A batalha final

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Felina ainda estava tentando compreender o que havia acabado de acontecer. A gata ainda não tinha acreditado que a barreira mágica que tanto confiava havia sido desfeita em questão de minutos. Saindo de seu estado inicial de choque, a primeira ação da rainha de Lua Minguante foi a de proteger sua filha, chamando Melog para escondê-la com seus poderes em algum lugar seguro da ilha. Depois tomou a decisão de tentar dialogar com Grisman e distraí-lo enquanto pensava em alguma estratégia para salvar os habitantes da ilha.

- Grisman, o que faz aqui? Você sabe que não é bem-vindo, eu venci o torneio, eu sou herdeira de tudo, você trapaceou de todas as formas, deveria ser banido de Lua Minguante!

- Você não é digna de ser rainha dos Magicats! - bradou o jovem exaltado. O tom em que falava era uma mistura entre o deboche, o desprezo e a irritação. - Apenas teve sorte durante as batalhas, mas durante esses anos em que governou já foi possível ver que é totalmente despreparada para nos liderar. Onde já se viu ensinar magia para os mestiços? Isso é totalmente ofensivo para o nosso povo, não sei como os nobres aceitaram essa ideia absurda! Eu, como rei, nunca faria tamanho disparate!

Enquanto o rapaz decidiu dar continuidade ao seu discurso sobre os motivos de estar realizando aquele ataque, Felina lembrou-se da enorme pedra que estava localizada na parte direita de sua varanda, apoiado sobre uma base dourada na pequena cúpula após o pequeno lance de escadas. Lembrou-se do diálogo que teve durante a lua-de-mel com Adora e percebeu que aquela seria a única chance de combater Grisman, apesar de saber que aquelas armas dos primeiros poderiam ser muito mais poderosas do que a magia da rocha. Discretamente a gata se aproximou da pedra e mudou o ponteiro da posição "proteção" para o modo "ataque", e antes que Grisman percebesse seus movimentos, a parte do céu acima do castelo mudou de cor, se transformando em uma parede magenta brilhante que se preparava para iniciar os ataques. Grisman encavava assustado e confuso o céu, pois como não conhecia a língua dos primeiros, nunca soubera da possibilidade de configurar o poder da ilha daquela forma. Na verdade, existia de fato um livro explicando os usos daquela rocha, mas não existia tradução para qualquer idioma local de Etheria, portanto, somente Adora ou algum estudioso era capaz de compreendê-lo plenamente. Quando percebeu que seria feito um ataque conta sua tropa, o rapaz imediatamente gritou:

- Idiotas, estão esperando o que? Comecem a atirar!

A equipe de Grisman obedeceu às suas ordens, mas não obteve o sucesso esperado. Muitos ali não sabiam comandar ou utilizar corretamente os equipamentos dos primeiros, pois nunca tiveram um treinamento adequado, já que nem mesmo o seu líder sabia exatamente como funcionava cada armamento. O rapaz tinha uma noção geral da função de cada tipo de apetrecho, mas não sabia como especificamente usar cada um deles, visto que o manual de instruções estava na língua dos primeiros, então o aprendizado do uso de cada instrumento foi por tentativa e erro, o que resultou no despreparo generalizado no grupo de rebeldes. Ninguém ousou perguntar para algum pesquisador o significado das normas técnicas de cada arma para evitar levantar suspeitas antes do ataque definitivo. Todo conhecimento que os combatentes tinham era de seus experimentos desregulados em cada aparato e aquela era a primeira vez que todos utilizavam o armamento ao ar livre de forma séria. Era evidente a incapacidade da maioria de controlar suas naves e muitas das tentativas de atirar foram ineficientes. Por outro lado, o ataque iniciado pela rocha da ilha se saía muito bem, pois enquanto seus inimigos se confundiam com seus próprios artifícios, a gata logo percebeu que nesse modo mágico a pedra se tornava maleável, podendo movimentá-la e virá-la de forma que ela criasse uma mira e determinasse um alvo para alvejar. Os raios, tiros e disparos mágicos vindos do céu estavam focados em Grisman, mas também afetavam seus colegas, que sem saber como se proteger, eram jogados para fora de suas embarcações pelo impacto da magia ou pela própria energia que ela emanava em sua proximidade. Os raios que caíram no mar agitaram o a água, tornando-a violenta e conturbada e derrubando também alguns dos tripulantes que embarcavam nos navios e barcos.

The Tale of the Cat PrincessOnde histórias criam vida. Descubra agora