Destino

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Da imensa escuridão em que ambas se encontravam, imagens surgiram para Adora e Felina. Elas estavam juntas, mas também separadas. Uma não sabia diferenciar o que era seu e o que era de sua companheira, até que começaram a mergulhar profundamente no interior de suas intimidades.

Adora se via na Zona do Medo, mas em uma versão um pouco mais aterrorizante do que de costume. Observou sua antiga cama, onde ela e Felina dormiam juntas, e viu o travesseiro rasgado e úmido, logo abaixo dos desenhos de sua infância com um arranhão. Sentiu uma dor no peito, que representava um misto de saudade, tristeza e sensação de abandono. Logo a loira percebeu que aquelas memórias e sentimentos não eram seus, mas de sua namorada, pois ao apertar os punhos, sentiu que suas garras feriam suas mãos e ao olhar para baixo, pôde ver sua cauda arrepiada. Adora saiu do quarto e andou pelo corredor verde escuro, até que encontrou Sombria. Sua imagem aumentava e se tornava cada vez mais imponente. Apesar de sua cuidadora não ter pronunciado uma palavra, pôde ouvir mentalmente as seguintes palavras: fraca, inútil, desprezível, inferior. Não apenas Sombria aumentava, mas sua própria altura diminuía paulatinamente, como se estivesse sumindo. Sentiu-se diminuir até achar que tinha perdido todo seu valor, e nesse momento pôde ouvir a seguinte frase vinda da voz sepulcral de sua antiga mãe: "Você nunca será como a Adora!"

Adora correu em desespero no sentindo oposto, até chegar em uma sala onde estavam Entrapta, Scorpia, Kyle, Lonnie e Rogelio. Os cinco a encaravam com olhar de desprezo e raiva:

- Você é uma péssima amiga, não tem vergonha do que fez comigo? - gritava Scorpia.

- Me jogou na Ilha das Feras, quase me matou! - esbravejava Entrapta.

- Nos tratou como lixo! - exclamavam Kyle, Lonnie e Rogelio.

Adora novamente correu em direção oposta, ouvindo todos a seguirem e berrando "Volta aqui Felina, pensa que não vai pagar pelo que fez com a gente?!". O cenário em que se encontrava mudava a cada segundo, até chegar em Lua Clara, totalmente deserta, sem qualquer sinal de vida nas proximidades. Foi andando até chegar na imagem colossal, eminente e opressiva de Rainha Angela, encarando-a e ferindo-a com os olhos. A dor no peito voltou, dessa vez com uma mescla de culpa, vergonha e arrependimento. Ouviu Cintilante chama-la por trás:

- Vem cá escória da Horda, não tem coragem para me enfrentar? Não sei como a Adora um dia conseguiu te aguentar. Por sua causa perdi minha mãe! Você não passa de alguém que destrói tudo e todos, não há espaço para você conosco!

Sentiu ser jogada violentamente para trás e viu o cenário mudar novamente. Estava na floresta, no local onde enfrentou sua namorada durante o incidente com o portal. Dessa vez Adora viu a si mesma transformada em She-ra, avançando com uma expressão de fúria, até chegar a seu encontro e pegá-la pelo pescoço, quanto dizia:

- Francamente Felina, não sei como um dia gostei de você, você é má, cruel e só prejudica os outros. Não há palavras que expressem o ódio que sinto por você. Deveria ter me livrado de você logo, mas tudo bem, posso resolver isso agora, antes tarde do que nunca!

Após ouvir essa fala aterradora, sentiu as mãos apertarem seu pescoço com cada vez mais força, perdendo a capacidade de respirar, até perder totalmente a consciência.

Felina estava em uma situação diferente. O caos dominava Etheria e nada que fizesse resolveria a situação. Todos chamavam pela She-ra, mas ela não estava presente, até que percebeu que direcionavam seus gritos para si, e notou que estava na verdade no corpo de Adora. O desespero e a sensação de impotência dominavam seu interior, pois por mais que tentasse, não conseguia se transformar e sua espada quebrada era inútil naquele momento. Todos gritavam "Adora, por favor, precisamos de você!", mas nada podia ser feito, o planeta já estava sendo tomado pelo líder da Horda e boa parte de seus amigos já estavam mortos ou dominados pelo controle mental. Sua mente estava tomada por aflição e agonia, pois estava incapaz de ajudar quem quer que fosse. Ouviu a voz de Cintilante clamar:

The Tale of the Cat PrincessOnde histórias criam vida. Descubra agora