesmo se dirige a mim. Só estávamos nós dois ali, minha mãe estava dentro de casa. Eu implorei para ela deixar eu me despedir sozinha do Mauro, no entanto preferia ter ficado quieta dentro de casa.
Meus pais brigavam muito. Minha mãe sempre tentou me poupar das brigas, colocava-me no quarto para não ouvir, no entanto o meu quarto não era aprova de som. Eu pedia para tudo isso acabar, porque eles sempre brigavam. O motivo era sempre o mesmo: meu pai chegando tarde em casa, tinha dias que ele nem se dava o trabalho de voltar. Nunca entendi porque e, sim, eu lembro dessas coisas mesmo sendo tão nova, na época.
Até que meu pai resolveu ir embora, o motivo? Bom, até então eu não sabia, passei 12 anos da minha vida sem entender o motivo e, me culpando por tudo que havia acontecido.
--- papai, por que você vai embora? De quem é a culpa?- perguntei inocente.
--- sua! - ele fala, expressando nojo.
--- minha papai? - meus olhos voltaram a se encher de água - por que minha? - bom, eu estava na fase do "por que?" então tudo que falavam eu perguntava: por que?
Toda criança tem a sua fase.--- ah! Você e esses "por ques?"! - Mauro aproxima-se de mim - você nasceu, esse é o problema! - ele jogou todo o seu nojo nessa frase. Eu comecei a chorar, mas não berrando como uma criança que acabou de cair e ralar o joelho, quem me dera se eu só tivesse caído e ralado o joelho. Eu chorei em silêncio, as lágrimas só caiam. Afinal, quem não choraria? Na verdade, que pai fala isso para uma filha? Ou até mesmo para uma criança? Como eu disse, só tinha 5 anos.
Flashback off...
--- sim, filha eu me arrependo de ter falado aquilo - ele me encara nos olhos. Sinto meus olhos esquentarem.
--- você tem noção do que fez naquele dia?! - gritei, olhando dentro dos seus olhos. Ele abre a boca para falar algo, no entanto eu continuo - você falou para uma criança, uma criança! - falei alto. Comecei a colocar toda a minha indignação para fora - você já foi um monstro por falar aquilo para uma criança, no entanto essa criança, não era uma qualquer, era a sua filha! - as lágrimas começam a cair.
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Unidos, infelizmente pelo futebol
RandomManuela Parker, uma menina de 17 anos, cursando o terceiro ano do ensino médio, essa garota não gosta nada de futebol. Já Dylan Miller, um menino de 17 anos, também cursando terceiro ano do ensino médio, ama um futebol, para ele futebol é vida, já p...