Capítulo 13

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  Romeu me direciona até o porão da casa, onde tem um laboratório muito completo.

-- Pode pegar aquela caixa para mim? – Concordo com a cabeça.

Romeu pega várias caixas pequenas e coloca na mesa.

-- Precisamos das amostras com esses números. – A lista tem 50 itens, vamos ficar horas aqui. – 49 agora. – Ele pega uma amostra e a coloca no microscópio. – Tudo certo. – O número correspondente é riscado e Romeu coloca a amostra na caixa que eu peguei, ela tem várias repartições com plástico bolha, acredito que para não quebrarem.

Já estou a 10 minutos olhando cada amostra, cada número e já comecei a suar.

-- Esqueci como aqui é quente. – Romeu pega um controle e eu escuto o ar condicionado sendo ligado, obrigada Deus. – Tudo bem por aí? – Diz olhando para mim.

-- Claro. – Entrego uma amostra a ele que pela milésima vez fala:

-- Isso está errado. —La vamos nos, olhar cada amostra até achar a certa e trocar os números.

--Você não organiza isso? – Reclamo. Estou frustrada, se isso continuar assim só vamos chegar na cidade na próxima semana.

-- Claro que organizo! Eu mando tudo perfeitamente como deve ser, mas você e seus colegas universitários misturam tudo, todas as vezes. – Me sinto mal, mas não falo nada, apenas continuo olhando amostra por amostra.


  Meu telefone está sem bateria, então já nem sei a quanto tempos estamos aqui, mas com certeza já se passou mais de uma hora.

  Já achamos 34 das 50 amostras, e eu estou mito cansada. Nunca mais vou deixar meus colegas colocarem qualquer amostra em qualquer lamina.

-- Você sempre tem que fazer isso? —Romeu ri.

-- Já está cansada? – Nós estamos procurando uma amostra a décadas, obvio que estou.

-- Estou bem. –Minto.

-- Sim, eu sempre tenho que fazer isso. – Entrego uma amostra e ao olhar no microscópio ele sorri. – Achamos. – Suspiro de alivio e risco mais uma da lista.


  48... nós já achamos 48. Não consigo conter minha felicidade ao pensar que está acabando. Nunca mais quero ver uma lamina dessas na vida.

   Olho no item 49 e não vejo um número, e sim uma estrela.

-- Eu devo ter olhado todas as amostras e não vi nenhuma estrela. – Falo mais para mim mesma que para Romeu.

-- Estrela?

-- Sim, ele deve ter errado.

-- Não, eu sei do que se trata. Vou fazer uma amostra dessa depois.

-- Algum tipo de folha?

-- Não. – Romeu parece querer fugir do assunto, o que me deixa curiosa.

-- Terra? – Ele nega com a cabeça. – Água?

-- Não Sophie, não é nada desse tipo. – O que pode ser então?

-- Estou perguntando porque eu posso te ajudar a pegar. – Ele sorri.

-- Obrigada Sophie, mas eu não vou precisar da sua ajuda. – Ficamos em silencio por alguns instantes.

-- Algum alimento? – Romeu revira os olhos e olha para mim.

-- Você não vai desistir?

-- Só estou curiosa.

-- É uma amostra de esperma masculino Sophie.

--Entendi. – Não consigo conter minha vergonha, então começo a rir baixo, não acredito que perguntei se ele queria ajuda para coletar...

-- Qual é a graça?

-- Nada. – Tento disfarçar olhando para as amostras e procurando a última, mas não consigo, e começo a rir outra vez.

-- O que é tão engraçado assim?

-- Sei que vai soar infantil, mas não é estranho pensar que várias pessoas vão olhar para o seu esperma? E se tiver alguma coisa de errado com ele?

-- Se descobrirem algo errado eu vou ao médico e pronto.

-- Você não fica pensando o que os alunos vão pensar? – Ele nega com a cabeça. – Ninguém nunca falou: "Oi professor, vi seu esperma" – Romeu da risada.

--Eles não sabem que é o meu esperma.

-- Agora eu sei.

-- Mas você, entre todas as pessoas, não deveria achar estranho ver meu esperma. – Me arrepio, eu realmente não esperava por essa.

-- Encontrei. – Digo entregando a amostra com o numero marcado e torcendo para que seja a certa.

-- É essa.

-- Obrigada ao aluno organizado que colocou a amostra na lamina certa. – Digo e Romeu fecha a caixa.

-- Nossa -- Diz olhando no celular – Já é quase uma da manha. – Sabia que era tarde, mas não imaginei que seria tanto. – Preparada para voltar para a terra do ouro?

-- Preparada. – Romeu pega a caixa e quando desliga o ar condicionado murmura um:

-- Merda. – Ele corre ate o andar de cima e eu vou atrás.

-- Aconteceu alguma coisa? Merda – Murmuro ao chegar onde ele estava.

-- Estamos presos. – Diz olhando a chuva caindo forte do lado de fora.

DANGEROnde histórias criam vida. Descubra agora