Capítulo 14

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-- Isso não pode estar acontecendo. – Romeu joga a caixa de amostras no chão – Eu olhei a previsão do tempo, as chances de chover eram de um por cento.

   Aquele um por cento é mesmo vagabundo afinal de contas...

-- O que vamos fazer?

-- Nós não temos o que fazer.

-- Seu carro é potente, nós podemos tentar subir o morro, esse Jeep sobe até parede.

-- Sophie isso ia acabar com o carro, estamos sem opções.

   Onde eu fui me meter? E tudo isso por causa de pontos extras.

-- Boas notícias. —Romeu diz vinda da cozinha, me animo, eu preciso voltar para casa. – Temos comida. – Não era bem o que eu esperava ouvir, mas pelo menos não vou morrer de fome. – Vou fazer um sanduíche para nos dois. – Penso em recusar, mas o ronco na minha barriga fala mais auto e eu apenas concordo com a cabeça.

-- Posso colocar meu telefone para carregar?

-- Claro, fique à vontade. – Conecto meu telefone no carregador e o ligo. De cara vejo várias mensagens de Rebeca, a maioria me perguntando se tinha feito alguma safadeza com meu professor. Ignoro sua especulação e apenas a aviso que nos tivemos problemas e eu não sei quando vou voltar para casa.

-- Gosta de peito de peru, queijo, alface, tomate, maionese? – Romeu pergunta da cozinha.

-- Gosto. Precisa de ajuda?

-- Não, já terminei. – Romeu me entrega um sanduíche e se senta na minha frente.

-- Você tinha algum compromisso hoje? – Ele parece preocupado.

-- Se ver serie e dormir contar como compromisso eu até tinha.

-- Me desculpe por isso.

-- Não sabia que você era Zeus.

-- O que? – Ele ri com maionese na cara.

-- São Pedro?

-- Não entendi Sophie.

-- Se você não é Zeus ou São Pedro então não é sua culpa, você não controla o tempo Romeu. – Eu evito ao máximo chama-lo pelo seu primeiro nome, pois sei que não é nada profissional, mas não consigo o chamar de professor quando estamos sozinhos.

-- Temos que torcer para essa chuva parar amanhã. – Não tinha pensado nessa possibilidade, e nem quero pensar, a chuva vai parar sim. – Eu vou ver se tem algum quarto aberto além do meu, mas se não tiver eu durmo no sofá e você pode ficar no meu quarto.

-- Eu durmo no sofá, não precisa se preocupar.

-- Você é visita.

-- Vou ficar desconfortável se dormir no seu quarto, estou bem aqui. – Ele concorda com a cabeça e entra em um corredor.

-- Todos os quartos estão trancados, mas o armário esta aberto e tem umas roupas velhas da minha irmã, algumas camisetas minhas, se quiser dar uma olhada e procurar alguma roupa para usar como pijama.

-- Eu recusaria, mas essa calça me machuca muito, então vou dar uma olhada depois, obrigada.

-- Vou tomar banho, mas pode ficar a vontade. – Concordo com a cabeça e Romeu entra para o seu quarto.

  Vou até o armário e vejo várias caixas. Nelas vejo escrito: "roupas velhas Romeu" e "Roupas velhas Oliva ". Vasculho as roupas da menina primeiro e não acho que essas coisas vão me servir, provavelmente vão ficar muito curtas, e não quero isso. Vou para as coisas do Romeu e acho uma camiseta que vai servir como um vestido para mim, isso vai funcionar.

   Volto para o sofá e pego meu celular, várias mensagens de Rebeca.

"Me conta tudo.

Quantos dias você vai ficar aí?

Prevejo sexo proibido outra vez"

Reviro os olhos, Rebeca deve estar louca.

"Só vou ficar até amanhã de manhã, quero ir embora o mais rápido possível.

Não vou responder essa última mensagem"

Recebo como resposta.

"Aposto 100 reais que você vai transar o fim de semana todo."

"Nem brinque com isso Beca" -- So de pensar fico com nojo. Quando eu nao sabia que ele era meu professor tudo bem... mas agora que sei, fico enjoada de pensar na possibilidade de sexo. Isso nunca mais vai acontecer

-- Sophie – Romeu diz atrás de mim e eu me assusto. – Esqueci de avisar que se quiser tomar banho, o banheiro de visitas fica na última porta a esquerda.

-- Tudo bem, obrigada. – Checo o meu cheiro e digamos que não está tão agradável, acho que preciso mesmo de um banho.

  O banheiro é tão bonito quanto o resto da casa, tem uma banheira gigante, um box lindo e uma janela com vista para a cachoeira. Confesso que meu sonho seria ligar a banheira e ficar relaxando, mas não posso fazer isso.

  Tomo meu banho, lavo minha calcinha e deixo secando em um lugar onde ele não vai ver. Amarro meu cabelo e visto a camiseta, ela fica como eu queria, confortável e normal.

  Quando chego na sala romeu ja tinha aberto o sofá e colocado cobertores para mim.

  Ele olha para mim de cima a baixo e depois desvia o olhar.

-- Se precisar de alguma coisa é só me chamar, meu quarto é o primeiro a direita, pode comer o que quiser da geladeira também. – Concordo com a cabeça – Boa noite Sophie.

-- Boa noite Romeu.

   O escuto trancar seu quarto e me sinto dez vezes mais confortável, me jogo no sofá e começo a ver "Friends" na Netflix, até meu estomago roncar de fome.

   Vou, timidamente até a geladeira e decido tomar um leite quente, pois, além de matar a minha fome, vai me ajudar a dormir.

   Faço um coque no cabelo e procuro uma panela, jogo o leite e espero alguns segundos. Quando começa a borbulhar eu desligo o fogo e me viro para pegar um copo.

   Grito de assusto ao ver a silhueta de alguém atrás de mim.

--Calma, sou só eu – Romeu diz, ele parece ter se assustado também. Fico tímida, eu estava assaltando a geladeira dele.

-- Desculpa. – Meu coração está acelerado até agora.

-- Tenho péssimas notícias. – Fico gélida.

-- Aconteceu alguma coisa? – Ele me mostra uma notícia no seu celular.

"Esse temporal que atingir ouro preto hoje pode durar até sábado de madrugada. É a maior chuva desse ano, e ele não era esperado por especialistas"

-- Então estamos mesmo presos.

-- Sim, e até domingo.

Merda!

DANGEROnde histórias criam vida. Descubra agora