Recrutando voluntários

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Alguns meses se passaram depois da coroação e a ideia de Felina de produzir e distribuir os colares já estava sendo implementada. Até aquele momento, apenas os Magicats comuns estavam aprendendo magia, mas o plano era estender seu uso para todos, incluindo os mestiços, ainda existia e seria iniciado em breve. Optou-se por aplicar de forma gradual as etapas do planejamento para não provocar reações negativas à nobreza de Lua Minguante, pois apesar deles estarem convencidos com a demonstração dos poderes de Karsi, aceitar logo de cara uma mudança tão drástica seria inviável. Estimava-se que a magia apenas estaria acessível para toda a população depois de anos de treinamento, então aquele seria um trabalho árduo e demorado.

Felina estava tentando focar na organização dos treinamentos e no recrutamento de voluntários, mas nada tirava de sua cabeça a fala de sua filha naquela noite. Principalmente devido ao fato de Grisman ter sido absolvido pelo Conselho por falta de provas e logo depois o rapaz ter desaparecido. Gridan tentou ao máximo argumentar que o local de ataque era uma região sensível, pois afetava uma artéria que, se rompida, poderia ser fatal, mas o Conselho concluiu que, devido ao fato da análise da faca ter sido inconclusiva e não ter sido encontrado qualquer resquício de veneno na arma ou no corpo de Felina, não seria possível punir Grisman a partir de provas consistentes. O jovem desapareceu imediatamente após o julgamento e ninguém o viu desde então. Sua atitude suspeita foi o que fez Felina refletir sobre a possibilidade dele de fato estar armando algo, mas não sabia o que poderia ser. A gata perguntou incessantemente se a barreira mágica da ilha tinha algum ponto fraco, mas Gridan respondeu que não, que nenhuma arma de Etheria seria capaz de quebra-la. Ela tentou se acalmar e se concentrar no grande plano que tinha para Lua Minguante, mas nada tirava de sua cabeça que algo ruim poderia acontecer a qualquer momento.

Naquela semana seria iniciada a etapa de introduzir os mestiços para a segunda turma de iniciantes, entretanto, apesar de vários folhetos terem sido distribuídos por toda a cidade, pouquíssimos voluntários se inscreveram. Felina decidiu que seria melhor divulgar seu programa de forma mais incisiva, mas também instigante. Achou que seria uma boa ideia visitar pessoalmente os bairros mais pobres e convidar diretamente seus residentes. Gridan estranhou um pouco essa atitude, pois era incomum que membros da realeza visitassem áreas pouco abastadas, especialmente os reis e rainhas, mas percebeu que a intenção de Felina era justamente quebrar esse costume e, a partir da surpresa, atrair novos voluntários por meio do contato direto com os membros da comunidade. Essa também seria uma forma de ampliar ainda mais sua popularidade, pois passaria a imagem de que ela seria uma líder acessível a todos.

Aquele seria o dia de realizar as visitas, e foi decidido que o primeiro lugar não seria uma escolha aleatória, seria na verdade um local já conhecido antes pela rainha. Esse lugar era o Bar do Khatar. Felina foi até o Bar acompanhada de seus guardas, mas decidiu que entraria apenas com dois para não assustar demais seus frequentadores. Assim que entrou o silêncio foi instaurado e todas as atividades foram interrompidas. A rainha caminhava em direção ao balcão onde estava Khatar, o do estabelecimento, que após superar o choque inicial, indagou:

- Vossa Majestade, há algo de errado? Todos os impostos estão pagos em dia.

- Não vim por esse motivo. - antes de continuar sua fala a gata procurava pelos homens que tentaram assalta-la na noite do baile. Imediatamente encontrou Abdul e seu companheiro lagarto nos mesmos lugares do dia em que visitaram o bar pela primeira vez. Ela se posicionou em direção aos dois e questionou. - Foram vocês dois que tentaram me roubar na noite do baile, certo?

Abdul, que já estava assustado com a presença de Felina, entrou em desespero, se ajoelhou aos prantos e começou a implorar por perdão:

- Por favor Vossa Majestade, me perdoe, fui ludibriado por amigos mal intencionados, tenha misericórdia, eu apenas queria uma quantia para sair de Lua Minguante.

The Tale of the Cat PrincessOnde histórias criam vida. Descubra agora