Capítulo 2

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-- Essa é a última mala filha? – Meu pai diz ao ver o porta malas do carro lotado de coisas.

-- Sim. – Ainda não acredito que estou indo embora de casa... eu não vou acordar com o bom dia da minha mãe, com os pulinhos de alegria da minha cachorrinha, com o café do meu pai. A minha vida vai mudar completamente.

Começo a duvidar de mim, talvez o Felipe estivesse certo e eu devesse ficar aqui.

-- Acabei de transferir o dinheiro para a sua republica meu amor. – Minha mãe diz toda sorridente, orgulhosa. Não dá tempo de voltar atrás agora. – Você quase esqueceu isso.  – Ela me entrega um álbum de fotos que minhas amigas me deram ontem em uma festinha de despedida.

-- Muito obrigada mãe, não sei o que vou fazer sem você. – Eu realmente não sei, e isso me desespera muito.

-- Você vai sobrevive meu amor, e qualquer coisa é só ligar para mim.

-- Tudo bem.

-- Hora de ir. – Meu pai diz já dentro do carro. Como esse mês passou tão rápido? Eu não tive tempo o suficiente para me preparar para essa despedida.

Abraço minha cachorrinha pela última vez e entro no carro, meu pais esperam a minha aprovação para sair da garagem e eu, com lagrimas nos olhos, concordo com a cabeça. Minha vida vai mudar, eu só não sei se vai ser para melhor ou pior.

O carro sai da garagem e eu falo tchau para minha casa, nem sei quando vou voltar já que minha cidade é longe de Ouro Preto e a passagem é muito cara.

Passamos por toda a cidade, e eu consegui falar tchau para tudo, sei que não é um adeus, mas eu nunca sai daqui, na vida, não sei como vou sobreviver.

O último lugar é a pracinha que eu vinha quando ainda não era namorada do Felipe, a gente se beijava escondidos depois íamos tomar sorvete.

O sinaleiro fecha e eu olho para o banco que nos sempre sentávamos, ele não esta vazio, tem um menino que parece muito Felipe beijando uma menina loira assim como eu. Nesse momento não sei se tomei a decisão certa, eu deveria ter lutado por Felipe, sinto falta dele. 

A menina olha na direção que eu estou, eu conheço ela, é a ex namorada do Felipe, se não me engano se chama Carla. Ela aponta para alguma coisa e quando o menino se vira para olhar meu coração para e eu não consigo conter minhas lagrimas. Os olhos azuis de Felipe olham para algo na sorveteria e depois se cruzam com os meus. Me encara por alguns segundos depois se vira com indiferença. Como ele seguiu em frente tao rápido?

O sinal fica verde e meu pai acelera, deixando a cidade para trás.

Até logo...

Choro até que acabo adormecendo.


-- Meu amor. – Acordo com as palavras da minha mãe. – Nós chegamos em uma padaria, vamos comer antes de ir para sua casa, você vem?

-- Claro – Saio do carro e sinto uma brisa fria maravilhosa, olho ao redor e vejo uma das vistas mais lindas que já vi, a cidade é linda, a praça Tiradentes é perfeita, daqui consigo ver os morros que rodeiam toda a cidade.

Entro na padaria que tem o melhor cheiro de pão de queijo que já senti na vida.

-- O que vai querer linda? – Um garoto moreno, alto e com um sorriso lindo me pergunta.

-- Um pão de queijo e um cappuccino, por favor.

-- É pra já. – Ele mostra o sorriso lindo de novo e meu estomago se revira, sinto como se eu estivesse traindo o Felipe, apesar de saber que ele já está totalmente em outra.

-- Ele é lindo Sol. – Minha mãe diz com um sorriso todo empolgado no rosto.

-- O garoto só estava sendo simpático.

-- Aqui está – Ele me entrega um pão de queijo em um pratinho lindo, e no cappuccino está desenhado um coração, acabo ficando toda vermelha. – Eu nunca te vi por aqui.

-- Estou me mudando hoje.

-- Qual curso?

-- Farmácia.

-- Meus parabéns, eu faço direito... meu nome é Luan.

-- Sophie, mas pode me chamar de Sol.

-- Posso pegar seu numero sol? – Fico chocada, como isso esta acontecendo? Nunca na vida eu fui a garota que chama atenção, que os meninos querem o telefone, eu sou a excluída e feia do grupo – Para se precisar de ajuda nos primeiros dias.

-- Claro! – Ele me entrega o seu telefone e eu salvo meu numero.

-- Eu te mando uma mensagem quando sair do trabalho, foi um prazer te conhecer.

-- O prazer foi meu. – Ainda estou processando o que aconteceu, o que esse cara viu em mim?

-- Podemos ir filha? – Minha mãe diz com o maior sorriso no rosto, desde o meu termino ela tenta me arrastar para todos os garotos que falam ''oi'' comigo.

-- Podemos.

Vamos para minha nova casa e quando chegamos na porta Rebeca já está lá para nos recepcionar.

-- Oi amiga – Ela corre e me abraça. Nos duas não éramos amigas quando ela morava na minha cidade, nos realmente começamos a conversar quando eu perguntei sobre a faculdade e a mudança de cidade.

-- É tão bom te ver. Como foi a viagem? – Ela pergunta aos meu pais.

-- Cansativa, mas ocorreu tudo bem.

-- Vocês vão dormir aqui essa noite?

-- Não, vamos descer as coisas da Sol e ir embora, tenho que trabalhar amanha cedo. – Meu coração se aperta, esta chegando a hora que eu tanto temia, a despedida.

-- Vou mostrar o seu quarto.

Meus pais colocam todas as coisas no meu quarto e eu sei que a hora chegou.

Minha mãe olha para mim e eu já estou com lagrimas nos olhos.

-- Se cuida ta meu amor? — Concordo com a cabeça e a abraço, minhas lagrimas caem desesperadamente e eu começo a soluçar.— Daqui a pouco você já vai estar em casa, você não vai nem perceber.

Meu pai olhar para mim sorrindo e abre os braços, eu me aconchego no seu abraço e ele faz carinho nos meus cabelos.

-- Você me da mais orgulho a cada dia meu amor, vou sentir saudades.

-- Eu também vou pai.

Levo os dois ate onde o carro está e dou meu ultimo abraço neles, como vou viver aqui sem meus pais? Eles são a minha vida.

O motor do carro liga e meu coração se parte em mil pedaços. Minha mãe me manda um beijo e eu fico olhando o carro até ele desaparecer entre as ruas

DANGEROnde histórias criam vida. Descubra agora