Mystacor

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Alguns meses se passaram após o casamento e Karsi já morava na Ilha dos Kedi junto com Adora e Felina. Apesar de ter seu próprio quarto, a gatinha gostava de dormir com suas mães esporadicamente quanto tinha algum pesadelo ou insônia. Durante o dia Felina viajava até Mystacor e passava boa parte da manhã e da tarde treinando magia com Castapella e sua filha permanecia no castelo com Adora, que cuidava, educava e divertia a menina boa parte do tempo. Quando não estava tentando ensinar a menina a ler, a loira a levava para passear no bosque ou nas demais áreas da ilha. A garota gostava muito de interagir com os moradores locais e de fazer novas descobertas, ela já tinha dentro de si um espírito aventureiro. Seus dias menos favoritos eram os chuvosos, pois era obrigada a permanecer em locais fechados, sem poder correr ou escalar como de costume. Nesses momentos a solução era a criatividade, visto que muitas das áreas ali, como a biblioteca, a estufa, a cozinha, o terraço, o porão e o sótão não eram apropriados para crianças. Contudo, mesmo com as melhores atividades lúdicas a menina não ficava satisfeita, para ela ficar no mesmo local por tantas horas era tedioso e sua idade transparecia a necessidade cada vez maior de gastar energia. Foi em uma manhã chuvosa que sua paciência se esgotou. Impaciente, Karsi questionava o porquê de uma de suas mães passar boa parte do dia fora de casa, querendo saber o que ocupava tanto seu tempo.

- Karsi, você não pode ir para Mystacor, lá não é lugar para criança brincar. Olha, tem tanta coisa para fazermos aqui, tenho tantas ideias novas de brincadeiras! - disse Adora enquanto trazia jogos e brinquedos típicos das crianças de Lua Minguante.

- Nhéé, nós já brincamos com tudo isso tantas vezes. Já estou enjoada, quero conhecer um lugar novo.

- Karsi, sei que você sente minha falta, mas eu preciso me concentrar para os treinamentos. - disse Felina enquanro acariciava os cabelos da gatinha. - Não se preocupe, hoje mais tarde e amanhã eu passo o tempo com você.

A garota notou que teria que utilizar a estratégia de convencimento mais eficiente para os momentos em suas mães estavam inflexíveis. Ela abaixou suas orelhinhas, juntou suas mãos diminutas na frente de seu rosto, abriu seus olhos com um semblante triste e começou a implorar para que aceitassem seu pedido.

- Por favor, por favor, só dessa vez! - pedia a menina, com voz doce.

- Não, Karsi, não, dessa vez você não vai conseguir! - reclamou a gata, irritada.

- Ah! Pobrezinha, ela quer mesmo ir para lá, uma passadinha rápida não vai fazer mal, eu tomo conta dela! - falou Adora totalmente gamada na fofura da garota.

- Adora, você está mimando demais essa menina, daqui a pouco ela não vai aceitar nenhum "não" como resposta... - antes que pudesse finalizar a frase Felina se encantou com o jeito adorável da gatinha, não resistindo aos seus encantos. - Ah, tá bom! Só dessa vez! Mas você tem que ficar comportada, não pode fazer bagunça!

- Eba! - gritou Karsi, contente.

As três foram para Mystacor e pediram a permissão de Castapella para Karsi conhecer o reino acompanhada de Adora. A principio a sacerdotisa não gostou muito da ideia, pois aquele local não era adequado para crianças, mas nem mesmo ela resistiu à técnica infalível de convencimento da gatinha, permitindo-a passear por algumas áreas, mas com restrições. Antes que Adora e Karsi iniciassem seu passeio, ambas decidiram observar a parte inicial do treinamento de Felina. Esse treinamento consistia na emissão de poderes e formas mágicas de um grande orbe rosado flutuante sobre uma base de mármore. A orientação da instrutora era que a aluna emitisse a maior quantidade de figuras e imagens possíveis a partir de especificações dadas em cada lição. Por já ter treinado durante alguns meses, a gata já estava se saindo bem em cada exercício, contudo ainda dependia de um colar fornecido por Gridan que expandia e amplificava seus poderes mágicos. Esse colar costumava ser utilizado por nobres estudiosos da magia, pois era um instrumento muito eficiente para auxiliar estudantes novatos em seu estágio inicial de estudo. Castapella, entretanto, se opunha à utilização recorrente do utensílio, pois o que antes seria um recurso de apoio poderia se tornar uma dependência eterna, impedindo o aluno de praticar a magia com total autonomia, então mesmo com a possibilidade de usá-lo durante o torneio, a sacerdotisa insistia que a gata tentasse ao máximo executar as lições sem o seu uso, pois dessa forma ela obteria a prática por si só, sem depender de muletas ou suportes.

The Tale of the Cat PrincessOnde histórias criam vida. Descubra agora