Capítulo 8

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  Meu aniversário mal começou e já está sendo o pior da minha vida, eu nunca me senti tão humilhada por um cara que eu fiquei... isso foi muito baixo.

  Viro um copo de catuaba seguido por duas doses de uma pinga horrorosa e vou dançar, quero me acabar de beber e de dançar... devo estar dançando feito uma louca, pois nunca estive tão animada na vida.

  Volto no bar para pegar cerveja e Luan tira o copo da minha mão.

-- Já deu loirinha.

-- Quem é você? Meu pai?

-- Um amigo, que está vendo que você está louca e tentando te ajudar. – Pegou o copo da mão de Luan e sorrio.

-- Eu não pedi por ajuda – Viro o copo na sua frente e o vejo virar os olhos, sinto alguém me puxando pela cintura e não reconheço o cara que me puxa, mas o beijo sem pensar duas vezes, e que beijo bom.

  A festa durou por horas e meu grau de bêbada também... eu não parei de beber nem por um segundo.

-- Amiga, eu estou indo para a faculdade. – Manu diz, ela esta menos bêbada que eu, mas esta bem bêbada.

-- Vou também.

-- Melhor não – Rebeca diz atrás de mim.

-- Preciso entregar o trabalho.

-- E depois da aula tem baladinha – Todas as pessoas concordam e Rebeca acaba cedendo.

-- Tudo bem, mas só porque hoje é se aniversario.

  Foi muito engraçado ver 50 bêbados subindo no ônibus e se segurando para não cair a cada curva.

-- Nos encontramos aqui as 10 horas para ir para a balada. -- Concordo com a cabeça e vou em direção da minha sala. Parece que o álcool me faz a pessoa mais amigável da terra, pois fiz amizade com pelo menos 20 colegas meus. 

  Cada movimento que fazemos em direção a sala vira uma piada, nos estamos rindo feito loucos.

  Antes de entrar na sala Pedro se vira para nos e fala:

-- Todo mundo faz a santa agora gente, pelo amor – Me seguro para não rir e entro na sala, algumas pessoas sóbrias e Romeu já estão lá.

  Me sento na primeira cadeira e tiro meu trabalho da mochila. Quando olho para Romeu ele desvia o olhar rapidamente, mas consigo perceber que seus olhos secavam meus peitos. Que tarado.

  "Ele já chupou seu peito Sol" penso... e nesse momento minha cabeça viaja para aquele dia.... o dia do erro... e agora não me parece mais tão errado... as mãos dele em mim, eu subindo e descendo no seu...

-- O trabalho Sophie – Diz estendendo a mão para mim.

-- Claro – Entrego e minha cabeça começa a girar, preciso de água.

-- Está tudo bem? – Ele diz baixo, apenas para que eu escute.

  Antes que eu consigo falar alguma coisa, o garoto que estava sentado do meu lado corre até a lixeira e vomita, o barulho me do enjoo... mas eu não posso vomitar.

-- Que porra... – Parece que nesse momento Romeu percebe a situação, ele olha para cada um de nós e respira fundo. – Vocês estão dispensados. – Todos saem rapidamente da sala, menos eu e o menino que esta deitado no chão com a lixeira na cabeça.

-- Sophie, você precisa ir antes que a reitora chegue. – Tento me levantar, e tenho que me apoiar nele para não cair.

--  Você só pode estar brincando. – Ele passa meu braço pelo seu pescoço e pega minha mochila – Se alguém ver a gente você começa a mancar e eu vou falar que estou te levando para o medico, escutou? – Concordo com a cabeça e nos começamos a andar pelos corredores da faculdade, Romeu abre a porta de um escritório e me deita em algum lugar. – Não saia daqui, entendeu? – Me entrega uma garrafinha com água e sai do lugar.

  Minha cabeça gira, mas a cada gole de água me sinto melhor, por que caralhos eu bebi tanto? Definitivamente o pior aniversario da minha vida.

-- Como ta se sentindo? – Nem havia percebia que ele já tinha voltado.

-- Fisicamente ou psicologicamente?

