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Eve Angel━━━━━ • ஜ • ❈ • ஜ • ━━━━━


A solidão assola qualquer coração de aço. Agora eu pudera ter certeza, nunca precisei de ninguém para ser feliz, sempre me cuidei sozinha. Mas agora, presa dentro de um fúnebre quarto, eu via a péssima condição que meu pai viveu por anos, quando também foi refém desses monstros!

Estou deitada em uma cama desconhecida, em meu corpo há um vestido fino, branco e desconhecido, olhando para janela onde ao fundo havia um jardim impecável, suspiro.

- Onde estou? - me pergunto, levantando da cama, mas o teto-preto fez-me voltar a deitar novamente. Ainda sinto a presença da fome em meu estômago, minha barriga dóia tanto que parecia que meus órgãos internos estavam travando uma batalha para ver quem ficava com as últimas migalhas.

Um barulho estranho fora do quarto chama minha atenção, encaro a porta de madeira, a maçaneta gira e a porta abre, revelando a silhueta esbelta de Ann. Sorrio calorosamente, eu não sabia que sentia tanta saudade!

- Eve! - ela exclama, vindo ao meu encontro. Eu estava tão contente com sua presença, no entanto, algo em suas mãos prendeu minha atenção, uma cesta repleta de alimentos. Salivo.

- Estou faminta. - digo, assim que vejo-a gargalhar com minha expressão desesperada.

- Eu sei, também estaria se estivesse em seu lugar. - admitiu, percebi que algo estava errado, seu sorriso não era o mesmo, ela parecia estar ... entristecida?

- O que houve? - indago sem muita emoção, minha fome ainda continuava sendo maior que minha preocupação.

Ela suspira, levantando-se da cama, sigo-a com os olhos, confusa.

- Eve ... - faz uma pausa dramática, me deixando ainda mais curiosa - Eu sinto muito. - disse com a voz embargada. Levanto da cama, minha tontura e fome foram deixadas para trás, minha preocupação agora virou o centro da situação.

- O que? O que aconteceu? - abraço seu corpo levemente, ela soluça alto, apertando meu corpo, eu sentia seu coração acelerado batendo contra seu peito.

- Você terá que ir embora, o Supremo está chegando, ele não gosta de humanos. Eu sinto muito ... - esclarece enquanto continuava chorando, fico estática.

"Terei que ir embora?" Deixo escapar um sorriso esperançoso, voltarei a ver meu pai... Mas, e Ann?

- E agora? - perguntei, soltando seu corpo do meu, engulo a seco, sem ter coragem o suficiente para encará-la.

- E-eu ... não sei. - diz, entre um soluço e outro. Merda!

- Você é a minha melhor amiga, Ann. - começo, segurando em suas mãos - Obrigado por cuidar de mim, agradeço por ter enfrentado seu marido para me proteger, você foi a melhor coisa que me aconteceu aqui, obrigado. - meus olhos começam a arder, um êmbolo na minha garganta me priva de soltar um soluço.

- Obrigado. Obrigado. - ela dizia, repetidamente, abraçando com força os meus braços, sorrio.

- Espere Ann, você não me contou para onde eu deva ir. - contesto, olhando-a nos olhos, eu sabia que não era tão simples assim.

- Huh! - balbuciou - Havia me esquecido, você terá que achar seu caminho pela floresta. - sua maneira frugal de dizer me toca, eu seria abandonada na floresta e teria que achar o caminho de volta para casa? Ann estava ficando louca?

- Você só pode está brincando comigo! - exclamo, estressada. - Eu irei morrer na primeira noite perdida naquela floresta, Ann!

- Você não irá. - ela afirmou, abraçando meu corpo, me afasto.

- Como não irei? Não sou como vocês Ann, não sou uma fera noturna. Eu vou morrer! - deduzo, passo os dedos na testa, sentindo o suor escorrer. Ann gargalha.

A loira era louca, eu tinha certeza agora. Ela se aproxima, abaixando-se um pouco, olha no fundo dos meus olhos e diz;

- Eu irei te ajudar em tudo. Será o nosso segredinho. - e por fim, solta uma risada maléfica.

É, essa mulher é louca!

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Horas mais tarde

- ANN! - grito assustada, ela ousou me largar sozinha na floresta. Especificamente, em uma gruta úmida.

- Oi? - ela apareceu, rapidamente, me fazendo saltar assustada.

- Que susto! ‐ exclamo - É aqui que irei ficar? - deduzo, olhando em volta.

- Sim, até eu achar um novo lugar. - esclareceu. Sento-me em uma pedra, um fóssil chama minha atenção, era um esqueleto do que um dia foi um servo.

- Aqui não tem animais selvagens e insetos asquerosos, certo? - perguntei, com medo da resposta.

- Obviamente, Eve! - zombou, me fazendo bufar - Não se preocupe, eu irei te proteger, apenas não saia daqui, irei trazer alimentos para você, água e algumas trouxas de roupa. Ou ao menos tentar

- Ok, obrigado ... - paro de falar, algo estava errado, ela estava me escondendo alguma coisa - Ann? Se você pode me proteger, por que você não me leva para casa?

- Eu não posso, fui proibida de sair do reino, apenas posso caminhar na floresta e em volta do Castelo. - contou. Assinto, confusa eu iria averiguar com a mesma essa situação mas fui interrompida:

Um uivo ecoa pela floresta, assustando Ann, seu rosto ficou ainda mais branco, se isso era possível.

- Eu tenho que ir, Eve em hipótese alguma saia daqui! - ordenou por último.

Observo seu corpo sumir entre o horizonte, olho para o céu, começando a ficar alaranjado, por minha sorte Ann havia deixado algumas lamparinas aqui. Detesto o escuro e o que ele poderia trazer.

"Que dê tudo certo!" peço, temerosa.

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A Humana • Em Revisão Onde histórias criam vida. Descubra agora