Capítulo 11

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Visão da Sophie:

  Corro pelos corredores da faculdade em direção ao professor Kaio. Não acredito que ele me deu uma nota tão baixa por um trabalho que fiquei literalmente 15 dias fazendo.

-- Professor Kaio. – Grito em direção ao homem de 60 anos andando calmamente no meio dos professores.

-- Sophie. – Ele para e sorri. – Algum problema com o trabalho? – Diz apontando para o papel que estava em minhas mãos.

-- Na verdade sim. Eu não acho que você foi justo com a minha nota.

-- Sua nota foi a maior da sala Sophie – Sorrio com a informação.

-- Mesmo assim, eu me esforcei muito nesse trabalho, teria alguma maneira do senhor revisar, ou um trabalho adicional para aumentar a nota?

-- É muito bom ver que você é esforçada Sophie, entretanto...

-- Kaio, tudo certo para buscar as amostras amanhã? – Somos interrompidos pelo professor Romeu. – Atrapalho?

--Romeu eu me esqueci totalmente, amanhã é o aniversário da minha filha e eu vou ficar todo o final de semana fora

-- Você não precisa das amostras para segunda de manhã?

-- Eu preciso.

-- E eu não consigo trazer tudo sozinho, sinto muito Kaio.

-- Eu sei. – Kaio olha para mim e sorri. – Sophie, você tem algum compromisso amanhã?

-- Eu? – Olho para Romeu e para Kaio repetidas vezes, se eu falar que não ele vai me pedir para ir, e eu sou péssima em mentiras.

-- Se puder ir com Romeu eu aumento sua nota, vou considerar um trabalho de campo extra. – O que eu faço? Quero muito essa nota extra, mas considerando a última vez que Romeu e eu ficamos sozinhos não sei se seria uma boa ideia.

-- Claro, estou disponível.

-- Perfeito. Passe todos os detalhes a Sophie, tenham uma boa noite. – Professor Kaio sai nos deixando sozinhos.

-- Bom, nós vamos sair amanhã as cinco horas da tarde, vou conversar com os professores das suas últimas aulas para te liberarem. Devemos estar de volta as nove horas da noite, no máximo.

-- Tudo bem. Em que lugar vamos buscar essas amostras?

-- Na fazenda dos meus pais, fica a 40 minutos da cidade. Você só vai ter que trazer as amostras no colo.

-- Que tipo de amostras?

-- De terra, folhas, animais. Nada muito pesado, não se preocupe.

-- Tudo bem. – Um silencio se instala enquanto olhamos uma para o outro.

-- Me passa o seu número que nós decidimos um ponto de encontro.

-- Claro. – Anoto o número em seu telefone e o silencio volta. – Acho melhor eu ir, para não perder o ônibus.

-- Se quiser uma carona, é caminho da minha casa. – Me lembro da última carona que peguei e engulo em seco.

-- Não precisa se incomodar. – Ele sorri timidamente. – Até amanhã.

-- Claro, tenha uma boa noite Sophie.

-- Você também. – Me viro e vou em direção ao ponto de ônibus. Sei que amanhã vai ser estranho, porem eu tenho que ser profissional, e eu não podia abrir mão de ganhar extra só por ter um passado estranho com um professor.

  Chego em casa e Rebeca é a única na cozinha, todas as outras meninas estão estudando ou dormindo.

-- Como foi a aula hoje? – Pergunta sorridente.

-- Normal. – Jogo a mochila no sofá e respiro fundo.

-- Aconteceu alguma coisa Sol? – Beca parece preocupada.

-- Na verdade sim. – Rebeca se senta do meu lado comendo um sanduíche. – Meu professor me pediu para ir em uma fazenda com o Romeu buscar algumas amostras para uma aula e eu aceitei, mas estou com medo de ser estranho.

-- Contanto que vocês não se agarrem não vai ser estranho.

-- Eu sei. -- Rebeca percebe pela minha expressão que ainda estou bem aflita.

-- Sol, você só precisa tratar ele normalmente, como faz na faculdade. Vai ficar tudo bem. – Luan sai do quarto de Rebeca com cara de sono e sem camisa. Olho para ela que apenas sorri para mim.

-- Fez um desses para mim? – Diz apontando para o sanduíche de Rebeca.

-- Não sou sua empregada. – Luan pega o sanduíche quase inteiro da mão de Rebeca e começa a comer. – Você só pode estar brincando. – Ela se levanta e tenta pegar o sanduíche de volta, mas Luan acaba pegando Rebeca no colo e a levando para o quarto.

  Vou considerar isso como conversa encerrada.

  Tomo um banho demorado. Repito para mim mesma várias vezes "está tudo bem, ele é seu professor e vocês dois são maduros o suficiente para entender isso".

  Quando saio do banho vejo que tenho uma mensagem nova de um numero desconhecido.

"Boa noite Sophie,

Venho por meio desta te avisar que após conversar com seus professores todos autorizaram te dar presença como se estivesse em um trabalho de campo.

Nossa saída está prevista para as cinco horas no horário de Brasília, porem gostaria que chegasse no local marcado com quinze minutos de antecedência.

Segue na próxima mensagem a localização da minha casa, onde será a saída para a fazenda.

O nosso retorno está previsto para as nove horas, mas este horário pode várias dependendo se vários fatores.

Espero o seu retorno,

Abraços".

  Nossa... quanta formalidade.

  Respondo:

"Boa noite professor Romeu,

Obrigada pelas informações, estarei em sua casa as quatro e quarenta e cinco no horário de Brasília.

Até amanhã.

Abraços".

  Acho que me sai bem, pelo menos espero que sim.

  Amanhã vai ser um dia longo. 

DANGEROnde histórias criam vida. Descubra agora