-- Os dois – Romeu tranca a porta, liga o ar condicionado e se senta ao meu lado.

-- Fisicamente: melhorando. Psicologicamente: humilhada. – Olho ao redor e vejo um porta retrato de família, um Romeu bem criança abracando seus pais. – Esse é o seu escritório? – Ele concorda com a cabeça, eu não esperava por isso, é um estilo bem clássico, parece uma biblioteca antiga -- Por que me trouxe aqui?

-- Se você tivesse ficado com o garoto desmaiado, seria expulsa também. – Engasgo na água que estou tomando.

-- Ele vai ser expulso?

-- Claro, violou uma regra da faculdade.

-- Obrigada então, você salvou a minha vida. – Bebo o ultimo gole de água e me ajeito no sofá, que é extremamente confortável.

-- Considere meu presente de aniversário.

-- Você se lembrou? – Sorrio e ele parece tímido.

-- Na verdade, meu primo me chamou para ir na sua festa hoje... por isso eu sei. – Sinto vergonha e alivio, seria estranho se ele guardasse a data do meu aniversário. – Qual o horário do seu ônibus?

-- Não vou pegar o ônibus hoje, mas tenho que me encontrar com meus amigos as 22:00 ... tem o after da festa. – Romeu faz um não com a cabeça e se joga mais no sofá. – Deveria ir.

-- Não estou afim de te ver entrando em coma alcoólico, mas depois você me conta como é. – Jogo uma almofada no seu rosto e automaticamente me arrependo... ele é seu professor, não um amigo íntimo. – Você sempre bebe muito?

-- Primeira vez que bebo dessa maneira.

-- Bem-vinda a Ouro Preto.

-- Tive meus motivos hoje... e eu não comi nada o dia todo. – Romeu pega sua mochila e me entrega uma maça. – Não precisa...

-- Você sabe que precisa. – Ele está certo, e eu não estou na posição de recusar. – Qual o motivo de tanta bebedeira?

-- O de sempre, homens. – Reviro os olhos e continuo comendo minha maça. – Eu estou cansada de só ficar com as pessoas erradas. Só esse mês já fiquei com um cara que faz apostas de quem pega mais meninas com os amigos, um que começou a namorar 1 dias depois, um professor... – Ele desvia o olhar de mim. – não sei o que há de errado comigo. – Termino minha maça e já me sinto quase sóbria. Me levanto de uma vez para testar como estou e acabo ficando tonta outra vez... meus pés se embaralham e eu acabo caindo em cima de Romeu. – Desculpa... eu não quis...

-- Eu sei. – Nossos olhos se cruzam, o que está acontecendo? Ele passa um fio de cabelo que estava no meu rosto atrás da minha orelha... sinto suas mãos subirem da minha nuca para o meu rabo de cavalo.

  Engulo em seco, o que ele está fazendo? 

  Romeu junta seus lábios aos meus e mesmo tentando recuar não consigo. Sinto seu gosto outra vez... como ele beija bem, eu quero o beijo dele em outra parte agora.

  Escuto batidas na porta e me levanto.

-- Professor Romeu, tem um segundo?

-- Estou em reunião, não posso no momento.

-- Volto amanha então – Pego minha mochila e vou em direção a porta.

-- Sol... – Ele me puxa pelo braço.

-- Não... Sophie! – Digo apontando para mim mesma.—Professor Romeu. – Digo apontando para ele, me sinto mais sóbria que nunca, porem minhas pernas ainda estão tremendo de tesão.

-- Eu sei... merda.

-- É melhor eu ir antes que um que nós comece alguma coisa que vamos nos arrepender.

-- Tudo bem.—Destranco a porta e saio rapidamente, sem olhar para trás, sem falar tchau.

  Eu devo estar ficando louca. Se ninguém tivesse batido na porta eu, neste momento, estaria em baixo dele. Vou ate o banheiro e passo água gelada na minha nuca.

-- O que você ta fazendo? – Digo e aguardo uma resposta do meu reflexo.

   Espero ao menos sobreviver a esse dia sem fazer outra merda.

DANGEROnde histórias criam vida. Descubra agora